quarta-feira, 20 de maio de 2015

CUIDADO COM OS PASSAGEIROS - POR: LUIZ SAUL PEREIRA




Voltando de Serra Talhada para Brasília, via Recife, tive aquela estranha sensação de perigo iminente quando entrei no avião e me deparei com aquela ruma de políticos com o mesmo destino. Acho que viajar com esse pessoal é uma coisa meio arriscosa, em primeiro lugar por que não se trata em sua generalidade de uma companhia edificante. Depois, porque imagino que se rogam tantas pragas nesses indivíduos – desde unha encravada até queda de avião – que é melhor evitar.

O interessante é a postura de imunidade pretensa que assumem em todas as ocasiões públicas, como se os olhares repreendedores da sociedade não estivessem neles cravados. Sentam-se preferente nas primeiras poltronas ou nos corredores da aeronave assumindo uma atitude de espécie de anfitriões na expectativa de um reconhecimento respeitoso e de submissa admiração que já não acontece. Mas, imagino que quando se sentam em seus privados podem até enrubescer.

Mas, nem sempre se comportam com essa pose de sacerdotal e compreensiva sabedoria. Certa vez, indo também para Recife, toquei inadvertidamente em um jornal de um deputado petista, imediatamente seguido pelo pedido de desculpas. Interrompido em sua leitura, fulminou-me com um silencioso olhar 43. Fiz o mesmo de volta e fiquei feliz para sempre, lembrando-me sempre dele como um exemplo a não ser escrutinado. Nome? Maurício Rands, baixinho, barbudinho, inexpressivo. Ele nem se lembra de mim, e eu jamais o esqueci.

Aí, naquele ambiente de não ter para onde correr, as línguas dos cidadãos esclarecidos ficam coçando para fazer perguntas objetivas sobre a atuação parlamentar deles, com uma louca vontade de desmascarar os comportamentos falsetes de cada. Mas, esses voos terminam acabando na pizza de um desembarque rápido e fugidio para vida parlamentar seguir no mesmo diapasão.
Em alguns casos, como aconteceu em um restaurante e em um hospital paulistas, essa língua cidadã esqueceu a característica apaziguadora para ironizar e constranger os ex ministros Padilha – aquele do Mais Médicos para recuperar os cofres de Cuba – e Guido Mantega, o qual, dentre tantas diatribes, dirigiu as pedaladas contábeis da Dilma.

Esse abandono da singeleza pacifista do cidadão deslinda a intolerância a que fomos conduzidos na avaliação desses “prestadores de serviço” que zombam do contrato firmado com o povo. Nem se pode afirmar que seja a melhor solução, depois que os caras foram desapeados. Pareceria melhor que fossem marcados a ferro em nossas consciências como garantia não voltarem a receber um voto que não o de desconfiança, no futuro, assim como para proteger a pátria desanimada.

Mas, pelo sim pelo não, melhor evitar voar nas segundas, terças, quintas e sextas feiras em qualquer avião que passe por Brasília. Doravante, enquanto persistir essa zorra, vou programar as minhas viagens para quartas feiras, sábados e domingos. E ainda com o cuidado de cotejar a lista de passageiros e ainda bater três vezes na madeira.


 

Por: Luiz Saul Pereira

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