Fazia sol naquela manhã de domingo; acabara a missa, e todos saíamos da igreja.
De longe
avistei o professor Saraiva conversando com o Jurandir, à sombra de uma mangueira. Fui até lá para cumprimentá-los.
O Jurandir
assistira a um vídeo do padre Paulo Ricardo, na internet (https://www.youtube.com/ watch?v=iX9Tk62-pxQ);
e perguntava ao professor Saraiva:
Que história é
essa de que quem apoia o comunismo está automaticamente excomungado?
Bem, o papa
Pio XII ratificou isso em um decreto de 1949, como diz o vídeo que você
assistiu. Ou seja, de acordo com cânone 1364 do Código de Direito Canônico de
1983, a excomunhão do apóstata é automática. Cabe dizer que, em 05 de junho de
1963, durante o Concílio Vaticano II, o Papa João XXII condenou até o voto a
comunistas e afins.
É! Mas está escrito também na Bíblia, em Atos 4,32; o
seguinte: “A multidão dos fieis era um só coração e uma só alma. Ninguém considerava sua
propriedade o que possuía. Tudo entre eles era comum”, ou seja, aqueles
cristãos já viviam num socialismo.
Não me venha com
bravatas, Jurandir. É fato que muitos dos que habitavam nas comunidades
primitivas em Jerusalém abdicaram de seus bens em favor da comunidade, porque
ali havia a fé em Jesus Cristo. Na verdade, nada temos, tudo na realidade é de
Deus. Então, por que não compartilhar? Pressupõe-se, portanto, naquelas
comunidades, a existência de um clima de solidariedade entre eles, onde não há
corrupção e todos se empenham para construir um bem comum. Ninguém fica na aba
do outro, por assim dizer...
Ora, tal modo de vida é muito diferente do
socialismo, não há a mínima semelhança, pois o socialismo nos moldes atuais é
calcado na inveja, nele há corrupção, se quer uma casta usufruindo as benesses,
dissemina-se o ódio na sociedade, a discórdia (sobretudo a briga entre classes
sociais), incentiva-se a acomodação e a indolência, e por aí vai. Ah! E o
principal: não há crença em Deus. Pelo contrário, para um marxista, “a religião
é o ópio do povo”. Pois bem, meu amigo, observando este dizer do versículo “A
multidão dos fieis era um só coração e uma só alma” (e isso explica tudo, pois
a multidão era um só corpo em Jesus Cristo), não há como querer comparar a vida
daquelas comunidades com o que prega o marxismo.
– Ora,
isso é só a sua interpretação, Saraiva!
– Bem...
Agora você já sabe que comete apostasia. Pelo menos de acordo com o meu ponto
de vista e o do padre Paulo Ricardo...
– Mas
eu não sou comunista, sou apenas petista.
O professor Saraiva deu uma risada, e
disse:
– Ora,
de que me adianta argumentar mais alguma coisa, meu amigo Jurandir? Aja como
quiser, de acordo com a sua consciência. Até mais ver! E lembranças a Joaquina.
Ednaldo
Bezerra é escritor
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