No
casamento de conveniência entre o PT e PMDB, os nubentes dormem em
quartos separados desde a lua de mel. Daí que estão preparando os
documentos para a realização do divórcio.
De
um lado, ambos reconhecem que têm mais divergências do que
convergência, como alardeia o presidente da Câmara, Eduardo Cunha,
talvez o principal aliado opositor, se é que se pode assim definir.
Mas, ainda tem outros, como o senador Renan Calheiros, o qual, por
melindre político, por desatendimento, ou pelo simples desejo de
descolamento do Planalto, engrossa o sentimento do fim da relação.
Pode estar acontecendo um simples exaurimento, ou talvez uma
percepção de seguir sozinho com candidato próprio, o que seria uma
enorme novidade.
O
Presidente Eduardo tem defendido abertamente o fim da coalização,
chegando a agradecer com extrema ironia as vaias que os petistas lhe
dedicaram durante o congresso, um tipo de descortesia que se
refletirá inevitavelmente nos desdobramentos. Vale dizer que nesse
ambiente de radicalismo, todos possivelmente sairão perdendo, uns
mais, outros menos. Com a força política adquirida após a
investidura na presidência da Casa, tem dito que o partido não
repetirá a aliança. E diz ainda que continuará fustigando a
comandanta.
No
congresso petista, a aprovação da continuidade dessa aliança do
tipo mula sem cabeça passou por um triz, na medida em que grande
parte dos delegados já não suporta a convivência forçada pelo
projeto de poder que vem embalando a todos nos últimos anos. A
hostilidade contra o PMDB, ou especialmente contra alguns do seus
cabeças coroadas perdeu a latência para se transformar em um tipo
de grito de guerra. Significa que essa ausência de diplomacia capaz
de esconder a bílis somente prejudicará os esforços do Joaquim
Levy de construir a continuidade do seu ajuste fiscal no que respeita
a onerar aquilo que foi desonerado no estímulo do consumo.
Não
bastasse isso, pendula ainda na cabeça da madama a decisão de
vetar, ou não, a alteração do fator previdenciário, sob a severa
ameaça peemedebista de retaliação, acaso se confirme o veto.
E,
como tudo o que é ruim tem espaço para piorar, os peemedebistas
mantém sua desconfiança sobre a manobra do Aloísio Mercadante,
versão às avessas do Cardeal de Richelieu, o qual teria tentado
esvaziar o Michel Temer como titular da administração das relações
institucionais. Isso, depois de o vice presidente haver comandado a
pacificação mínima do Congresso nessa emulação entre os poderes.
Em
política é assim: hoje eles se odeiam. Mas, quem sabe, se rolar um
beijinho de convergência dos interesses, dirão que tudo foi um
engano, com promessas de felizes para sempre, ainda que não
compreendam a extensão do “sempre”.
Por: Luiz Saul Pereira
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