Marco Archer é fuzilado
A
procuradoria-geral da Indonésia confirmou que o carioca Marco Archer
Cardoso Moreira, 53, neto de amazonense, foi executado pelo governo às
15h30 deste sábado (17). Segundo o jornal Folha de São Paulo, o
procurador Tony Spontana informou apenas que a execução ocorreu dentro
dos padrões da legislação do País.
Marco
foi o primeiro cidadão brasileiro a ser executado por pena de morte. O
instrutor de voo livre foi preso ao tentar entrar na Indonésia, em 2003,
com 13 quilos de cocaína escondidos nos tubos de uma asa delta.
A
Indonésia pune com pena de morte o tráfico de drogas. Antes de ser
preso, Marco vivia viajando entre Bali e o Rio. Além dele, outros cinco
condenados de outros países foram fuzilados hoje.
Durante
a manhã de hoje, o brasileiro recebeu visitas de amigos e da tia Maria
de Lourdes Archer Pinto, que levou bacalhau para o sobrinho. Aos
repórteres da Folha, Lourdes demonstrou forte abalo emocional após e
afirmou que Marco “não merece isso”. Ela disse ainda que o sobrinho
chorou muito a abraçou durante a despedida.
A
execução se deu logo depois da meia-noite (fuso-horário indonésio)
dentro do complexo de prisões de Nusakambangan, em Cilacap, a 400km da
capital Jacarta.
CINEASTA NÃO SABE O QUE FAZER COM DOCUMENTÁRIO
O cineasta Marcos Prado, que dirigiu Paraísos Artificiais (2004) e produziu Ônibus 174 (2002) e Tropa de Elite (2007 e 2010), preparava um documentário sobre Marco Archer Cardoso Moreira, de 53 anos, executado por fuzilamento na Indonésia. Ele conversou com o Estado sobre o projeto.
Como surgiu a ideia para o documentário?
A ideia do documentário veio do próprio Curumim (apelido de Marco Archer).
Há dois anos ele esteve na mesma situação, no corredor da morte, para
ser executado. O advogado conseguiu que a execução fosse cancelada.
Nesse momento de tensão ele falou com um amigo nosso em comum que me
procurou perguntando se eu queria fazer um filme sobre ele. Eu resolvi
fazer. Mas, ao fazer um filme de uma pessoa que está dentro de um
presídio de segurança máxima, você não consegue muitas imagens.
Então
eu estava esperando ele sair, eu acreditava que ele iria sair por
diversas razões: pressões internacionais relacionadas à penas de morte, o
ministro da Justiça da Indonésia que é contra pena de morte, então
existiam indícios de esperança de que talvez as leis da Indonésia
mudassem. Existiam boatos de que o pedido de clemência feito pela Dilma
na Rio + 20 para o presidente anterior iria funcionar, existia um
“otimismo diplomático” de estava tudo certo, estava sendo bem negociado.
Tinha esse otimismo e eu segui tendo contato com o Marco por dois anos,
por telefone, mas para realmente fazer um filme sobre o protagonista
você precisa de imagem e eu não tenho essas imagens. Então é um projeto
que ainda vai ser analisado, que eu não sei se eu vou fazer.
Você chegou a visitá-lo na prisão?
Fui
lá uma vez, em 2014. O segundo pedido de clemência feito pela Dilma não
tinha sido respondido, mas ele tinha muita fé que iria sair. O presídio
em que ele ficava é moderno e não tem similaridade com as cadeias
brasileiras: tem quadra de tênis, sala de ginástica, três igrejas, um
mercadinho, uma cozinha. Se o prisioneiro quiser comprar um prato, um
frango, algo diferente do que é oferecido pelo na cantina, ele pode. O
Curumim jogava tênis todo dia, estava com a pele bronzeada, tinha várias
horas em que não precisava ficar trancafiado. A saúde dele, tanto
mental quanto física, estava em boas condições. E ele tinha essa
esperança, essa certeza na verdade, que a coisa ia se reverter para o
lado dele.
Quando isso mudou?
Depois
que saíram as notícias nos jornais do mundo inteiro dizendo que o
presidente ia executar seis prisioneiro e seu nome estava na lista, no
início de janeiro, Marco ficou com sentimento dúbio. Acreditava numa
saída diplomática mas mudou completamente, óbvio. Ele estava tenso. Eu
falei: “Curumim, se precisar, faz um pedido de clemência, vamos gravar,
explicando os motivos para sair daí, porque se as coisas não andarem
conforme o que você espera, vamos fazer de outra forma”. E ele gravou
aquele vídeo (que circulou no Youtube essa semana) para tentar de alguma forma reverter o que estava acontecendo.
O que ele queria mostrar nesse documentário? Qual era o principal objetivo dele?
Ele
me falou que não queria ser lembrado como o primeiro brasileiro
executado da história do País, que estava arrependido, que queria falar
aos jovens que não cometessem essa burrice. Ele já estava nessa prisão
há 11 anos, já tinha sido duro demais. Já a minha motivação para fazer
esse filme era contar uma história de volta por cima, e não o roteiro
trágico do anti-herói. Queria acompanhá-lo quando ele retornasse, seguir
vendo o seu cotidiano dele, se realmente ia retomar a rotina. Essa era a
ideia do projeto. Agora ,com a execução, talvez existem outros temas
que valham a pena ser explorados. O ideal seria esse, era o meu ideal.
Eu realmente comecei a acreditar acho que o Curumim sai dessa. Mas
infelizmente não aconteceu.
Fonte: MSN/Estadão
Bem feito!!!
ResponderExcluirMUITO TRISTE O QUE ACONTECEU COM ESSE JOVEM.
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