terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

MUITOS FICARÃO CORADOS... HAJA PUDOR! - POR LUIZ SAUL




No útero da delinquência todos os embriões da malvadez podem progredir e gerar uma nova espécie de vetor de medo contaminante entre os quais e mais insidioso figura a chantagem. 

Foi assim e com um tipo de discurso que o patriarca da empresa Odebrecht anunciou, segundo as informações da ocasião, que, acaso fosse preso o seu primogênito Marcelo, haveria que ser construída outras celas para outras figuras tidas como proeminentes da República, dentre as quais, o Lula. Aí então o Marcelito foi preso e continua mofando na cadeia sem que a ameaça haja sido cumprida, em meio a um silêncio ensurdecedor do pai, que aparentemente optou pela lide e pela perícia dos seus advogados. 

Pois muito bem. Agora está sendo atribuída ao ainda senador Delcídio do Amaral a frase que teria sido proferida no cativeiro, alertando que “se me cassarem, levo metade do Senado comigo”. Tudo igualzinho à situação anterior.

Considerando que as suspeitas que se veicula aqui e ali sobre alguns dos membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, subsistem, em tese, motivos para se temer a ameaça desse recém saído da cadeia. Tudo é uma questão de carapuça de quem estiver pronto para juntar os picuás e voltar para as bases com os respectivos entre as pernas. Isso, é claro, se tudo for à vera. 

Na prática, temos que esse senador esteve cerca de 90 dias na prisão depois de flagrado na produção de chantagem contra o filho do Cerveró, pouco importando se o incidente foi, ou não, produto de armação. Uma armação não haveria de elidir ou justificar nem a chantagem nem a corrupção que lhe é atribuída. 

Na verdade o seu retorno pós reclusão tende a criar novo dilema para o PT. Se recebê-lo de braços abertos estará apoiando um anjo decaído com todas as consequências para a já despolida imagem; se não o fizer, poderá estar sujeito à vingança e à delação do mesmo, especialmente se prosperar a cassação.

Diz a lenda, no entanto, que o senador, sem perder a arrogância característica de quem se elege e sente acima do bem e do mal, utilizará o tempo com uma licença fantasiada de produção da própria defesa no plenário, e também para “esfriar a cabeça”, seja lá o que isso venha significar. 

De qualquer sorte, a simples possibilidade de se permitir a reassunção desse senador sem o devido esclarecimento daquilo que está chamando de armação implica reconhecer o desmerecimento moral da instituição, que já vem há tanto tempo descendo a ladeira. 

Sendo inevitável a comparação da casa parlamentar com as congêneres de outros países sérios, o observador entende que, por lá, o Delcídio do Amaral jamais voltaria às funções enquanto não comprovasse a inocência. 

Será constrangedor ver o plenário do Senado, com 82 senadores mais a plateia assistindo ao discurso desse petista justificando a sua prisão pelos motivos expostos, naturalmente com os apartes de apoio por um ou outro. Mas, nem todos se dirão colegas do Delcídio. Muitos ficarão corados! Outros talvez faltem à “cerimônia”.


Haja pudor!




Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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