quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

UM NAMORO OCASIONAL DE OPORTUNISTAS SOLITÁRIOS - POR LUIZ SAUL


Ao que parece, apesar da carta do desgosto, o “namoro” entre a dilma e o Temer está para ser retomado, se não pela nobreza dos sentimentos, mas principalmente pelas contingências e urgências da Ação de Impugnação de Mandato Eletivo, pugnada pelo PSDB, junto ao Tribunal Superior Eleitoral, que põe em xeque o mandato atual, ainda que em andamento. 

Ocorre que, como a ação não se restringe ao julgamento dos desmandos da madama comandanta e ao conceito que proferiu afirmando que “nós podemos fazer o diabo quando é hora de eleição”, implica a ordinária inclusão do vice nesse conceito, e que ambos estão no mesmo barco e obrigados a falar o mesmo idioma nesse banco de réus.

Professando esse conceito, a campanha da chapa vencedora teria sido, segundo as investigações, eivada de irregularidades, inclusive com o patrocínio financeiro com verbas espúrias oriundas do assalto à Petrobrás, como restaria demonstrado no levantamento das mensagens trocadas entre o então tesoureiro da campanha Edinho Silva e o ex-presidente da construtora OAS, Léo Pinheiro.

O prazo para a manifestação da defesa dos eleitos encerra-se em fevereiro próximo, sendo que, até aqui, os advogados idealizam a elaboração de estratégia de defesa conjunta de ambos os representados em relação à acusação de abuso do poder político e econômico na campanha da dupla de 2014.

No entanto, esse reatamento no aspecto jurídico que vem sendo anunciado pode também ter prazo de validade curto. Isso porque, na hipótese de o TSE inclinar-se pela cassação de ambos os protagonistas, os advogados do Temer tenderão a defender a desvinculação das contas da campanha, e, com isso, arguir a inocência do Vice para a abertura do seu caminho ao trono. Por isso e por enquanto as coisas seguem em banho-maria e em paz aparente.

Enquanto isso, lá fora do Tribunal, a turma do PSDB (leia-se Aécio Neves, em sua decrepitude política) segue requentando o assunto junto à mídia para manter-se no holofote. Também sonhática (não sei o que significa) Marina Silva, suposta ambientalista que passou ao largo da tragédia de Mariana, discorre sobre a sua “transversalidade com a inserção da variável ambiental” (também não sei), em uma verborragia à altura de sua esquelética figura cada vez mais desbotada.

Mas, fica claro que, no final das contas, a carta do Temer para a dilma permanece válida e mantendo os mesmos ares brejeiros. O reatamento constituiria apenas um namoro ocasional de oportunistas solitários como acontece no ermo social das grandes cidades.


 Por: Luiz Saul Pereira

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