terça-feira, 16 de junho de 2015

NUBENTES DORMEM EM QUARTOS SEPARADOS - POR LUIZ SAUL



No casamento de conveniência entre o PT e PMDB, os nubentes dormem em quartos separados desde a lua de mel. Daí que estão preparando os documentos para a realização do divórcio.

De um lado, ambos reconhecem que têm mais divergências do que convergência, como alardeia o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, talvez o principal aliado opositor, se é que se pode assim definir. Mas, ainda tem outros, como o senador Renan Calheiros, o qual, por melindre político, por desatendimento, ou pelo simples desejo de descolamento do Planalto, engrossa o sentimento do fim da relação. Pode estar acontecendo um simples exaurimento, ou talvez uma percepção de seguir sozinho com candidato próprio, o que seria uma enorme novidade.

O Presidente Eduardo tem defendido abertamente o fim da coalização, chegando a agradecer com extrema ironia as vaias que os petistas lhe dedicaram durante o congresso, um tipo de descortesia que se refletirá inevitavelmente nos desdobramentos. Vale dizer que nesse ambiente de radicalismo, todos possivelmente sairão perdendo, uns mais, outros menos. Com a força política adquirida após a investidura na presidência da Casa, tem dito que o partido não repetirá a aliança. E diz ainda que continuará fustigando a comandanta. 

No congresso petista, a aprovação da continuidade dessa aliança do tipo mula sem cabeça passou por um triz, na medida em que grande parte dos delegados já não suporta a convivência forçada pelo projeto de poder que vem embalando a todos nos últimos anos. A hostilidade contra o PMDB, ou especialmente contra alguns do seus cabeças coroadas perdeu a latência para se transformar em um tipo de grito de guerra. Significa que essa ausência de diplomacia capaz de esconder a bílis somente prejudicará os esforços do Joaquim Levy de construir a continuidade do seu ajuste fiscal no que respeita a onerar aquilo que foi desonerado no estímulo do consumo.

Não bastasse isso, pendula ainda na cabeça da madama a decisão de vetar, ou não, a alteração do fator previdenciário, sob a severa ameaça peemedebista de retaliação, acaso se confirme o veto.

E, como tudo o que é ruim tem espaço para piorar, os peemedebistas mantém sua desconfiança sobre a manobra do Aloísio Mercadante, versão às avessas do Cardeal de Richelieu, o qual teria tentado esvaziar o Michel Temer como titular da administração das relações institucionais. Isso, depois de o vice presidente haver comandado a pacificação mínima do Congresso nessa emulação entre os poderes.

Em política é assim: hoje eles se odeiam. Mas, quem sabe, se rolar um beijinho de convergência dos interesses, dirão que tudo foi um engano, com promessas de felizes para sempre, ainda que não compreendam a extensão do “sempre”.



Por: Luiz Saul Pereira

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