quarta-feira, 15 de maio de 2013

SOMOS TODOS CEGOS - POR EDNALDO BEZERRA

 

O corpo do ex-presidente João Goulart será exumado para se verificar se houve ou não envenenamento. A comissão da verdade, literalmente, está desenterrando os mortos. Vamos, então, aguardar o resultado das perícias e das apurações, a fim de se esclarecer mais esse acontecimento de nossa história. A propósito, em se tratando de uma comissão que visa à verdade, a primeira coisa que ela deveria fazer era acabar com o mito de que os guerrilheiros lutavam pela democraciaessa é, talvez, a maior falácia que há na história contemporânea do Brasil.

Vale lembrar que, recentemente, foi veiculada na mídia a entrevista do repórter Geneton Moraes Neto feita com um ex-guerrilheiro. Dentre outras coisas, o entrevistado afirma que um general comandante do exército de Havana, à época, ofereceu-se para disponibilizar um navio com cem combatentes a fim de serem empregados na guerrilha rural em nosso país. Apesar disso, na entrevista, ele diz que lutava pela democracia (como se Fidel Castro fosse um democrata).


Porém, fala com convicção, não titubeia, a sensação que se tem é a de que acredita realmente ter brigado pela liberdade. Ora, mas isso é um paradoxo de tamanha monta, e não sei por que o Geneton Moraes, um exímio repórter, não lhe perguntou como era possível lutar pela democracia tendo o apoio de um país liderado por um ditador. E por que brasileiros iam treinar guerrilha em Cuba? Qual o interesse daquele país nisso tudo?


Essas indagações, por certo, pairaram na mente de muitos telespectadores, quase que de forma automática. Será que houve censura para o repórter não fazê-las? Ou quem sabe, meu amigo, pensam que somos desprovidos de raciocínio. Mas voltando ao que dizia sobre os guerrilheiros, de fato, muitos jovens possivelmente eram inocentes, mera massa de manobra, e entraram na briga sem saber ao certo por que lutavam, porém a cúpula das organizações guerrilheiras sabia muito bem o que pretendia.

Embora poucos livros de história narrem os fatos de maneirapoliticamente incorreta”, por assim dizer, sabe-se que a guerrilha no Brasil começou bem antes de 31 de março de 1964. Quem nunca ouviu falar das ligas camponesas de Francisco Julião? Convém ainda lembrar que o Exército, desde os primórdios, sempre defendeu os interesses da nação e do povo brasileiro (por que, naquela ocasião, faria diferente?) e que o regime militar somente endureceu a partir do ato institucional número 5 (AI-5), em 13 de dezembro de 1968.


Ou seja, bem depois da ocorrência de vários atentados terroristas, como, por exemplo, o acontecido no Aeroporto de Guararapes, em 25 de julho de 1966, no Recife (onde morreram o Jornalista Edson Régis de Carvalho e o Almirante Nelson Gomes Fernandes) e a explosão de um caminhão com cerca de cinquenta quilos de dinamite, em 26 de junho de 1968, no Quartel General do II Exército, em São Paulo (que vitimou o soldado Mário Kosel Filho).

Pois bem, as mortes desses cidadãos e de tantos outros também não deveriam ser apuradas? Por acaso, eles não têm famílias que sofreram? Não eram seres humanos? São menos brasileiros do que os demais? Se averdade é o que importa, deve-se apurar os crimes de ambos os lados e esclarecer a população, de uma vez por todas, que os guerrilheiros buscavam implantar no Brasil a ditadura do proletariado (as evidências levam a essa conclusão), quiçá, muito pior do que o regime militar. Isso não é uma mera suposição; pois, construindo-se um cenário, tomando-se por base milhares de mortes em Cuba, milhões na China e na URSS, pode-se imaginar quantos brasileiros iriam ao paredão se as organizações revolucionárias tomassem o poder. 


Agora, diga-me: e se as forças armadas ficassem inertes, como estaríamos hoje? Teríamos, a exemplo da Colômbia, forças revolucionárias? Seríamos um país de regime totalitário? Como vamos saber? O fato é que estamos em outro momento e deveríamos enxergar todas essas questões de forma ponderada e olhar para o futuro. É, meu amigo, mas parece mesmo que somos todos cegos, e diz o dito popular: o pior cego é aquele que não quer ver.
 

Ednaldo Bezerra é estudante de Licenciatura em Letras da UFPE.

2 comentários:

  1. Lembre-se amigo Ednaldo Bezerra, maior cego é aquele que não quer ver...

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  2. Estamos quase todos cegos, admito e vou mais além, ficará pior ainda com essa democracia imperfeita, sem partidos políticos detentores de qualquer ideologia.

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