segunda-feira, 20 de julho de 2015

ERREI E NÃO FOI A PRIMEIRA NEM ÚLTIMA VEZ... POR LUIZ SAUL


Errei feio quando avaliei que o PMDB poderia apoiar o Eduardo Cunha, se não na extensão do rompimento unilateral com o Planalto, mas pelo menos através de solidariedade ao seu deputado filiado, na campanha de abalroamento que desenvolve contra o PT e o governo da dilma. 

Esqueci-me da coisa característica do meio que é o interna corpore, que, no caso, se deveria chamar de algo como generis corpore. O efeito da intrepidez do Cunha foi exatamente o contrário, na medida em que, tanto o PMDB quanto quase todos os partidos não alinhados adotaram postura especialmente cautelosa, com veladas críticas à ligeireza verborrágica e o açodamento do presidente da Câmara. O instinto de preservação e a visão das perspectivas futuras em um conflito político que ainda não define vencedor certamente aconselharam um tipo de sabedoria e de percepção oportunista.

Somente o Paulinho da Força, que vem a ser o virtual dono do Solidariedade, partido respingado pelas denúncias envolvendo o advogado Cedraz, filho do presidente do TCU, apoiou o Eduardo, sem restrições. 

De qualquer sorte, parece não restar meios para consertar a fenda aberta nas relações dos poderes. O Planalto apostará no enfraquecimento do Eduardo e no seu abandono pelos colegas parlamentares, ora por conta de sua postura de aparente inconsequência, ou ainda pela distribuição de mimos, vale dizer, emendas e cargos. Já o deputado intensificará a cruzada de fustigar a dilma, o Juiz Moro e o Procurador Janot, além dos que chama de aloprados do Planalto. Somente na hipótese do surgimento de “novidades” efetivas da Lava Jato o assunto propina poderá oferecer um desfecho antecipado dessa vertente da crise. 

Enquanto isso, olhando para as reações dos parlamentares será bastante razoável supor que o Eduardo, tendo perdido a aura de enfrentador responsável, será gradativamente desconstruído, por convencimento de quem lhe retirou o crédito, ou pela perspectiva de rapinagem futura.

Na volta das estranhas férias parlamentares, o Congresso defrontar-se-á com ações novas do tipo instituição de CPIs e requerimentos de avaliação do impedimento da dilma. Mas, no interregno, todos os subterrâneos estarão ocupados para a busca de soluções para acalmar os ânimos ou para retirar os tapetes.

Eu errei e não foi a primeira nem última vez. Mas, tem muito mais gente que pode haver errado nas suas avaliações de cenário, como é principalmente o caso do Eduardo Cunha.



Por: Luiz Saul Pereira

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