Sentia-me
alegre naquela quarta-feira. Manhã clara, cores vivas, o mar sereno,
e o vento, entrando pela janela do carro, acariciava-me o rosto; tudo
isso me dava uma sensação de vitalidade, um prazer difícil de se
expressar com palavras. O trânsito fluía, e eu chegara ao trabalho
um pouco mais cedo. Ao entrar na sala, avistei um livro em cima de
minha mesa. Abri-o. Encontrei, logo na primeira página, a seguinte
mensagem:
"Recife (PE), 26 de agosto de 1992
Caro colega Ednaldo,
Estou lhe ofertando um exemplar da Bíblia, na linguagem tradicional. Trata-se de uma coletânea de livros escritos sob inspiração de Deus, não havendo certeza apenas quanto à autoria dos primeiros quatro dos sessenta e seis livros.
Caso você ainda não conheça a Bíblia de perto, sugiro que comece a leitura pelo Novo Testamento, deixando para depois o livro Apocalipse, em virtude do seu difícil entendimento. Os próprios teólogos ainda polemizam quanto a sua interpretação. Concluído o Novo Testamento, é interessante voltar para o Antigo Testamento, começando pelos livros Provérbios (página 650) e Eclesiastes (página 678). Esses livros, embora escritos há mais de 2900 anos, são tão atuais quanto o jornal do dia. Certamente a partir daí a Bíblia será o seu livro de cabeceira.
Independentemente da sua religião e da corrente ideológica da sua simpatia, tenho certeza de que a leitura desses livros contribuirá significativamente para a melhoria da sua qualidade de vida, mesmo que ela seja considerada muito boa, segundo os valores que você elegeu até agora.
Não precisa de pressa. Também não se preocupe com os dogmas que normalmente lastreiam as religiões e seja pragmático, pois a Bíblia contém valiosos ensinamentos para o nosso quotidiano. É importante, também, que você não tome como referencial o testemunho negativo de alguns aventureiros mercenários, os quais, se dizendo pastores, exploram as pessoas menos esclarecidas.
Finalmente, desejo que o custo dessa Bíblia seja otimizado através da sua leitura pelo maior número possível de familiares e amigos.
Abraços afetuosos
DINARTE de Araújo Lima
Agência Natal Centro
Filiado à Igreja Batista”
Naquela época, fazia pouco tempo que me formara. Assim, deslumbrado com as Ciências Contábeis, minhas leituras consistiam basicamente em livros didáticos, relacionados à minha atividade profissional, e literatura. Meu interesse por Filosofia e pela Religião veio somente muito tempo depois. Portanto, apenas li o Novo Testamento dez anos mais tarde, em 2002, após mamãe me presentear com um livro intitulado “A Descoberta Diária”.
Do Velho Testamento, só me interessei pela leitura dos livros sapienciais. Parei por aí, e voltei, como outrora, a ler livros de ficção, hábito que ainda perdura, diga-se de passagem. Mas em 2006 meu filho nasceu. Como lhe demos o nome de Daniel, peguei a Bíblia, guardada há anos na estante, e fui conhecer melhor a história do profeta. Mamãe aconselhava-me a prosseguir na leitura e a assistir a um culto evangélico. Por curiosidade, fui a uma igreja Batista aqui perto de casa, o que me impulsionou a ler também Jó e Isaías.
Para resumir a história, apenas no ano passado – 2013 – é que peguei a Bíblia da igreja católica (uma versão comentada, que ganhara de presente de minha mãe em 1998) decidido a lê-la por inteiro. Porém, na semana passada, ao abrir o armário, deparei-me com o presente do amigo Dinarte.
Quanto tempo se passou, vieram-me à mente muitas lembranças. Por um instante, senti-me de novo lá, no Banco do Nordeste, analisando um projeto de irrigação junto com o Arcurso Sampaio. A imagem do Fontes à nossa frente digitando um relatório, de tão nítida, parecia real. Reli a dedicatória... Fiquei pensando: e se eu tivesse seguido os conselhos que estavam escritos naquelas linhas? Se pelo menos naquela época eu tivesse lido Provérbios, Eclesiastes e o Evangelho segundo São Mateus, certamente teria aprendido muitas coisas importantes bem mais cedo... O meu destino seria diferente? Como estaria hoje?... Mas tudo tem seu tempo. Consolei-me.
Quanto tempo se passou, vieram-me à mente muitas lembranças. Por um instante, senti-me de novo lá, no Banco do Nordeste, analisando um projeto de irrigação junto com o Arcurso Sampaio. A imagem do Fontes à nossa frente digitando um relatório, de tão nítida, parecia real. Reli a dedicatória... Fiquei pensando: e se eu tivesse seguido os conselhos que estavam escritos naquelas linhas? Se pelo menos naquela época eu tivesse lido Provérbios, Eclesiastes e o Evangelho segundo São Mateus, certamente teria aprendido muitas coisas importantes bem mais cedo... O meu destino seria diferente? Como estaria hoje?... Mas tudo tem seu tempo. Consolei-me.
Pois bem, esse relato destina-se, sobretudo, aos jovens; para que eles não façam como eu fiz. Jovens, sejam mais sábios, leiam a Bíblia e releiam-na o quanto antes. Não se afastem de um conhecimento essencial para a vida de vocês, por mero preconceito, motivado muitas vezes por observarem o fanatismo de alguns indivíduos que se julgam os donos da verdade. Em tudo que fizermos devemos estar sempre com o pensamento em Deus, pois de alguma forma Ele está dentro do nosso ser (façamos como o irmão Lourenço da Ressurreição, um leigo carmelita que viveu na França no século XVII, que não se distraía de Deus um só momento). Mesmo tendo a mente voltada ao Criador, dediquem algo em torno de vinte minutos para leitura da Bíblia – dois ou três capítulos por dia. Sem pressa. Isso lhes trará um grande benefício, podem acreditar. E por falar em sabedoria, permitam-me motivá-los e finalizar esta crônica solicitando-lhes que peguem, agora mesmo, uma Bíblia e leiam este belo trecho do Velho Testamento: a sentença de Salomão (1Rs 3, 16-28). Um abraço afetuoso.
Ednaldo Bezerra é estudante de Licenciatura em Letras da UFPE
Costumo ler matérias publicadas neste blog de autoria do estudante de Licenciatura da Universidade Federal de Pernambuco, Ednaldo Bezerra , mas não consegui ainda identificar de quem se trata, ou seja, a qual "Bezerra" triunfense pertence, porque faz bastante tempo que deixei minha cidade.
ResponderExcluirELE NÃO É DE TRIUNFO. E A FAMÍLIA BEZEERA DEVE SER OUTRA.
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