segunda-feira, 15 de junho de 2015

BRASIL CONTINUA NA LUTA PELA ERRADICAÇÃO DO TRABALHO INFANTIL - POR CARLA NOGUEIRA



Em 12 anos, país reduziu em 60% o número de crianças e adolescentes em trabalho precoce. Ampliação das ações intersetoriais, com participação de estados e municípios, é desafio para os próximos anos

Brasília, 12 – Nascida em Santa Maria da Vitória (BA), Lindaci Maria Cortes, 51 anos, teve uma infância diferente de muitas crianças. Brincar e estudar não fazia parte do seu dia a dia. Era na lavoura, ajudando seu pai a capinar, plantar e colher que ela preenchia o tempo. E ainda ajudava sua mãe no trabalho de lavadeira. “Comecei com 10 anos. Lembro que tinha que andar muito até o rio onde minha mãe lavava as roupas, carregando trouxas nas costas e cabeça. Além disso, ajudava com a limpeza da casa e na cozinha”, conta.

Lindaci conheceu a escola aos 11 anos, mas a vontade de estudar durou apenas dois anos. “Mal sei escrever meu nome”, afirma. A dificuldade familiar fez com que ela desistisse dos estudos. "Não tínhamos dinheiro para roupa, material escolar, passávamos necessidade. Estudar como dessa forma?”, questiona.

Aos 14 anos casou e continuou a trabalhar com o que aprendeu desde pequena, lavoura e afazeres domésti cos. Assim permaneceu até os 29 anos, quando chegou em Brasília e foi trabalhar como doméstica. Hoje, ela é agricultora familiar, no assentamento Chapadinha, na região de Planaltina, na capital federal.

Mãe de três filhas e avó de sete netos, dois criados por ela, Lindaci conta que nunca deixou nenhum deles trabalhar. “Sempre estimulei a estudar. Não quero que eles passem pela mesma história”. A agricultora destaca ainda que sonha em vê-los em uma faculdade. “É o sonho de todo pai e também o meu como avó. Se depender de mim, eles terão um futuro melhor”.

A erradicação do trabalho infantil é um grande desafio social. No Brasil, o trabalho precoce é proibido por lei. Só pode entrar no mercado de trabalho quem tem mais de 14 anos, na condição de aprendiz. O combate ao trabalho infantil no país tem avançado. Entre 2001 e 2013, o Brasil reduziu em 60% o número de crianças e adolescentes nessa situação.


Por: Carla Nogueira

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