Por incomum, a presença de militares graduados no tipo de irregularidade
que vem redefinindo o perfil das relações políticas e empresariais do
Brasil constitui uma constrangedora
novidade. Isso porque, mesmo nos anos de chumbo, com o registro de
empreendimentos sugadores do erário ao estilo Rodovia Transamazônica, o
brasileiro viu qualquer coisa longinquamente semelhante ao que ocorre
hoje por aqui.
A detenção do almirante Othon Luiz Ribeiro da Silva por suposto envolvimento nas coisas da Lava Jato, não o remete, no primeiro momento, à condição de culpado – como, de resto, ninguém o é até o prolatar da sentença – e, sendo uma situação isolada, não há de deslustrar as Forças Armadas. Mas, certamente poderá significar que a vestimenta militar não assegura ilibação. O Almirante é reformado e licenciado do serviço ativo desde 1994.
Significa também que, como o crime não tem ética, o braço da perversão pode haver convertido às suas linhas personagens antes não imaginados. Essas Forças Armadas, em que pese o sofrimento com que recentemente infligiu ao Brasil, parece remanescer íntegra em suas fileiras gerais.
O fato é que, quando aquele âncora falava em “passar o país a limpo” dificilmente imaginaria uma ação de tamanha abrangência e envergadura onde a Justiça avança de forma avassaladora, não sobre as instituições, mas na direção daqueles as desencaminharam. Com efeito, depois da Petrobrás e respectivas subsidiárias, o Juiz Sérgio Moro secundado pelo Ministério Público Federal e pela Polícia Federal incursiona pelo setor de energia a partir da Eletronuclear em que se observa a mesma metodologia criminosa transitada na petroleira, sendo certo que a fase Radioativa está apenas no começo.
É importante considerar que, assim como a Petrobrás esteve sempre sob o domínio do PT, consta que esse setor elétrico há muito sofre grande influência do PMDB no que respeita ao provimento de cargos. O pânico parece estar estabelecido impedindo o sono de todas as paróquias políticas e do compadrio tradicional. Daí que se abre nova janela da crise, em condições de se espraiar na direção dos caciques e também da arraia miúda desse e de outros partidos. É uma fenda do vulcão que se abre para despejar a lava fervente em um conjunto de circunstâncias que já arde sem precisar de auxilio ou de reforço de fogo.
Pelo visto, a fumaça com sinal de fogo parece estar impregnada em basicamente todas as instituições nacionais detentoras de grandes orçamentos.
Talvez por isso, com a avaliação da epidemia do crime, a agência de classificação de risco Stdandard &b Poor’s, ao optar pela manutenção da nota de crédito de longo prazo do Brasil na classificação BBB, decidiu substituir a subclassificação de “estável” para “negativa”, ou BBB-. Podemos chamar isso de o bico do corvo.
E vem mais coisa por aí, com e sem uniforme militar.
Por: Luiz Saul Pereira
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