terça-feira, 24 de novembro de 2015

PRA VER A LAMA E O LIXO PASSAREM... - POR LUIZ SAUL

Depois de 4 ou 5 dias acampado em um leito hospitalar com umas ameaças bestas, felizmente não confirmadas, mas sem computador, sentei a minha impotência na sarjeta para ver a lama e o lixo passarem. E como passaram!

Passou na minha frente a lama literal da barragem radioativa ou o que valha da Samarco destruindo tudo o que viu e o que não viu. O assunto ainda continua em cartaz não se sabe por quanto tempo. Isso porque por aqui é assim: enquanto dá ibope e promove holofotes ecoam as promessas de punições e de soluções. Se a mídia, no entanto, retirar o assunto da pauta, vai morrendo, morrendo, até morrer. No caso, jamais saberemos o que pensam a fauna e a flora, porque morreram. Aliás, o ensaio já está no ar com a promulgação do Decreto 8.572, de 15.11.2015, em que a dilma considera “como natural o desastre decorrente do rompimento ou colapso de barragens que ocasione movimento de massa, com danos a unidades residenciais.” Coincidência?

A outra lama escorreu gloriosa no Congresso. Nas duas Casas que o formam já aconteceu de tudo um pouco e um muito. Que eu me lembre, já rolou assassinato transverso quando o senador Arnon de Mello, pai do Fernando Collor, o Breve, atirou Péricles Silvestre e acertou José Kairala, que morreu. Já na Câmara, os deputados Souto Maior e Nelson Carneiro, depois do uma troca de tapas chinfrim, patrocinaram um tiroteio de má pontaria. Em todos os casos, os parlamentares foram absolvidos, tanto pelo assassinato, quanto pela troca de tapas e tiroteio. O instituto do foro privilegiado, se enrubesce a maioria, sempre privilegiou a minoria delinquente.


Nos dias de hoje, ainda acontecem coisas bizarras como aquele deputado que diz que a colega não merece um estupro; aquele outro que afronta o presidente do STF com o punho cerrado; aquele que afirma que vai para o pau com quem discorda da sua ideologia; aquele que tem um assessor-cofre. Enfim um conjunto de “representantes do povo” que considera que essa coisa de decorro parlamentar não passa de uma referência a ser ignorada. 

Mas, apesar desses desdouros decorrentes de uma filosofia transcendente de impunidade e da percepção intocabilidade que parecem ainda alimentar o ego e o comportamento de boa parte desses entronados, aquela casa de Mãe Joana talvez não haja passado pelas esquisitices do presente, em que a estrela maior ilumina o seu presidente Eduardo Cunha. 


Com efeito, minguando a cada minuto os apoios de conveniência, e lhe restando apenas um já questionado abrigo de parte do PT, que, por medo do impeachment e por orientação do Palácio, ainda lhe oferece alguma sustentação envergonhada, o presidente da Câmara tem lançado mão de todas as manobras para inviabilizar a Comissão de Ética, cuja parte dos membros não ostenta nem pratica a ética desejável. Enquanto submete a Casa que preside a substrato de pó de josta, o deputado sequer se ruboriza na altaneira e ultrapassada arrogância. 

Todos esses episódios dos últimos muitos anos de degeneração moral poderiam até ser pedagógicos para regenerar o pensamento e a ação dos “nossos” prováveis futuros agentes públicos. Essas esperanças afiguram-se natimortas quando se observa, por exemplo, o projeto de renovação dos quadros dos partidos. O que estão chamando de “renovação” guarda mais uma aparência de hereditariedade.

No caso do PSDB, apresentam-se os seguintes herdeiros de sobrenomes sugestivos: Bruna Furlan, Arthur Virgílio Bisneto, Bruno Covas, Pedro Cunha Lima, Mariana Carvalho e outras “coincidências”. Quem conhecer minimamente a genealogia dessa turma, haverá de rever o significado do verbo renovar. Vai que o futuro tem cara da mesma tenebrosidade atual.

Na mesma visão da minha sarjeta hospitalar ainda passou o lixo da camuflagem da loroteira ambientalista Marina Silva ante o infortúnio de Minas Gerais/Espírito Santo. Esse silêncio ensurdecedor demonstra o seu vazio e pode frustrar a sua aspiração de herdar as intenções de votos hoje destinadas ao falecido PT. 

E, por fim, ainda teve aquela incontinência verbal do Lula, em Salvador, que, depois ser vaiado, reafirmou o mantra ignóbil de que “nunca na história desse país o negro teve a oportunidade de ser médico, engenheiro, e não só ajudante de pedreiro nas grandes capitais ou empregadas domésticas”. Um homem sabidamente inteligente na plenitude da imbecilidade enrustida. Um lixo!

Aliás, não sei porque se comemora o dia da consciência negra. Afinal, o centro, o cerne da humanidade tem em sua representação básica apenas um vetor chamado “ser humano”. A divisão ou a estratificação pelas cores branca, parda, negra, amarela, vermelha não passa de uma cizânia inventada pelos “cientistas” para dividir as tribos na segregação dos patamares sociais. Outro lixo!
Aí, eu recebi alta hospitalar.


 Por: Luiz Saul Pereira
         Jornalista




2 comentários:

  1. Ao ilustre Jornalista Luiz Saul Pereira parabenizo-o pelo excelente artigo crítico da situação atual em que se encontra submergido o nosso país, coincidente com o anúncio do nosso "messias do PT" ao afirmar que todos estavam no "volume morto" das águas turvas e pútridas...O interessante é que o instigante artigo, foi escrito pelo insigne jornalista quando internado no leito hospitalar (e, felizmente, obteve alta curado), demonstrando que o seu espírito de jornalista transcende as adversidades e é um tônico revitalizante para a vida. Parabéns! Muita saúde! (Lucilo Correia de Araújo)

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  2. Muito bom artigo, parabéns...

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