sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A MADAME NÃO CONFESSOU "SUA CULPA, SUA MÁXIMA CULPA..." - POR LUIZ SAUL


Por desconhecer a extensão dos problemas que lhe cercam, a dilma segue na sua saga de simplificar as coisas ou de abstrair a crise que provocou, como bem demonstra o seu artigo publicado na Folha de São Paulo, em substituição ao tradicional pronunciamento presidencial de fim de ano. Medo de panelaço?

Para não fugir dos deslizes verborrágicos tradicionais, a madama, não podendo ignorar a dureza do transcorrer do ano que passou, creditou-a ao que chamou de conduta imatura de setores da oposição, como se os acontecimentos nefastos e a apuração dos escândalos nacionais provocados em parte pelo seu partido não constituíssem um dos principais fatores da fragilização nacional, e como se pretendesse uma oposição passiva ante as erronias. 

Como de praxe, aludiu à coincidência de fatos “fatores internacionais que reduziram nossa atividade produtiva: queda vertiginosa do valor de nossos principais produtos de exportação, desaceleração de economias estratégicas para o Brasil e a adaptação a um novo patamar cambial, com suas evidentes pressões inflacionárias”. 

Em parte, até que faria sentido a desculpa, acaso a realidade não desfraldasse a ausência de gerenciamento dela – que se apresentou e foi apresentada como uma gerente extraordinária –, mas também de todos os seus antecessores que sempre aceitaram a condição de fornecedores de commodities, sem jamais se movimentarem para a produção de bens com valores agregados a partir de tanta matéria prima aqui existente. 

Filosofando sobre economia (uma ciência que não domina), elegeu a tese de que a principal característica das crises econômicas do Brasil, desde os anos 1950, é uma combinação entre crise externa e crise fiscal. Faltou confessar a sua culpa, sua máxima culpa de que a crise fiscal daqui foi provocada não pela crise externa, mas por motivos internos de desgoverno, de corrupção e principalmente pela inexistência de agenda e de programas adequadamente elaborados com base na realidade das condições do país.

Tangencia sobre as reservas internacionais, de US$368 bilhões, mas, pelo menos no discurso, não se coloca em sua defesa contra a investida do PT no sentido de gastá-las com o seu ideário dissipador. Da mesma forma, anuncia uma reforma previdenciária e trabalhista, e até tributária, quando sabemos que a sua turma não permitirá que aconteça.

Quando fala de retomada de investimentos para a modernização do parque industrial brasileiro, confirma ser fundamental continuar investindo em educação, formação tecnológica e científica, parece esquecer que no orçamento da chamada Pátria Educadora, determinou um corte de R$10 bilhões, em 2016.

Como papel aceita tudo, a madama ainda se referiu à reforma administrativa que iniciou. Como assim? Os ministérios “extintos” continuam funcionando, e os cargos comissionados “extintos” continuam ocupados.

E, nessa linha de desvario enganador, afirma que, para 2016, firmamos o compromisso de produzir um superávit primário de 0,5% do PIB. “Fizemos e faremos” esse esforço sem transferir a conta para os que mais precisam. É de se esperar novas pajelanças contábeis para alcançar certas metas, como aconteceu recentemente na cobertura das pedaladas fiscais. Parece que está sendo instituído o mecanismo contábil de “gastos por conta de exercício futuro”. Assim é fácil, até porque o TCU, de acessório, foi reduzido a decoração.
A madama anda muito sonhática, como diz a Marina Silva.
Mas, tem quem acredite e até defenda.


Por: Luiz Saul Pereira 
        Brasília - DF

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