Bem que tento esquecer o Lula como já esqueci aquela ex-presidente. Ocorre que as “novidades” não deixam, ainda mais agora que parece ter um encontro marcado, em Curitiba, com o Cunha, e, por tabela, com o Moro. Aliás, com o Cunha preso falecem os argumentos do “górpi” e do conluio anti-PT para prender o Barba e livrar o ex-deputado. Serão doravante vãs as teses de atribuir ao Moro a vocação incriminadora do Bhrama, até porque o juiz não inicia as denúncias. Apenas as acolhe e a elas dá curso.
Implica que agora ambos têm um inimigo em comum, ou vários, a começar pela maioria dos ministros do STF, o Procurador Geral da República, todos os delatores, o Juiz Federal de Brasília, a Polícia Federal, a Receita Federal, o Ministério Público Federal. Isso, sem contar que se encontram taxiando o Marcelo Odebrecht, o Delcídio, talvez o Palocci, e, na cabeceira da pista podem surgir o Dirceu e os ex-tesoureiros. Conluio do fim do mundo, sem contar que ambos podem sucumbir à delação.
No caso do Lula, releva notar a recente denúncia contra si e outros tantos (aí incluído o sobrinho postiço, Taiguara), tratando de irregularidades em financiamentos via BNDES de obras em Angola a serem realizadas pela Odebrecht, em processo conhecido: financiamentos carimbados para a ditadura, condicionados à contratação da citada empreiteira, que devolvia a “gentileza” sob a forma de propinas mascaradas de pagamento de palestras que jamais teriam acontecido. Em seguida, o Brasil (leia-se o Lula), alegando a pobreza dos países favorecidos, perdoava a dívida, com o erário nacional seguindo direto para o escoadouro.
O registro de 44 lavagens de dinheiro consistiu na sofisticação do ingresso do “sobrinho” que, de vidraceiro, transformou-se em um empresário internacional, com a titularidade de filial brasileira da empresa portuguesa Exergia, subcontratada da Odebrecht, e, mesmo sem qualquer experiência na área de engenharia, formalizou 17 contratos para a prestação de serviços de alta complexidade àquela empreiteira, pelos quais recebeu entre 2009 e 2015 a bagatela de R$20 milhões.
Aliás, no aspecto de arrimar a família o Lula sempre se mostrou pródigo, como bem demonstram as situações econômicas e empresariais dos seus rebentos, especialmente os do segundo casamento, assim como se desvenda agora o “progresso” empresarial do “sobrinho”, o qual, no período de “operação” teria recebido R$ 699 mil de despesas de viagens, além de um repasse mensal em forma de pro labore de US$15 mil, afora os já citados R$20 mi. É de causar certa inveja branca não só pela aparente genialidade do moço, mas também pelas compensações financeiras. O problema será ter que explicar todas essas coisas.
Já o mais letrado Cunha, que optou pelos trust, off shore, ou o que seja para validar a dinheirama de origem ainda não explicada e que, por isso, já está lidando com um bloqueio de R$220 milhões, afora a cadeia, poderá levar de roldão também a bela família para o poço acaso a, nesta altura, sem sorte não consiga explicar as origens dos recursos luxuosamente esbanjados, segundo consta.
No momento, quando o Lula – embora indiciado pela 3ª vez – não foi preso, como se especulava, e o Cunha o foi, como se esperava, o Brasil conviverá com o tom ultrajado dos dois e dos sectários sob o ângulo de suposta perseguição, embora se afigure difícil imaginar que o rigor das investigações, se comportando tal qual elefante assustado em uma loja de cristal, haja construído todo esse arcabouço de acusações sem provas indiciárias suficientes para a apresentação das denúncias, dos indiciamentos e da prisão.
Não sabem que as condenações não derivam necessariamente do ato flagrante do crime. O conjunto indiciário pode circunstancialmente bastar para a formação do Juízo acerca da condenação sem que o suspeito se encontre com o dólar na cueca, ou a galinha debaixo do braço ou a arma fumegante na mão.
Por isso, tento em vão esquecer o Lula, e, agora, o Cunha também. É cansativo, especialmente agora que o mundo político nacional deixará de dormir.
É só esperar.
Por: Luiz Saul
Brasília - DF
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