Lá em Jacarta, o governo indonésio, convocou o embaixador brasileiro para reunião de esclarecimento da motivação da dilma de se recusar a receber as credenciais do seu embaixador aqui no Brasil. Ambos os eventos plenos de retaliação de parte a parte são de singular gravidade a ponto de fazer emergir a discussão das relações entre os dois países.
O cerne da desavença reside, é claro, nos episódios das condenações de brasileiros à morte por fuzilamento, um dos quais já aconteceu.
É claro que a pena de morte constitui uma obsolescência humana em que se destaca a extrema crueldade. É claro também que cabe às famílias dos condenados toda a solidariedade pelas suas perdas em circunstância tão atormentada, especialmente porque aqueles filhos foram certamente encaminhados para o bem, para a atividade produtiva destinada à construção de uma vida regular. Assim, parece justo que o governo brasileiro intervenha para a redução ou conversão das penas a um grau de civilidade.
A questão que transcende reside na estremada rigidez da avaliação que faz a Indonésia sobre o tráfico e o traficante de drogas. Abstraída a discussão sobre o excesso de rigor ali observado, o fato é que aquele país elegeu suas normas com toda a truculência para uma visão de combate ao mal e de defesa das famílias dos seus nacionais. No caso, os brasileiros foram flagrados com quantidades de cocaína em condições de classifica-los como traficantes sujeitos às penas da lei do lugar.
Esse, o quadro que deve merecer a intervenção diplomática, e não a camisa de sete varas que a dilma constrói com tanta facilidade.
Considerando, porém, a exigência natural do respeito à soberania de cada país, não caberia, a meu ver, transformar a solidariedade em uma questão de Estado. Não caberia pretender nivelar o tratamento de lá com o de cá, onde os contrabandistas não são avaliados com igual rigor.
Se é para desrespeitar a soberania de um país, o Brasil deveria começar pelo protesto à prisão com resquícios de violência do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, aqui na vizinha Venezuela, na ofensiva engendrada pelo Maduro para perseguir os seus opositores, da mesma forma como fazia o Chavez. Mas, como são todos amigos, está todo o mundo com cara de paisagem, evitando um incidente diplomático que, no caso da Indonésia, não houve a mesma prudência.
Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
É sempre muito prazeroso as escritas do Luiz Saul.
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