Com o ajuste fiscal do Levy na moda, tudo o que refoge ao tema, aqui em Brasília, soa como ameaça à política do governo e à quebra da Previdência. Ainda que me falte conhecimentos profundos sobre a ciência da atuária, fico sempre com a impressão leiga de que essa cantilena consolidada nos muitos últimos anos serve como aquelas estórias de que tomar leite com manga faz mal, e aquelas outras ditas às crianças que se desobedecerem, o “bicho papão vai te pegar”.
Alheia à carochinha, a oposição deleita-se na desmistificação da tese, e toca o terror construindo bolas espinhentas de bananeira para jogar no colo da dilma sapiens.
Desta vez, a Câmara do Eduardo estendeu aos aposentados a atualização – não se pode chamar de aumento – de seus proventos com base no cálculo da variação do salário mínimo. A medida, sobre ser justa, teria o condão de reparar a injustiça social e financeira de que os jubilados e/ou reformados são vítimas, após a sua contribuição para o que se costuma chamar de o bem do Brasil, ou algo parecido.
Ato contínuo, os arautos do caos bradaram que a eventualidade da aprovação do benefício tornaria sem efeito o ajuste fiscal do Levy, elevando a despesa em cerca de R$9,2 bilhões. Até que parece possível um empate técnico, mas a Previdência não quebraria. Ademais disso, não há que se justificar essa imposição de menos valia aos aposentados com base em argumentos que ao fim e ao cabo traduzem a incúria, a indolência e a desídia na administração de uma política econômica.
No Senado, parece que o Renan dá sinais de que a medida pode não passar. Mas, se acaso for aprovada, a dilma sapiens terá nas mãos a batata quente de vetar, e, com isso, aumentar o passivo seu e do partido, que, aliás, cresce como um bolo no forno.
Não é de hoje que o Brasil cultiva uma relação tão injusta com os aposentados. Aliás, quando se cogita, como agora, estabelecer as regras 85/95 para alcançar a jubilação, os legisladores da maldade nem parecem perceber o dilema que criam nos trabalhadores. Mesmo com esses novos parâmetros, é certo que muitos não poderão aposentar com uma sobrevida digna, em face da redução dos ganhos em confronto com as mesmas responsabilidades de prover a família e a si próprio.
Mas, eu não me engano: a mulher sapiens vai vetar.
Por: Luiz Saul Pereira
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