segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

CHEGOU A VEZ DO "GALEGO" A CASA CIVIL NA AGENDA... POR LUIZ SAUL

 

Em muitos outros lugares, quando um agente público é apontado em suspeita de envolvimento em irregularidades é afastado ou, pelo menos, colocado em geladeira, até o fim das apurações. Aliás, isso até já aconteceu aqui, quando o então Ministro Henrique Hargreaves, da Casa Civil, foi afastado pelo Itamar Franco, e reconduzido após a confirmação da inocência. 


Agora, o Ministro Jaques Wagner, coincidentemente da Casa Civil, parece haver sido flagrado em suspeitosos dados telefônicos com o ex-presidente de empreiteira, recuperados pela Polícia Federal, e igualmente acusado pelo delator premiado Cerveró de haver recebido propina no andamento de obra estatal em Salvador. 

Contrariamente ao bom senso adotado pelo Itamar Franco, a ordem do Palácio do Planalto nos dias de hoje é a de blindar por todos os meios o “galego”, codinome dado pelo submundo das empreiteiras ao Ministro Jaques Wagner. 

A construção dessa couraça para revestir o ministro até que poderia fazer algum sentido. Afinal, ele vinha sendo até aqui a voz ouvida do gabinete presidencial, tendo inclusive alguns aspectos de credibilidade na avaliação que fez do seu partido como um ente que quando comeu mel se lambuzou. No mais, ao contrário do antecessor Mercadante, conseguiu por algum tempo até manter um clima de relativa tranquilidade nas bandas da Casa Civil, o que traduziu um enorme alento para a agonizante mandatária.

Nesta altura, a oposição encontra-se afinando os instrumentos para continuar orquestrando a pressão sobre a madama, inclusive com a possível convocação do galego para a constrangedora “entrevista” na CPI dos Fundos de Pensão, controlada pela oposição, quando certamente buscará habeas corpus para ficar em silêncio, como tem sido o hábito dos convocados.

Não se sabe se serve como consolo, mas o fato é que a maioria dos antecessores do galego estiveram na mira de investigações ou, pelo menos, de boatos sobre incorreções de comportamento.

Acontece que, além da CPI dos Fundos, presidida por Efraim Filho, do DEM-PB – um partido que anda com a faca nos dentes e sangue nos olhos para a recuperação do antigo protagonismo -, o Ministro em questão poderá ter ainda no seu encalço o Procurador Geral da República, acaso decida o Janot de apurar as notícias que o PT, no seu encolhimento nervoso, chama de vazamento seletivo. Sobre isso, aliás, é interessante notar como o Ministro Cardozo, da Justiça, se toma de indignação quando os vazamentos atingem os aliados do Planalto, mas não o faz quando se refere aos adversários, como é o caso do quase morto Eduardo Cunha. 

Mas, voltando ao assunto, a madama comandanta presidente bivovó parece haver esgotado os recursos para sair do seu longo período aziago, especialmente porque o seu staff tem uma enorme capacidade de produzir confusão, mantendo-a sempre em estado de alerta vermelho, e sem munição e/ou estratégia para autorizar um DEFCON. 

O ritmo com que a base do gabinete presidencial vem sendo minada de forma tão sistemática pode se revelar um perigo tão grande quanto a ação dos opositores, na medida em que vai secando a confiança em auxiliares mais próximos que podem engrossar a relação dos investigados a qualquer momento, valendo isso dizer que não pode sequer 
conspirar.

Fora daquele gabinete, têm líderes do estilo do deputado Sibá Machado, o qual, com a capacidade de avaliação de cenário falida e a inteligência esgotada, ataca o Juiz Moro afirmando que o magistrado pretende destruir a Petrobrás, o Programa Nuclear e o Programa Espacial. Programa Espacial? Mon Dieu!

Apesar disso, a madama mantém a resistência e um tipo de tenacidade em causa própria, e na defesa de quem não deveria ser defendido, como parece ser o caso do seu ministro de agora. Talvez os vestígios de sua residual inteligência não a alertem para o mal que está causando ao país.


 Por: Luiz Saul Pereira
         Brasília - DF

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