terça-feira, 15 de maio de 2012

O NOME DA CIDADE DE TRIUNFO


FONTE: Anais Pernambucanos- Francisco Augusto Pereira da Costa
Volume X
Folhas: 419 a 493

TRIUNFO-PE


30 DE ABRIL DE 1849 – nesta da data o presidente da câmara municipal de Flores envia um ofício dirigido ao presidente da  província de Pernambuco pedindo a incorporação das terras do abandonado aldeamento de Baixa Verde (Triunfo) ao seu patrimônio, dizendo a tal respeito o seguinte:

“Criado o aldeamento em terras situadas na chapada da Serra da Baixa Verde, constantes de meia légua quadrada, a princípio, pela catequese do missionário capuchinho Fr. Ângelo Maurício de Niza, os índios sempre se conservaram aldeiados e entregues aos trabalhos agrícolas, satisfazendo assim os fins do estabelecimento da aldeia; porém, com a morte do dito missionário em 1824 foram-se dispersando, uns pelo amor a vida selvagem unindo-se aos índios indômitos e outros se retirando para outras paragens.”

“Em conseqüência do abandono que os índios fizeram das suas terras, muitas pessoas foram delas se apossando, não só loteando o terreno, que se achava vago, como também levantando casas de vivenda e de engenhocas de fabricar rapaduras, de maneira que se acha a povoação de Baixa Verde com algum incremento, composta de mais de cento e cinqüenta casas, sendo muitas destas de pedra e cal, bem edificadas, e compreendidas na sesmaria dos índios algumas engenhocas bem construídas; e não existindo índios que se entreguem aos trabalhos da agricultura, nestas circunstâncias entende a câmara que se deve ser extinto o aldeamento dos ditos índios, cuja presença, de certo, aniquilaria o progresso, a grandeza e a prosperidade a que tem chegado à povoação já pela vantajosa situação geográfica vindo assim a conquistar, em um futuro não muito remoto, os elementos necessários a lhe ser conferida a categoria de vila.”

Nada foi encontrado que conste do que ocorreu sobre a posse daquelas terras, não conseguindo a câmara de Flores a sua pretensão.

21 DE ABRIL DE 1857 – Entretanto, abandonado o aldeamento pelos próprios índios, como vimos, e ocupadas as suas terras por diversas pessoas, vindo daí uma nascente povoação cheia de vida e animação, resolveu enfim o governo sobre o caso, considerando extinto o aldeamento por Aviso do ministério do império de 21 de abril de 1857, por outro o ministério da fazenda do dia 31 do mesmo mês e ano foi mandada incorporar aos terrenos d nacionais a parte devoluta das terras restantes, sendo arrecadados como renda do Estado o arrendamento das que se achassem ocupadas por pessoas não descendentes dos primitivos índios.

21 D JULHO DE 1858 – Enfim, por aviso do ministério do império, N°  224 de 21 de julho de 1858, - sobre a extinta aldeia de índios d Baixa Verde (Triunfo), município de Vila Bela (Serra Talhada), - foi declarado que suas terras, constantes de meia légua, eram consideradas nacionais no sentido de devolutas, para serem aplicadas de conformidade com a Lei n° 601 de 18 de setembro de 1850. Veio de tais disposições o destino legal das terras do extinto aldeamento, e nem sendo mesmo respeitadas as do patrimônio da capela de N.S. das Dores, instituído por Fr. Ângelo Maurício de Niza.

02 DE JUNHO DE 1870 – A povoação, porém, continuava a prosperar com a construção de novos prédios, graças à afluência de moradores e ao seu desenvolvimento agrícola, o que ditou o estabelecimento de uma feira semanal, e daí a sua criação em paróquia sob a invocação de N.S. das Dores, e a sua categoria de vila com a imposição do nome Triunfo, pela Lei Provincial n° 930 de 2 de junho de 1870, assinando-lhes os seus competentes termos e limites, tendo lugar à instalação desta a 8 de janeiro de 1872.

25 DE JANEIRO DE 1890 – Enfim, conferido o predicamento de comarca, foi esta instalada a 25 de janeiro de 1890, pelo Dr. Artur Eloi de Barros Pimentel, seu primeiro juiz de direito, gozando já a localidade dos foros de cidade desde 1884. 

Serve de igreja matriz da paróquia a capela de N.S. das Dores do extinto aldeamento, fundada por Fr. Ângelo Mauricio de Niza, pelos anos de 1816, em substituição a uma pequena casa de oração, de taipa, que construíra para os exercícios religiosos dos índios logo à sua instalação na localidade; mas falecendo ele em 1824, apenas deixou concluída a capela-mor, que se prestava já à celebração dos atos do culto, figurando no seu altar, convenientemente paramentado uma bela imagem d padroeira do templo e uma outra de  S.Cirilo.

Assim ficou por muito tempo a começada igreja, até que pelos anos de 1843, Antonio de Araújo Fonseca, Mateus Felix de Melo Monte Negro e o capitão Manuel José Campos, moradores da povoação, empreenderam a sua conclusão o que esforçadamente conseguiram; até que em 1874, o vigário Padre Antonio Honorati procedeu a grandes reparos no templo, vindo assim, e com outras obras posteriormente executadas, a constituir um dos mais belos e melhores da nossa zona sertaneja.

Pertencendo a igreja à jurisdição da ordem dos capuchinhos da prefeitura de Pernambuco pela origem da sua fundação, resolveu o seu respectivo prefeito Fr. Caetano de Messina, renunciar esses direitos, o que fez, entregando a igreja, alfaias (objeto de culto; paramento de igreja) e mais pertences ao bispo diocesano D. João da Purificação Marquês Perdigão, em 11 de maio de 1849.  A igreja tinha o seu competente patrimônio canônico, constante de uma sorte de terras, instituído por Fr. Ângelo o qual veio a perder em 1864 por ser incorporado à fazenda nacional.

A cidade, enfim, que possui um clube literário com uma já bem provida biblioteca, e um excelente colégio de educação, teve o seu primeiro jornal, a Folha do Sertão, impressa em tipografia própria, e eu entrou em circulação a 7 de setembro de 1916.

Transcrito do livro : “Anais Pernambucanos” de Francisco Augusto Pereira da Costa – Vol-X Fls. 419 a 423

Francisco Augusto Pereira da Costa- autor dos “ Anais Pernambucanos” – 10 Volumes

Pereira da Costa foi historiador, folclorista e escritor. Filho de Manuel Brandão Pereira Costa e Maria Augusta Pereira Costa, nasceu no dia 16 de dezembro de 1851, na antiga rua Bela, nº 10 (atualmente rua Uchôa Cintra, nº 40), bairro de Santo Antônio.

Começou a trabalhar muito cedo. De família pobre, mal terminou o curso primário no Colégio Nossa Senhora do Bom Conselho e aos 16 anos começou a trabalhar como funcionário de uma livraria na rua Imperatriz, onde tomou gosto pelos livros. Objeto que nunca mais abandonou.

Em 1871 Aos 20 anos, trabalhou como amanuense na repartição de Obras Públicas, depois na Conservação dos Portos, na Secretaria do Governo, Iniciou-se no jornalismo aos 21 anos colaborando com o jornal Diário de Pernambuco, do Recife, em 1872.

Em 1880 foi encarregado pelo Presidente da Província de coligir documentos para figurar na Exposição de História do Brasil, a realizar-se no Rio de Janeiro (dezembro, 1881); em 1886 apresentou relatório sobre a situação dos livros e documentos existentes nos mosteiros e conventos de Olinda e do Recife; em 1884 transferiu-se, por curto período, para a Província do Piauí onde passou a exercer as funções de Secretário Geral, atendendo convite do Governador F. Theodorico de Castro e Silva; integrou o Conselho Municipal do Recife, no período de 1884 a 1891. Foi também professor de colégios tradicionais, entre eles o Ginásio Pernambucano e o Liceu de Artes e Ofícios.

Ingressou na Faculdade de Direito do Recife, onde se tornou bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais em 20 de maio de 1891. Em 15 de dezembro de 1900, Pereira Costa ingressa na política sendo eleito pela primeira vez deputado estadual do 2º distrito, cargo que ocupou por oito legislaturas, vindo a falecer ainda no cargo em 21 de novembro de 1923.

Membro do Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano, recebeu o título de Sócio Benemérito. Segundo ele, o Instituto Arqueológico foi a sua escola, a sua tenda de trabalho onde encontrou grandes mestres.
Participou da fundação da Academia Pernambucana de Letras e atuou como membro em várias instituições brasileiras, como os Institutos Histórico e Geográfico de Alagoas, Ceará, Paraíba, Bahia e São Paulo.

Pereira da Costa é autor de obras indispensáveis para o conhecimento da história e da cultura pernambucana. O folclore, o vocabulário, os heróis - tudo o que diz respeito ao estado foi pesquisado pelo autor. Como escritor, publicou 192 trabalhos, entre livros, periódicos e artigos. Os “Anais Pernambucanos”, sua obra principal, foi publicada em 1951 e conta com cerca de cinco mil páginas que narram a história pernambucana de 1493 a 1850. Outras obras também tiveram grande destaque, como Folk-Lore Pernambucano, editado em 1974, e Vocábulos Pernambucanos, de 1976. "Enciclopédia Brasileira" (1889); "Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres".

Há diversas definições sobre Pereira da Costa, entretanto, a mais brilhante veio do punho do poeta João Cabral de Melo Neto, em seu poema A Pereira da Costa. "Quando no barco a linha da água era baixa, quase naufrágio, ele foi quem mais ajudou o Pernambuco necessário, porque com sua aplicação, não de artista, mas de operário, foi reunindo tudo, salvando tanto o perdido quanto o achado. Sem o sotaque de escritor, nem o demônio do missionário, só quis de pernambucania, ser simples professor primário".

Deixando inéditos os Anais Pernambucanos e também o Vocabulário pernambucano, Pereira da Costa escreveu e publicou:

• Modesto monumento à memória de Demétrio Acácio de Albuquerque Melo
• Escorço biográfico do desembargador Nunes Machado
• Dicionário biográfico de pernambucanos célebres
• Comarcas da província de Pernambuco
• Mosaico pernambucano
• Pernambuco ao Ceará
• Notícia sobre as comarcas da província do Piauí
• Relatório sobre as bibliotecas dos conventos do Recife e de Olinda
• Cronologia histórica do estado do Piauí
• A ilha de Fernando de Noronha
• Enciclopediana brasileira
• A idéia abolicionista em Pernambuco
• Bispos de Olinda
• Viaturas coloniais
• Ruas do Recife
• Teatro Santa Isabel
• Em prol da integridade do território de Pernambuco
• Seleta pernambucana
• Notícia histórico-topográfica da povoação do Poço da Panela
• Memória justificativa do direito que assiste à municipalidade do Recife sobre o edifício em que funciona o foro da capital
• Quarto centenário do descobrimento de Pernambuco
• Carta de Pero Vaz de Caminha
• Pernambuco nas lutas emancipacionistas da Bahia
• Notícia histórica sobre a igreja de Nossa Senhora do Rosário da Boa Vista
• A verdadeira naturalidade de dom Antônio Felipe Camarão
• Origens históricas da indústria açucareira em Pernambuco
• Contradita às pretensões do município baiano de Curaçá sobre a Passagem da Boa Vista no rio São Francisco
• Notícia biográfica do doutor Antônio Morais e Silva, autor do primeiro dicionário da língua portuguesa
• João Fernandes Vieira à luz da história e da crítica
• Dom Antônio Felipe Camarão - última verba
• Homenagem à Benemérita Sociedade dos Artistas Mecânicos e Liberais de Pernambuco do Liceu de Artes e Ofícios no dia do 50º aniversário da sua instalação
• Sinopse dos trabalhos legislativos da Câmara dos Deputados do Estado de Pernambuco na sessão ordinária de 1892
• Folclore pernambucano
• O algodão em Pernambuco
• Eleições em Pernambuco
• Restos mortais de João Fernandes Vieira
• Estabelecimento e desenvolvimento da imprensa em Pernambuco
• Bento Teixeira Pinto
• As portas do Recife e o arco da capela do Bom Jesus
• Relatório sobre os arquivos públicos de Olinda
• História do teatro em Pernambuco
• A Inquisição em Pernambuco
• Donatários, capitães-mor e governadores de Pernambuco
• Pedro Álvares Cabral
• As artes em Pernambuco
• Primeiras observações meteorológicas no Brasil
• O passo do fidalgo
• Duas instituições inglesas em Pernambuco
• O governo holandês
• O governo republicano de 1817
• Confederação do Equador
• Governo de Pernambuco de 1821 a 1889
• Investigações sobre a mineralogia, flora e fauna de Pernambuco
• A poesia na revolução de 1817
• Causas eficientes da emancipação de Alagoas

Referências:
HÉLIO, Mario. O Mestre de Todos Os Pernambucanos, “O mestre de todos nós” faz 150 anos, Recife, Jornal do Commercio, 04.12.2000
http://www2.uol.com.br/JC/_2001/0303/cu0412_1.htm

Pereira da Costa, Perfil Parlamentar em: Assembléia Legislativa do Estado de Pernambuco. Disponível em: http://www.alepe.pe.gov.br/. Acesso em abril 2004.http://www.alepe.pe.gov.br/perfil/parlamentares/PereiraCosta/01.html

PEREIRA DA COSTA, F. A. Anais Pernambucanos, 1834 -1850. Recife: Fundarpe, 1985

5 comentários:

  1. Que beleza Triunfo, cidade abençoada por Deus e bonita por natureza.

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  2. TRIUNFO CIDADE ETERNA.AMOR DA MINHA VIDA!

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  3. Causa revolta a falta de respeito da Prefeitura de Triunfo com os seus contribuintes.Quando vai assumir alguém sensível com a cidade? Por que esse prefeito é um administrador desastrado, só faz coisa errada e se esconde por trás do mano sagrado da medicina, como se o que fizesse não fosse obrigação da profissão.

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  4. Município com pouca grana milhões que gasta em coisas supérfluas, podendo investir na saúde e dar qualidade de vida às pessoas e de graça, sem cobrar votos, pois os impostos aqui são caros, mas não são aplicados em saúde, servem para pagar altos salários dos políticos baba ovo que se auto se ajustam quando querem.

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