NO BRASIL, "TODOS ESTÃO NA BACIA DA POBREZA E DA DESESPERANÇA" - POR LUIZ SAUL

Até que o cenográfico e teatral programa eleitoral do PT começou bem, especialmente porque se teve o cuidado de mostrar apenas a foto da madama sapiens, sem, contudo, lhe dar voz aos seus improvisos. 

Os detalhes de desqualificação ficaram por conta, em parte, quando os atores deliraram sobre suposto ódio das pessoas. Que pessoas? Que ódio? O que de fato divide o país nos dias de hoje não é o ódio, mas sim a indignação e a reprovação àqueles que organizadamente levaram-nos ao caos. 

Não se pode usar os programas sociais como peneira para tapar o sol da corrupção, do desgoverno e do abismo em que estamos metidos. Não se pode continuar brandindo a economia nacional como uma bandeira de consumo e de produtividade, quando a realidade aponta para o empobrecimento de uma população que chegou a se acostumar com um viés de bonança. 

O pior é que, para não esquecer o cinismo, o partido reclama do pessimismo que ronda a população, como se esta, em meio à crise de inflação, desemprego e tudo o mais devesse rir. Rir do quê, homem branco?

Não se pode principalmente usar aquele meio de comunicação para apresentar o Lula como caluniado nacional, quando as investigações e os fatos notoriamente apontam para falhas de comportamento de um ex líder que além de já não convencer a totalidade dos antigos seguidores, se esconde em manobras e chicanas produzidas por terceiros para não falar de bens supostamente seus, mas que podem constituir objeto de ocultação de patrimônio, em flagrante crime fiscal. 

Ao eleger o Lula como âncora do programa, o partido transmitiu também a impressão de que já não conta com representantes reconhecidamente ilibados ou suficientemente corajosos para desfraldarem as suas bandeiras. De notar que o Barba nada disse de importante, além de um ufanismo vazio e desprovido de comprovação pela realidade dos fatos. No caradurismo de sempre, aludiu à “moda” de se falar mal do Brasil, como se isso fosse verdade. Aqui se fala mal e com justeza apenas dos governantes do Brasil, e não do país, ora bolas. 

Cessada a fonte dos argumentos, o Barba repetiu o desvairamento de sempre para atacar as “classes” que não se conformam em dividir cadeiras de aviões com pobres. Ora, o indivíduo parece não perceber que não existe mais divisão de classes ou de castas no Brasil, uma vez que todos estamos na mesma bacia da pobreza e da desesperança. 

Seria bom, adequado e acertado se os fatos propagandeados tivessem comprovação ao invés de paralelamente ao programa a sociedade não estivesse assistindo diuturnamente e noturnamente (como diz a dilma) a decadência do país como espelho da atuação do governo que aí está, com amplas condições e possibilidades de piora.

Não se trata de demonizar o PT, até porque “eles” próprios já cuidam disso. No seu rastro, nenhum dos partidos merece qualquer tipo de pódio, sendo que poucos partidários merecem algum sub Oscar. Mas, a verdade é que a esperança está à morte, devidamente entubada e com o oxigênio no fim. 

Dá ruim quando o principal partido de sustentação de um governo que carrega o seu selo gera uma expectativa tão negativa e que termina invariavelmente em panelaço.

Por: Luiz Saul Pereira

        Brasília - DF