terça-feira, 5 de janeiro de 2016

JEITINHO BRASILEIRO - POR EDNALDO BEZERRA ESCRITOR

 
Nossa formação miscigenada – predominantemente de branco, índio e negro – sem dúvida, carrega bastante do sangue lusitano. Observamos que os portugueses também tinham esses laços afetivos familiares e de amizade bem acentuados. A emoção e o sentimento os moviam. Os títulos de nobreza, por exemplo, eram concedidos aos amigos, parentes e assim por diante. Distantes de Portugal, possuíam uma certa melancolia. E é bem capaz mesmo de que a nossa maneira de ser provenha principalmente do português.
 
Há um capítulo do livro “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, que identifica o brasileiro ao “homem cordial”, ou seja, aquele indivíduo levado pelo sentimentalismo, que coloca a amizade e os laços familiares acima da ética e da legalidade. É aquele homem que adota o nepotismo, o jeitinho. E, por outro lado, o escritor vislumbrava que, no futuro, devido à urbanização – decorrente da vida moderna pós-revolução industrial – o brasileiro tenderia a se transformar num homem moderno, polido, abstrato, adequado ao capitalismo, por assim dizer. Em outras palavras, o brasileiro assumiria uma característica imparcial, veria a nação como um todo coletivo, construiria riquezas que levariam o país ao desenvolvimento industrial, tecnológico, agrícola, a fim de que toda a sociedade usufruísse, o brasileiro deixaria aquele vício sentimental que o levava à parcialidade, à malandragem, ao arrumadinho, ao lema: aos amigos tudo, aos inimigos a lei.
 
Mas infelizmente ainda não chegamos a esse estágio. Não somos “homens modernos” e, ironicamente, o modo como agem os integrantes do partido que Sérgio Buarque ajudou a construir é a prova de que as características do “homem cordial” continuam arraigadas em nosso ser. E continuará enquanto tivermos pendendo para o socialismo, porque o “homem cordial” é próprio desse sistema. Quem já leu “A Revolução dos Bichos”, de George Orwell, constata isso facilmente, pois os personagens do livro se assemelham aos governantes de países socialistas – seja em que época for (no passado, no presente ou no futuro. Sempre identificaremos, por exemplo, um porco Napoleão).
 
Enfim, creio que a intelectualidade do mundo contemporâneo foi ludibriada por Karl Marx e ela se encarregou de difundir essa ideologia nefasta à juventude. Formou-se um ciclo vicioso no meio acadêmico, sobretudo nos países do terceiro mundo. Mas, ao que tudo indica, em face das catástrofes econômicas e sociais, do autoritarismo, da corrupção, que são as marcas do socialismo, parece que alguns intelectuais começam a despertar (já há até economistas citando Mises, por exemplo). Porém, aqui no Brasil, devido à manipulação midiática e educacional, o processo tende a ser mais lento (apesar de hoje dispormos de internet). Portanto, seremos “homens cordiais por um bom tempo. Ainda...
 
 
Ednaldo Bezerra  é escritor

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