RETROSPECTIVAS SOBRE TRIUNFO - POR CARLOS FERRAZ

O pernambucano  Município de Triunfo, abençoado por Deus e bonito por natureza, destacando-se pela sua maior  altitude, reconhecida riqueza do seu solo fértil e abundância da água natural e límpida existente na superfície, sem falar na admirável  beleza paisagística e ecológica. É uma exceção à  regra geral em quase todo o Estado e Nordeste brasileiro, um verdadeiro oásis encravado no sertão desertificado. Foi até bem  pouco tempo um importante celeiro de frutas, verduras, hortaliças, rapadura, no seu comércio próspero. Além de no passado, existir florescente  pequena indústria de produtos básicos necessários. 

A vida social e artística ainda consta na memória de remanescentes e nos registros literários da província triunfense, apesar de não haver um Arquivo Público, apesar dos apelos frequentemente realizados aos gestores municipais que ainda não demonstraram qualquer sensibilidade para tanto, talvez achando coisa secundária por não estarem compondo os relativos acervos. Aqui circularam dois jornais semanários e pelas ruas, avenidas, praças, ladeiras e becos da cidade, onde desfilavam duas bandas musicais ( Garra e Fumo), as quais digladiavam-se nas retretas e passeatas temporárias. Possuía dois glamorosos clubes sociais e  outros menores, sedes de partidos rivais equipados com difusoras, onde cada qual primava em oferecer festividades e fortalecer o seu  conhecido proselitismo.

 

As organizadas potentes equipes esportivas disputantes, de futebol, vôlei, futsal, natação, pedestrianismo, basquete, jóquei, tênis, handebol,  destacavam-se  por todo interior do Estado e estados vizinhos, pelas consequentes vitórias e maneira impecável de se apresentar dentro e fora de seus domínios territoriais. As safras naquela época eram bastante fartas e rendimentos abundantes, em consequência o povo usufruía de maior poder aquisitivo e melhor condição de vida no paraíso triunfense. Milhares de fruteiras diversificadas enfeitavam os horizontes verdes do município e os balões nas noites natalinas e eventos juninos, também eram motivos  de encantamento ao disputarem  o céu com as estrelas.

No tradicional e maravilhoso Carnaval era na verdade sem igual, chegando a atrair participantes de muitos municípios circunvizinhos tamanho a grande animação proporcionada e o enorme sucesso espalhados aos quatro ventos do Estado, pois aconteciam  disputados corsos, bailes separados concorrendo com orquestras que se esforçavam para destacar-se na sociedade muito selecionada daquele tempo,  blocos e troças com trajetos urbanos diferentes, enquanto as ruas se enchiam de confetes, serpentinas, deixando surpreendente quantidade de papel picado e intenso cheiro de lança que expandia-se no ar, perfumando toda a sempre bela cidade. 

A existência dos repletos internatos e externatos masculinos e femininos dos maravilhosos educandários dirigidos por estrangeiros, Colégio Stella Maris, Convento São Boaventura, Colégio dos Americanos, regurgitavam de alunos que desciam em bandos as ladeirosas vias estreitas da cidade encantadora e considerada " Oásis do Sertão", como numeroso bando de  andorinhas livres e contentes em revoada, enquanto as prendadas moças e os disciplinados rapazes recolhiam-se aos aposentos, apenas saindo nas reprises cinematográficas no Cine Teatro Guarany ou tardes ensolaradas de quermesses na quadra dos educandários ou encontros futebolísticos no Campo do DPV ou do Convento São Boaventura,  entre times de municípios diferentes da  região ou cidades bem mais distantes.

O posto reprodução animal, do DPA - Secretaria de Agricultura do Estado, situado na subida do ( Escola Monsenhor Luiz Sampaio - Ginásio Diocesano Pio XII, da época, mantinha um numerosos plantel qualificado de  bovinos, caprinos,  equinos, ovinos, suínos, destinado à finalidade de cruzamento e reprodução ao emprestar esses aos agricultores criadores, visando melhorar a ração dos rebanhos.No campo de fruticultura manipulavam e vendiam mudas qualificadas para municípios circunvizinhos; depois, a colheita era tanta que  até os porcos abusavam de comer. 

 

A cooperativa de crédito agrícola (CATRIL) emprestava dinheiro a vontade aos agricultores e produtores sócios e financiava vastos plantios. Os políticos eram homens mais ousados na conquista de lugar expressivo, mantinham sentimento  humano, nativista, sempre presentes, conhecedores dos problemas, dedicados à causa do povo e morriam pobres, mas honrados. Hoje está tudo diferente, mas a maioria da população aprova, negando-se mudar o circulo vicioso e prejudicial.