O fato de haver sido absolvido pela prescrição e/ou pela idade por crime de corrupção semelhante aos que estão sendo investigados nos dias de hoje não exime o FHC nem colabora para a limpidez de sua biografia. O crime existiu, e isso há de bastar como informação para a sociedade. Este foi apenas um dado sem consequência prática, capaz apenas de afetar a história de mais um homem público que costuma desfilar austeridade e sabedoria política enquanto dissimula o passado.
Enquanto essas irrelevâncias vicejam, outras circunstâncias de real importância continuam lesionando a vida da sociedade cada vez mais abandonada à própria sorte, como está sendo o caso da Polícia Rodoviária Federal cujo contingente é por si só insuficiente, mas que agora está com as atividades contingenciadas para ocorrer a fiscalização das estradas, combater o tráfico e outras atividades inerentes, por absoluta falta de verbas. Na outra linha, a equipe da PF que dava sustentação à Força Tarefa de Curitiba foi reduzida, com as opiniões divididas entre o prejuízo às investigações e uma etapa normal pela redução dos serviços.
A bandidagem e os loucos do trânsito estão em êxtase diante da confirmação de que PRF fechará postos de fiscalização e reduzirá as medidas de acompanhamento de grandes comboios, mas principalmente recolherá razoável contingente da sua tropa e veículos da respectiva frota. No conjunto, o recado está dado para a submissão da PRF e da PF, especialmente desta no âmbito das operações de investigação criminal. Uma solução simples e direta para a sufocação da Operação Lava Jato e outras similares, como anseiam tantos agentes políticos envolvidos em delitos.
Tais circunstâncias terminam por assumir ares de normalidade, uma vez que o restante da estrutura funcional do país se encontra na mesma decadência galopante, abatendo já há tempos a educação, a segurança pública e todos os demais serviços essenciais, enquanto o Congresso e o Executivo se encontram digladiando em torno exclusivamente da derrubada ou da manutenção dos postos. No mais, tudo parado.
A única tese deste momento refere-se à eventualidade da queda do Temer e da ascensão do Maia. Focando nisso, aliás, o Rodrigo incluiu em sua comitiva à Argentina ninguém menos do que o deputado Rogério Rosso, que é um dos chefes do chamado centrão, no qual o Temer estaria mirando para recompor o número de votos para a absolvição. É a conspirata da troca de guarda.
Pobre Temer, que assiste, além das traições, à possível extensão do perfil do seu julgamento, o qual, se não for concluído até o início do execrável recesso parlamentar, no próximo dia 18, ficará sangrado por mais um mês, enquanto o animado Caboco Flechador prepara as próximas denúncias, pelo menos mais duas, e enquanto também a sua base de aprovação congressual estará fluindo na direção do ralo, e enquanto também poderão surgir fatos novos consubstanciados principalmente nas possíveis delações premiadas do Lúcio Funaro, e, quem sabe, do Eduardo Cunha.
A única digamos, vitória em meio à presente esculhambação nacional parece ser a recusa do presidente da CCJ quanto à participação, requerida pela oposição, do Rodrigo Janot no julgamento do âmbito da sua Comissão, que, sendo ao vivo e a cores, representaria uma pedreira na sepultura da carreira do ainda Presidente.
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