terça-feira, 9 de julho de 2013

RECIFE PRECISA ACORDAR! - EDNALDO BEZERRA

 

 

Passeava outro dia pelo calçadão de Boa Viagem, numa manhã de sol, observando os grandes edifícios da orla, e lembrava-me das belas residências de outrora, a casa navio, o restaurante Veleiro, o Barril, o Beliscão, os casarões da Aeronáutica, uma mansão encantadora que havia ao lado direito do parque dona Lindu.
 
Quantas recordações vieram-me naquele momento. Talvez eu tenha sentido a mesma sensação que Balzac sentira, ao olhar Paris nos longínquos anos de mil oitocentos e trinta (ou quarenta... Sei lá!)  quando disse: “Hoje em dia as belas mansões estão sendo vendidas, são demolidas e dão lugar a ruas.

Ninguém sabe se a sua prole conservará o domicílio paterno, por onde cada um passa como se estivesse em um albergue, enquanto, antigamente, ao construir uma residência, trabalhava-se – ou, pelo menos, acreditava-se trabalhar – para uma família eterna. Daí a beleza das mansões.
 


A fé em si fazia prodígios tanto quanto a fé em Deus.” Pois é, meu caro Balzac, o Recife também está desfigurado, perdeu o seu encanto original, os velhos casarões que embelezavam os bairros de Boa Viagem, Casa Forte, Aflitos, Torre cederam lugar não a ruas, mas aos altos edifícios. O pior é como isto vem sendo feito – sem planejamento, ao que parece.
 
Bem, todos nós sabemos que a capital pernambucana não é uma cidade planejada, No entanto, o crescimento de qualquer município deveria ser, pelo menos, monitorado com muita responsabilidade pelos governantes, a fim de dotá-lo de infraestrutura adequada, garantindo, assim, o bem-estar de seus habitantes.
 
 
Mas ao contrário disso, o que vemos ultimamente é o completo descaso do poder público para com a população. O governo parece que só se preocupa com a arrecadação – cada residência a mais, por exemplo, gera IPTU para o município e ITBI para o estado – o resultado, portanto, é um crescimento desordenado, um verdadeiro caos.
 
 
No afã de riqueza, constroem-se edifícios e mais edifícios; é claro, tudo devidamente autorizado pela prefeitura. Mas será que com todas essas construções haverá condições de atender a demanda de energia elétrica, o escoamento do esgoto, o abastecimento d´água, a circulação dos veículos, a segurança policial? Será que as tubulações hídricas e as fiações elétricas, por exemplo, foram redimensionadas?
 
 
Então, me responda, por que existem esgotos a céu aberto por todo canto, ruas esburacadas, e há falta de energia e de água com frequência? Ora, quanto ao planejamento das vias de acesso, não precisa nem dizer nada, é só dar uma observada no trânsito para se concluir que não foi feito bulhufas.
 
 
 
Por falar em trânsito, vive-se uma verdadeira guerra, ninguém respeita ninguém, motoristas avançam sinais, abusam da velocidade, parecem que não estão nem aí para a vida dos pedestres e dos ciclistas. E estes – os ciclistas –, por sua vez, pedalam na contramão, como se o pedestre fosse um passarinho e tivesse visão panorâmica. É uma bagunça geral! 
 

Somado a tudo isso, meu amigo, só para finalizar minha indignação (aproveitando a onda de protestos), pergunto-lhe: – E as calçadas? Um lixo! Eis a melhor definição. Pois, não há quem consiga andar por elas; todas, com raríssimas exceções, estão quebradas, são estreitas, além, é claro, cheias de excrementos de cachorro (isso em Boa Viagem, que dizem ser um bairro elegante, avalie agora o que acontece no restante dos bairros recifenses).
 
Vamos acordar de vez meus conterrâneos! E chega de arranha-céus. A cidade não os comporta mais. Onde estão os vereadores para legislarem contra esse inchaço desordenado? E nós não temos e não devemos aceitar imposição nem de políticos nem de construtoras. Basta! Só nos resta ter esperança de que o novo prefeito ponha ordem na casa. Mas como diz o ditado: “Quem canta seus males espanta!”. Embalemo-nos então no frevo, com a Banda de Pau e Corda: “O Recife acordou deu bom-dia encontrou todo o povo nas ruas, nas pontes, nas praças, se amando...”.


Ednaldo Bezerra é estudante de Licenciatura em Letras da UFPE

2 comentários:

  1. Famosos, trabalhadores, estudantes, profissionais,formadores de opinião, artistas, músicos, fotógrafos de todos os lados, autoridades, jovens, empresários, agências de comunicação, atores e atrizes.Todos unidos numa grande mobilização para Recife e Pernambuco acordarem.

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  2. Os moradores de Triunfo vivem num sono profundo de comodismo.

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