A Polícia Federal em Pernambuco cumpre, na manhã desta terça-feira
(15), três mandados de busca e apreensão no estado como parte da
Operação Catilinárias. A ação tem como objetivo o cumprimento de 53
mandados de busca e apreensão expedidos pelo Supremo Tribunal Federal,
referentes a sete processos instaurados a partir de provas obtidas na
Operação Lava Jato. Um quarto mandado seria cumprido, mas foi cancelado
de última hora.
Em Pernambuco, a atuação dos agentes aconteceu nas cidades do Recife, Brejão e Petrolina. Nesta
última, o endereço informado pela Polícia Federal é o do escritório
político do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), no Centro da cidade.
No Recife, a investida acontece em um escritório localizado dentro da
loja Grillo's, na Imbiribeira, Zona Sul da cidade. Em Brejão, a ação da
PF ocorreu na Agropecuária Nossa Senhora de Nazaré, localizada na
Fazenda Esperança.
A PF também investiga o ex-presidente da Copergás, Aldo Guedes, nome ligado ao ex-governador Eduardo Campos (PSB).
Em julho, a PF já havia cumprido mandados de busca e apreensão contra
Fernando Bezerra Coelho e Aldo Guedes como parte da Operação Politéia,
um dos desdobramentos da Operação Lava Jato. Na ocasião, os federais
estiveram na casa do senador, no bairro de Boa Viagem.
A assessoria do senador Fernando Bezerra Coelho divulgou nota na qual
diz reiterar a "confiança no trabalho das autoridades". O texto também
afirma que o senador continua à disposição para "colaborar com os ritos
processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas".
Escritório de Fernando Bezerra Coelho (PSB) em Petrolina (Foto: Amanda Franco/G1) |
Em Brasília, a PF realizou mandado de busca e apreensão na residência oficial do presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
assim como em sua residência no Rio de Janeiro. Ao menos 12 policiais e
três viaturas foram deslocados para a casa de Cunha em Brasília, que
fica na Península dos Ministros.
A polícia ainda cumpriu mandado de busca e apreensão em endereços
relacionados aos deputados federais Aníbal Gomes (PMDB-CE), e Áureo
(SD-RJ); e dos ministros, Celso Pansera (PMDB-RJ), de Ciência e
Tecnologia, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Turismo. O prefeito
de Nova Iguaçu e ex-deputado Nelson Bornier (PMDB), aliado de Cunha,
também é alvo da ação.
Outro mandado foi cumprido na sede do PMDB em Alagoas, relacionado ao inquérito do senador Fernando Collor (PTB-AL).
Os senadores Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, e
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) também são alvos da operação desta
terça.
Pansera foi nomeado ministro na última reforma ministerial promovida
pela presidente Dilma Rousseff. Antes de ser deslocado para a pasta, o
peemedebista cumpria mandato de deputado federal e era um dos principais
aliados de Eduardo Cunha na Câmara.
Durante as investigações da Lava Jato, Pansera chegou a ser acusado
pelo doleiro Alberto Yousseff de ser "pau mandado" do presidente da
Câmara.
O ministro Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara, também integra a ala mais próxima de Cunha no PMDB.
A Polícia Federal também confirmou que cumpriu mandados no Ceará e no
Rio de Janeiro em endereços relacionados ao ex-presidente da Transpetro
Sérgio Machado. Em depoimento à Justiça do Paraná, o ex-diretor de
Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa citou Machado
como responsável pelo pagamento de R$ 500 mil em propina oriunda de
contratos da estatal supostamente superfaturados, entre 2009 e 2010.
Machado nega os pagamentos.
A assessoria do Ministério da Ciência e Tecnologia se limitou a dizer
que não vai comentar o assunto e que ainda não fizeram contato com o
ministro.
O G1 entrou em contato com o Ministério do Turismo,
mas, até a última atualização desta reportagem, a pasta não havia se
manifestado sobre as buscas na residência deo ministro Henrique Alves.
Procurada, a assessoria de imprensa do senador Edison Lobão pediu que a reportagem procurasse a defesa do peemedebista. O G1 ainda não havia conseguido localizar o advogado de Lobão até a última atualização desta reportagem.
A operação
De acordo com a Polícia Federal, foram expedidos 53 mandados de busca e apreensão, referentes a sete processos da Lava Jato. O principal objetivo da PF é evitar que investigados destruam provas e apreender bens que, segundo as investigações, podem ter sido adquiridos pela prática criminosa.
A PF também informou que, além das residências de investigados, são
realizadas em sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos
públicos.
Os mandados foram cumpridos no Distrito Federal (9), em São Paulo (15),
Rio de Janeiro (14), Pará (6), Pernambuco (4), Alagoas (2), Ceará (2) e
Rio Grande do Norte (1).
Veja abaixo o nome de quem foi alvo da operação desta terça:
Aldo Guedes, que, segundo as investigações, seria ligado ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, falecido em 2014
Alexandre Santos (PMDB-RJ), ex-deputado federal
Altair Alves dos Santos, que, segundo o lobista Fernando Baiano, recebeu RS 1,5 milhão para repassar a Cunha
Aníbal Gomes (PMDB-CE), deputado federal
Áureo Lídio (SD-RJ), deputado federal
Celso Pansera (PMDB-RJ), ministro de Ciência e Tecnologia
Denise Santos, chefe de gabinete do presidente da Câmara
Djalma Rodrigues de Souza
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
Eduardo da Fonte (PP-PE), deputado federal
Edison Lobão (PMDB-MA), senador e ex-ministro de Minas e Energia
Fábio Ferreira Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da Caixa, indicado por Eduardo Cunha para o cargo
Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), senador
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), ministro do Turismo
Lúcio Funaro, doleiro que teria ligações com Eduardo Cunha
Nelson Bornier (PMDB-RJ), prefeito de Nova Iguaçu e ex-deputado
Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro indicado pelo PMDB para o cargo
Créditos: G1
Que todos esses bandidos sejam metidos na cadeia.
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