Só para confirmar, o Brasil virou zona, com os cafetões e cafetinas reivindicando o espaço para garantir a féria respectiva.
De carona na crise do momento – a dos massacres – o deputado Rogério Rosso (PSD-DF) reuniu alguns coleguinhas para ressuscitar a tese da criação do Ministério da Segurança Pública, muito menos pela segurança e muito mais para robustecer a candidatura à presidência da Câmara, que, aliás, já parece definida para Rodrigo Maia, com as bênçãos políticas do Planalto e jurídicas do Supremo.
Combatendo uma luta de aparência perdida, o Rosso mantém o discurso e a bandeira para garantir a mídia e o holofote e cacifar influência nas composições futuras. A sua ideia quanto ao novo ministério até que seria apropriada não fosse o oportunismo da ocasião em contraponto com o conceito de redução de despesas que vem sendo sugerido pela área da Economia.
Isso, sem contar a singeleza da proposta, sem abordagem sobre o aparato de segurança hoje existente ou sobre os papéis do Ministério da Justiça, da Secretaria Nacional de Segurança, do Conselho Nacional de Justiça, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e de demais instituições que compõem a administração e a fiscalização do ambiente carcerário, inclusive quanto à aplicação da Lei de Execução Penal.
Assim é fácil, e transparece sensação de iniciativa de conveniência eleitoreira incidental para implantar outro super cabide de empregos e de funções a serem fragmentadas no universo da burocracia nacional, além de favorecer o empurra-empurra da apuração de responsabilidades entre os órgãos. Ainda assim, com todos perdidos, o assunto produzirá inúmeras reuniões enquanto o tempo passará e outros detentos morrerão.
Como, no entanto, o foco do deputado e também do outro candidato Jovair Arantes é a eleição, que se dane o resto. Nenhum deles parece informado de que melhor seria propor revitalizar as penitenciárias e revigorar as condições de suas administrações, inclusive no estabelecimento de um novo tipo de relação disciplinar entre os chamados internos e destes com a sociedade, de forma a frustrar a filosofia das facções. E, para o fecho de ouro, combater a corrupção que tem encantado a corporação penitenciária fornecedora de drogas, armas, celulares e o que mais precisar. Mas, isso seria querer demais, pois não?
Bom, mas, ainda tem o Renan, né? Sempre tem o Renan. De olho, como se sabe, na presidência da Comissão de Constituição e Justiça ou da liderança do partido no Senado, quando deixar a presidência da Casa, consta que o coronel alagoano está vislumbrando outro alvo, nada menos do que o Ministério da Justiça do qual já foi titular.
Dizem que está mandando recados para Michel Rousseff a respeito do assunto. A sua investidura corresponderia a chefiar a Polícia Federal, valendo assim dizer que implodiria a Operação Lava Jato, da qual é cliente vip. Há também que diga que depois que “descobriu” o novo alvo já estaria esquentando a frigideira do atual falastrão ministro Alexandre de Moraes.
Resta sabe se o presidente herdeiro se dispõe a afrontar a sociedade e as instituições para investir no principal cargo da Justiça justamente um indivíduo que, além de réu, é também indiciado em mais 10 inquéritos. Aí confirma-se a zona em definitivo.
Por: Luiz Saul Pereira
Brasília - DF
Esse cara é bom demais, engradece o editorial desse jornal
ResponderExcluirO LUIZ SAUL PEREIRA É UM JORNALISTA DE MÃO CHEIA.ADMIRO MUITO SUAS POSTAGENS.
ResponderExcluirEle é de Triunfo? Escreve bem...
ResponderExcluiracabei de repassar a amigos esse texto interessante
ResponderExcluirO Luiz Saul (Maninho de antigamente) realmente sabe das coisas. E sabe dize-las de forma escrita com maestria fluência verbal.
ResponderExcluirEu gostaria de acrescentar que no lugar de Ministério será preciso investir em presídios que funcionem, que reabilitem , que ocupem o tempo do apenado. A ociosidade dos presos está sendo utilizada pelas facções organizadas do crime, para o mal. Pensando no longo prazo, quando se investe em boas escolas para formar o cidadão, ainda na juventude, não haveria a necessidade de tantos presídios.