BOCA CALADA, CALADA! POR LUIZ SAUL

É verdade sim que, se os assaltos à Petrobrás começaram na gestão de FHC, a este caberia estancar o crime.

Uma vez aceita a conclusão, resta discutir a continuidade delituosa que se deu nos anos seguintes, inclusive e principalmente na gestão da dilma como presidente do Conselho de Administração da petroleira, quando ocorreu a compra da Refinaria de Pasadena. Vai daí que o discurso da presidente, muito longe de parecer uma reprimenda ao Fernando Henrique, revela uma confissão de prevaricação, de irresponsabilidade e de desgoverno dela, e, por igual, do Lula, que também ficou longos 8 anos no Poder.

E, não há como discutir a divisão de culpas no caso. Falhou o Fernando Henrique na medida em que os controles do seu governo deixaram passar a instalação dos crimes, e, de forma inteiramente independente falharam de forma ainda mais profunda os governos seguintes por não investigarem, no mínimo, os sinais exteriores de riqueza injustificada dos seus agentes. Não parece razoável ninguém haver percebido a “transferência de propriedade” da Petrobrás, para as empreiteiras e para os diretores criminosos ao longo de 12 anos. 

Até pouco tempo eu achava que os problemas da dilma estavam na cabeça de uma pessoa de inteligência abaixo da média, mas, hoje tenho mais certeza que as suas dificuldades estão no descontrole da boca, porque cada vez que fala rola uma bobagem, uma interpretação equivocada, um constrangimento. 

Agora mesmo que decidiu retomar as viagens internas para tentar recuperar o prestígio, o seu estafe deve estar em polvorosa uma vez que nunca se sabe a consequência dos seus “improvisos”. Dizem que vai iniciar um périplo pelo Nordeste. Eu imagino o que vai acontecer quando chegar no Maranhão, aonde é tida como ingrata pelo Sarney, e, no Ceará, onde é vista como mentirosa, em ambos os casos por haver interrompido em definitivo a implantação das refinarias da Petrobrás. Certamente encontrará vozes de arrependimento em Pernambuco, ante a nova realidade de desemprego decorrente do desarranjo da Abreu e Lima, assim como das suas fornecedoras.

Como os seus problemas estão mesmo na boca, talvez devessem amordaçá-la nessas viagens, transformando-a em apenas uma turista contemplativa. Seria mais seguro.