A reunião desta quarta-feira (3) da comissão especial do impeachment
terminou com bate-boca e princípio de agressão física entre deputados.
O tumulto começou quando o presidente da comissão, deputado Rogério
Rosso (PSD-DF), decidiu encerrar a sessão alegando que, de acordo com o
regimento, o início da ordem do dia (votações no plenário da Câmara)
impedia a continuidade do debate.
A reunião da comissão foi destinada a ouvir dois autores do pedido de
impeachment – o jurista Miguel Reale Júnior e a advogada Janaína
Paschoal.
Após a exposição dos convidados, os deputados que se inscreveram para discursar começaram a se manifestar.
Embora ainda houvesse uma extensa lista de inscritos, Rogério Rosso
anunciou que encerraria a reunião por causa das votações no plenário.
A medida gerou indignação entre deputados do PT e do PSOL, que queriam
contrapor os argumentos usados nas apresentações de Janaína Paschoal e
Miguel Reale Júnior.
Revoltados, começaram a gritar e acusaram Rosso de cometer um “golpe” e
de estar “a serviço” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
um dos principais oposicionistas do governo Dilma Rousseff.
“Isso é golpe! Não pode encerrar a sessão!”, gritaram deputados da base aliada, entre os quais Paulo Teixeira (PT-SP).
“Temos que cumprir o regimento. Não pode ter funcionamento de comissão enquanto há ordem do dia”, argumentou Rogério Rosso.
Os deputados de PT, PC do B e PSOL insistiram e foram até o presidente
da comissão, com dedos em riste. Rosso manteve a posição e deixou a
comissão.
Durante o tumulto houve empurra-empurra. Os deputados Ivan Valente
(PSOL-SP) e Caio Nárcio (PSDB-MG) começaram a se empurrar e foram
apartados.
“Eu me virei para as câmeras para explicar que a reunião podia
continuar, porque a ordem do dia só impede que as comissões deliberem,
votem, e o deputado Caio Nárcio começou a me provocar e gritar atrás de
mim. Então, eu dei um empurrão nele, um chega prá la”, admitiu Ivan
Valente.
Para os deputados que defendiam a continuidade da reunião, o regimento
interno não impede que comissões tenham audiências públicas enquanto há
votações no plenário. No entendimento deles, somente votações em
comissões são proibidas.
Já Rosso e os parlamentares que defenderam o encerramento argumentaram
que a comissão do impeachment deve atuar com cautela em relação às
regras e suspender as sessões quando há ordem do dia, ainda sem
determinação expressa para isso.
"Tenho que aplicar com todo o rigor o regimento e a legislação sob pena de anular ou suspender o processo. A consultoria legislativa da Casa orientou que não seria possível nem por acordo dar continuidade na reunião sob pena de descumprir a legislação. De fato eu poderia ter consultado os líderes naquele momento, mas não havia tempo hábil sob pena de nulidade da comissão", justificou Rosso ao G1, após a confusão.
"Tenho que aplicar com todo o rigor o regimento e a legislação sob pena de anular ou suspender o processo. A consultoria legislativa da Casa orientou que não seria possível nem por acordo dar continuidade na reunião sob pena de descumprir a legislação. De fato eu poderia ter consultado os líderes naquele momento, mas não havia tempo hábil sob pena de nulidade da comissão", justificou Rosso ao G1, após a confusão.
Eduardo Cunha
No plenário, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao ser questionado pelo deputado Marco Feliciano (PSC-SP), disse que o regimento é claro ao dizer que “em nenhum caso” as comissões podem funcionar simultaneamente ao plenário.
Ele reconheceu que muitas comissões continuam os trabalhos mesmo quando
a fase de votações, a chamada ordem do dia, já está aberta no plenário e
que ninguém reclama disso.
Alertou, porém, que, quando alguém questiona isso, a comissão
“obrigatoriamente não pode funcionar”. “Em nenhum caso o seu horário
poderá coincidir com a sessão ordinária ou extraordinária”, disse Cunha.
Tumulto no início
No início da sessão, também houve confusão. Deputados favoráveis e contrários ao governo protagonizaram um tumulto antes das falas de Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior, autores do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff que tramita na Câmara.
Os parlamentares foram para a frente da mesa diretora da comissão e
começaram a discutir aos gritos, enquanto no plenário, grupos pró e
contra impeachment - parte deles portava cartazes vermelhos com a
inscrição "Impeachment Já" e outra parte acenava com cartazes com a
inscrição "Não vai ter golpe". Ambos os grupos gritavam palavras de
ordem.
Somente depois que a presidência da comissão conseguiu apaziguar os
ânimos e controlar os manifestantes, é que o jurista Miguel Reale Júnior
conseguiu iniciar sua exposição.
Fonte: G1
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