Senhor redator,
Cada vez que visito Triunfo sofro freqüentes e justificadas crises de saudável saudosismo pela memória da referência cultural que já representou cidade, na minha quase longínqua infância.A forte influência cultural impregnada por religiosos estrangeiros na pequena população, ou em parte dela, deixou um legado que se percebia nas manifestações culturais, nos comportamentos pessoais, nos bancos escolares e em que neles se sentavam.O clima, por si só, influenciava o modismo, pois, como se sabe, o frio privilegia as pessoas elegantes. E ainda tinha aquele cheiro característico e inesquecível na época das moagens dos engenhos...
Não era o Stella Maris que fazia a referência da cidade; não era também o ensino ministrado no Convento, ou mesmo nas escolas públicas como o antigo Grupo Escolar Alfredo de Carvalho; nem era a imponência do Guarany, um prédio de arquitetura improvável para a época e para as condições econômico-financeiras da região; não era também a singular arquitetura das residências ou da igreja matriz que, sozinhas, destacavam a cidade em relação às demais da região. Na verdade, somente o somatório dessas circunstâncias é que transformavam Triunfo em uma exceção comunitária.
Há anos, o seu calçamento era formado por pedras redondas e polidas pelo tempo que, é verdade, desequilibravam os passantes e sacolejavam os automóveis, mas, à parte disso, conferia à cidade, desde aquela época, a semente da exploração do turismo.
Outra coisa: os prosaicos nomes das ruas da cidade representavam algo extremamente intimista, como que “nosso”. Ao invés de Rua Dr. Fulano, Governador Sei Lá Quem, Deputado Deus Me Livre, Presidente de Plantão, havia a Rua do Fiado, Rua Grande, Rua da Caridade, o Quadro e tem outros, já devidamente rebatizados.
Pois bem, parece que quase tudo isso é apenas passado. Os religiosos se foram e sua influência diluiu-se; o Stella mudou o perfil e talvez a qualidade; as demais escolas, idem. Ah, o açude virou lago.... Os personagens viraram lendas, menos mal. Pior seria o esquecimento.
A explosão da exploração do turismo é benfazeja, na medida em que gera empregos e divisas, divulga a cidade, promove movimentos e atividades novas, e mais que isso, estimula a reaparição de manifestações culturais, algumas das quais se encontravam no limbo.
Portanto, nada contra o progresso, Senhor Redator.... também não disponho de meios para avaliar a evolução ao longo desses tempo das aspirações dos triunfenses em transformar a cidade no que é hoje.
Mas, o progresso melhorou a cidade? Melhorou muito? As escolas são boas? O comércio é intenso? A cultura é rica como antes? E os políticos, trabalham? A preservação da saúde é adequada? A memória da cidade é preservada? As edificações antigas são protegidas? As “vozes” da cidade dizem o quê?
Se não, é melhor egoisticamente “congelar” o bucolismo da cidade nas décadas de 1950/60... como na quase longínqua infância.
Luiz Saul Pereira da Silva
Brasília (DF)
Maravilhosa reflexão,Triunfo ainda merece esse olhar das pessoas de bem,que acreditam que ainda podemos melhorar daqui para a frente ,pois o passado ficou apenas em boas lembranças.
ResponderExcluirNo meu entendimento, o senhor Luiz Saul Pereira da Silva, detalha com certeza que é possível associar o desenvolvimento com o bem-estar das pessoas, mantendo assim dentro das possibilidades corriqueiras as tradições, capazes de realizar o sonho grandioso e sustentável de reviver a imagem da nossa cidade.
ExcluirEssa reflexão trouxe um passado nostálgico onde só alguém com muita sensibilidade,inteligência, saudosismo etc... pode definir tão bem a importância dos tempos idos. E com isso: Nos trás uma grande saudade e o de querer viver determinados momentos que nunca mais se repetirão devido a grande mudança do tempo.
Excluir"O tempo trás recordações, extingue vidas, mas não acaba com a saudade que faceira compartilha de nossos dias, sem fazer segredos para o nosso coração".
As memórias de maior significados são todas essas expressadas pelo tão brilhante e corretíssimo comentário do Sr. Luiz. Parabéns!!!
Só nos resta o consolo de que nada se perderá: Pelo menos dentro de nós (de mim).
Gostaria que alguém repassasse alguns detalhes básicos sobre esse senhor tão inteligente que descreveu em detalhes a nossa igual nostalgia.
ExcluirNão disponho de conhecimento sobre ambos, mas reconheço que a mulher acompanhante daquele senhor na fotografia possui uma destacado sinal de beleza.Com todo respeito.
Excluir"OS POLÍTICOS E AS FRALDAS DEVEM SER TROCADOS FREQUENTEMENTE E PELA MESMA RAZÃO"
Excluir( EÇA DE QUEIRÓZ )
Eu acho que é notório o caos instalado no município.Fatos notórios independem de provas.O blog tem repassado críticas de pessoas dito pessoas que morrem de medo do prefeito.
ExcluirO que casua um estupro? É o fato de a mulher usar uma roupa mais decotada? È uma mulher andar sozinha pelas ruas da cidade? É, em resumo, culpa do sexo frágil?Tais questionamentos regem a segunda edição da Marcha das Vadias que acontece sábado 26.05. na Praça do Derby,no Recife a ideia de protestar contra a declaração de um policial canadense o qual afirmou, ano passado, que estupros poderiam ser evitados, caso as mulheres não se vestissem como "vadias".As mulheres do Canadá se indignaram e este sentimento foi compartilhado pelas brasileiras.A primeira marcha do movimento ocorreu em 2011.Este ano a intenção é dar continuidade às discussões e angariar mais adeptos. Vamos nos unir. Mulher unida jamais será vencida!
ExcluirParabéns, Saul.Nós triunfenses agradecemos a sua colaboração, reforçando a nossa voz no apelo à preservação das edificações da cidade antiga como também dos costumes e tradições, como fazem todas as cidades que exploram o turismo.
ExcluirSr. Luiz, não o conheço, nem tão pouco ouvi o seu nome em algum lugar nesta cidade, porém é impressindível dizer-lhe que o Sr. falou tudo que nós moradores desta cidade não temos o direito de falar. E quando ousamos mencionar algo que ¨fere¨ alguém ou alguns, somos imediatamente chamados de ¨sem noção¨ ou ¨fala demais¨. E aí o que fazer senão calar-mos... Parabéns pelas nobres palavras!!!
ResponderExcluirNem precisa questionar.Dá para perceber que esse senhor é um triunfense de verdade, possui visão ampla e sentimento nativista pela cidade.
ResponderExcluirSenhor Saul,
ExcluirSalve! Pela grandeza da carta desabafo, achei seu relato de conteúdo profundo e original.
Confesso com humildade, precisava ouvir palavras assim confortantes, possibilitando renascer a esperança que ainda é possível encontrar triunfenses autênticos.
SEM PALAVRAS PARA ANALISAR O MARAVILHOSO COMENTÁRIO...ESPETACULAR!! ESPETACULAR!! ESPETACULAR!!SALVA DE PALMAS PARA O SENHOR!!!!
ResponderExcluirVários analistas e articulistas vão talvez detectar que essa correspondência enviada e postada no blog foi a melhor até o presente momento que acompanho o mesmo como leitor.
ResponderExcluirPara quem não o conhece, Saul Pereira é primo de Duquinha, sobrinho de Dona Maria de Lourdes, enfermeira que prestou enormes serviços a Triunfo,colocando em sua residência um tipo de ambulatório onde prestava ajuda a doentes, desde a aplicação de injeções e soros, como também oferecendo hospedagem às pessoas do sítio que não tinham onde ficar durante o período da doença ou recuperação, fazendo, inclusive, os contatos com médicos e conduzindo o doente a Serra Talhada, caso fosse necessário uma intervenção mais severa. Lindo e humanitário trabalho, por preços irrisórios.
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