Muitos sobrevivem de ilusões ou de sonhos impossíveis.
A realidade ou a verdade é dura demais para suportar.
Pode ser um sentimento ou um ideal sobre o qual se deposita a esperança de dias melhores, ainda que esses dias nunca cheguem.
Do presente já abdicaram viver plenamente. São mortos-vivos da realidade contemporânea. Vivem para despertar no futuro, no amanhã, no porvir...
Ergueram uma redoma de realidade individual ou virtual e se fecharam para tudo que possa implodi-la. Temem ficar expostos num mundo que reputam inóspito e agressor. Afinal, é a própria sobrevivência que está em jogo.
A realidade que se negam a ver ou se descortina a cada instante não passa de uma outra ilusão maléfica, criada por algum gênio do mal para conduzi-los à perdição, como um filme produzido por uma mídia inimiga, alienígena, que conspira contra a felicidade dos bons, dos românticos ou dos idealistas.
Quantos não veem a morte como uma assombração que só se materializa nos outros?
Quantos não encaram a própria condição de vida para não enfrentar o desafio de mudar ou reagir?
Mas quantos, de fato, vivem despertos, com os pés, o coração e a cabeça na realidade?
Quem nunca experimentou a doce ilusão de sonhar e correr o risco imprevisível da ilusão?
A vida é também construída de sonhos, quase impossíveis e inimagináveis, que se tornaram realidade.
Por: Ruy Trezena Patu Jr.
Jurista
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