Embora se afigurem corretas, a princípio, as críticas às indenizações, pelo Estado a presos, face às condições carcerárias desumanas, é importante compreender que essas compensações se compõem no ordenamento legal do país, não resultando de vontade discricionária de governantes. A distorção está na formulação de todo o sistema prisional que facilita a transformação do ócio dos chamados internos nos mais perfeitos MBAs e mestrados para a socialização da criminalidade.
Em certas circunstâncias de indivíduos considerados socialmente irrecuperáveis a prisão pode ser um negócio menos ruim na medida em que dispõe do básico da casa, comida, roupa lavada, etc., além de uma compensação financeira garantida para a família lá fora, e a possibilidade de estar protegido por uma ou outra facção, podendo ainda aperfeiçoar os seus dotes. Afora isso, botando, como se diz, a mão na consciência, a sociedade sabe que as prisões daqui sempre deixaram no chinelo a Ilha do Diabo, do Papillon.
Além disso, aqui fora, na liberdade desassistida, rolam coisas piores especialmente no meio dos “representantes do povo”, quase todos envolvidos nas profundezas da tipificação de crimes, e no esforço cínico e inútil da negação das culpas associado ao denodo pela manutenção do status no meio dos iguais.
Sobre essas coisas piores reinam aqueles que Veja apontou como os três macaquinhos da fábula como figuras do descaso em que cada um não fala, não escuta e não houve. No caso, são o Alexandre Moraes, que se encontrou com os futuros julgadores em uma chalana para o ensaio da sabatina de jogo de cartas marcadas; o Eliseu Padilha, que deu uma banana para a ética palestra na qual defendeu a troca de favores para a garantia da manutenção aliada; e Temer Rousseff, com suas dificuldades para fechar uma equipe.
No rastro, afloram comportamentos perigosamente estranhos patrocinados por aliados do tipo Romero Jucá para a blindagem de parceiros, e do Lobão pai, discorrendo a interpretação “particulosa” sobre anistiar os protagonistas do Caixa 2, valendo assim perdoar todos os partidos, mais o Vaccari, o Dirceu, o Palocci e quem mais houver.
Por essas e outras é natural que, conquanto arrolado como réu em 3 processos e indiciado em outros tantos capazes de o levarem à cadeia, o Lula, ao tomar conhecimento da pesquisa que o aponta em virtual liderança para o ano 18, resolveu cunhar novas frases de efeitos para o delírio dos seus sectários. Com efeito, bradou que o “Brasil nunca precisou tanto do PT como agora”, e, aprofundando, "o militante petista é o que de melhor existe no país”. Parece até a frase anterior de que “precisamos voltar a governar o país.”
Pois bem, embora a possibilidade exista a partir do encurralamento eleitoral, a eventualidade do retorno dessa turma ao poder serviria em primeiro lugar para confirmar o adágio de que cada povo tem o governo que merece. Depois, representaria a sucumbência da restante moralidade aos desmandos recentes, com a certeza de um novo período de obscuridade, de compadrio, de assalto às instituições, e sobretudo de vingança dos desapeados.
Tudo isso com o apoio do atual Congresso, cujos componentes, na ânsia do livramento das próprias culpas, atuam pelo abafamento de todas as ações de investigação e de inculpação dos corruptores e dos corrompidos, não percebendo o enorme favorecimento aos principais criminosos, na hipótese do “estancamento da sangria”, como disse aquele delator, o Sérgio Machado, ex presidente da Transpetro.
É uma corrida para ver quem chega primeiro, os corruptos ou a Força Tarefa.
Façam as suas apostas.
Por: Luiz Saul Pereira
Brasília - DF
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