Não fosse a fama de milongueiro que normalmente deixa uma interrogação sobre o comportamento de alguns portenhos, o Brasil deveria receber com alvissaras a eleição do hermano Maurício Macri para a presidência da Argentina. El hombre parece cavalgar um cavalo branco prometendo coisas não imaginadas pela Cristina Kirchner, amiga da dilma.
Primeiro, vem agendando a dinamização das relações diplomáticas e comerciais com os daqui, valendo isso dizer destravar a bilateralidade de negócios de importação e exportação, em benefício especialmente das indústrias calçadista, agrícola e automotiva, dentre outras, que alimentaram por muito tempo as melhores e recíprocas transações.
Depois – e isso parece até mais importante –, vem anunciando oferecer a unanimidade exigida (e até aqui negada pela antecessora) para que o Mercosul saia do coma e busque parcerias com o Tratado do Pacífico, com a Europa, com o recém formado Tratado do Atlântico e até com os marcianos para esta parte quase falida da América volte a se compor nas relações comerciais do mundo.
Aliás, ainda sobre o Mercosul, afirma um olhar severo para a Venezuela, se aquele país continuar desrespeitando os direitos fundamentais como tem sido noticiado, especialmente nas eleições anunciadas para o próximo mês. Como se sabe, o seu ingresso no Mercosul decorreu de golpe patrocinado pela Cristina com o apoio do Brasil contra o Paraguai que na ocasião enfrentava dificuldades internas com a substituição constitucional e legal do seu presidente Bispo Lugo.
Na época, como a turma daqui debaixo se encontrava enamorada pelo ditador bolivariano Hugo Chavez – menos o Paraguai – deu-se um jeito maroto de suspender este país para então conseguir a unanimidade de votos para o ingresso venezuelano no Tratado. O golpe baixo pode haver saído pela culatra, mas os daqui continuam o firme namoro com o motorista do Chavez, apesar, inclusive, do calote que deu na Abreu & Lima, para quem se lembra. E agora, o Maurício Macri ameaça deslindar a situação.
Acontece que nem tudo é tão simples. Pode ser que o novo presidente venha ao Brasil com um pé atrás. Isso porque, no auge da imprevidência, a dilma apoiou o outro, o adversário apadrinhado pela Cristina, que foi recebido, a convite, em Palácio durante a campanha, posando de pré eleito. E o Macri não foi convidado. Também, na condição de “estadista” e presidente virtual do Brasil, o Barba vestiu-se de Garoto da Quilmes, a cerveja nacional de lá, e também foi fazer campanha para o adversário do Macri.
Do lado de cá, pode ser, também, que floresça alguma animosidade, além da frustração da derrota do candidato da amiga Cristina, senão vejamos.
O Macri foi presidente do Boca Junior; o Maradona jogou no Boca Junior; o Tevez joga no Boca Junior. Na Copa do Mundo de 1990, Maradona ofereceu água batizada ao time brasileiro, e alguns jogadores, como o Branco, passaram o resto do jogo no maior barato, mas sem ver a cor da bola. Já o Tevez cuspiu no galão d’água que seria oferecido aos brasileiros. Em qualquer dos casos não se trata de falta de esportividade, mas apenas de caráter. Também não parecem suficiente para sensibilizar as relações diplomáticas.
Mas, a questão da confiança ou da falta de estará sempre no ar para apimentar a disputa permanente.
Por: Luiz Saul Pereira
Jornalista
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