terça-feira, 29 de abril de 2014

ESQUERDA CAVIAR - POR EDNALDO BEZERRA


Fiquei satisfeito com a repercussão positiva de minha crônica “O Exército Brasileiro se rendeu?”, publicada recentemente no Diário de Pernambuco (dentre outros jornais). No entanto, teve um leitor que me enviou uma mensagem eletrônica desaforada, até me xingando, dizendo que eu era adepto da ditadura e estava incitando o Exército a um golpe de estado.

Ora, tal indivíduo só pode estar perturbado do juízo ou é mais um militante fanático. Nada mais absurdo! Quem em sã consciência vai preferir uma ditadura a uma democracia? Muito pelo contrário, sou a favor de menos interferência do estado na economia e na vida das pessoas. Defendo, sim, o capitalismo e o liberalismo, e isso é incompatível com um regime ditatorial. Ademais, quem sou eu para influenciar alguém, quanto mais o Exército? Que coisa mais patética! Agora, nem por isso vou compactuar com mentiras e concordar com a demonização dos militares e o endeusamento de terroristas (como Lamarca, Marighella e companhia); estes sim, queriam implantar uma ditadura do proletariado (nos moldes cubano).

Mas essa gente é irredutível, quando não tem argumentos, parte logo para a ridicularização do ponto de vista do outro (como se o outro estivesse dizendo a coisa mais absurda do mundo), ou então faz ataques pessoais (o que é pior). É verdade, porém, que os mais educados apenas silenciam. Outro dia, por exemplo, conversava sobre a censura à jornalista do SBT Rachel Sheherazade; minha amiga dizia que, no caso do marginal preso ao poste, a repórter incitara a população à violência. Discordei. Sheherazade dissera “... a atitude dos vingadores é até compreensível, o estado é omisso...”, ou seja, compreender algo não está implícito concordar, muito menos incentivar. Fosse assim, Marilena Chauí, no seu discurso em que dissera odiar a classe média, estaria incitando a violência contra a classe média. Mas aí, surpreendentemente, minha amiga racionalizou e veio com uma conversa de que a “filósofa” quis dizer outra coisa (é aquela história: um peso duas medidas). É interessante como são esses “democratas”. Não toleram opiniões diferentes; querem impor o seu modo de pensar. Na verdade, são amantes do totalitarismo (devem ter achado o máximo quando o ditador da Coréia do Norte padronizou o corte de cabelo masculino).

Essas coisas até me fizeram lembrar do que dissera o poeta Ferreira Gullar em uma entrevista a revista Veja. Ao ser indagado se era de direita, respondeu: “Eu de direita? Era só o que faltava. A questão é muito clara. Quando ser de esquerda dava cadeia, ninguém era. Agora que dá prêmio, todo mundo é. Pensar isso a meu respeito não é honesto. Porque o que estou dizendo é que o socialismo acabou, estabeleceu ditaduras, não criou democracia em lugar algum e matou gente em quantidade. Isso tudo é verdade. Não estou inventando”.

E quando perguntado sobre Cuba, disse: “Não posso defender um regime sob o qual eu não gostaria de viver. Não posso admirar um país do qual eu não possa sair na hora que quiser. Não dá para defender um regime em que não se possa publicar um livro sem pedir permissão ao governo. Apesar disso, há uma porção de intelectuais brasileiros que defendem Cuba, mas, obviamente, não querem viver lá de jeito nenhum. É difícil para as pessoas reconhecer que estavam erradas, que passaram a vida toda pregando uma coisa que nunca deu certo”.

Voltei. Pelo visto, as milhões de mortes cometidas pelo regime que eles defendem não representam nada. Essa turma parece ter mesmo uma humanização seletiva. Humanos só são as vítimas de ditaduras de direita – os “cumpanheiros”. Também carecem de umas aulinhas de razão e proporção. Viver em Cuba? Nem pensar! Esse pessoal gosta é do conforto capitalista e de muito dinheiro; defende os fracos e oprimidos apenas no discurso (o que importa é posar de bom moço. Afinal, imagem é tudo). Justiça social é ótimo, mas com os recursos alheios. 

Pois bem, com um histórico comunista, Ferreira Gullar é um belo exemplo de que nem tudo está perdido, é possível enxergar a realidade tal qual ela é; como diria o autor de “Esquerda Caviar”, Rodrigo Constantino: “Com alguma honestidade intelectual e com doses razoáveis de coragem, vários que estão hoje aprisionados nessas correntes ideológicas, por covardia, por medo, por vontade de agradar os incautos, por alienação ou por pura ignorância, conseguirão obter a própria liberdade e deixar o esquerdismo para trás".

Ednaldo Bezerra é estudante de Licenciatura em Letras da UFPE

7 comentários:

  1. Tenho lido com a devida atenção os seus escritos neste conceituado blog Opinião e depois da publicação sobre o Exército Brasileiro passei a acreditar ser a sua tendência em nada progressista, mas sim reacionária. Lamentável posicionamento.

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    1. Parece que alguns leitores não estão sabendo decifrar nos textos do Ednaldo Bezerra as colocações inteligentes que contém um pouco de merecida sátira nas comparações feitas. Acho muito bom seu papel crítico.

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  2. De esquerda esse Ednaldo Bezerra nunca foi....

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  3. Edvaldo Dantas Lopes29 de abril de 2014 às 23:56

    Concordo plenamente que o socialismo acabou e faz um bom tempo, quem não observou isso é porque não quis ou é desinformado. Que tomem por base o socialista ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, um verdadeiro ditador travestido que se une com a direita mais escrota do Estado para poder se manter no poder.

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  4. Cláudio de Melo e Silva30 de abril de 2014 às 07:09

    O Ednaldo parece ter uma tendência maquiavélica, nem parece fazer um curso de Letras na Universidade Federal de Pernambuco.

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  5. Respeito as opiniões distintas! Sobretudo as que vão somando soluções resolutas ao estado "piro-anárquico" que estamos mergulhados na atualidade... (Cláudio Chaves)

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