sábado, 27 de agosto de 2016

HOMICÍDIOS: A TRISTE LIÇÃO NORDESTINA





*Bene Barbosa

De acordo com o Mapa da Violência 2016, das 150 cidades com maior taxa de homicídios por uso de armas de fogo no Brasil, 107 estão no Nordeste. Uma triste realidade que traz, ou deveria trazer, à tona duas verdades incontestes: o desarmamento fracassou e desenvolvimento econômico não significa menos crimes.

Desde os anos 2000 a região nordestina é destaque nas tais campanhas de desarmamento com adesão notável dos cidadãos honestos que, de boa-fé, entregaram armas e munições ao governo que prometeu em contra partida, além do pagamento de alguns trocados – e que em muitos casos nem isso cumpriu dando o mais puro e simples calote -, trazer mais policiamento, mais proteção, mais segurança ao cidadão. Promessas, promessas...

Na questão da venda legal, o nordeste também se destaca no cenário nacional e de acordo com dados  da Polícia Federal essa é a região com o menor número de armas legais vendidas e registradas. Não deixo de fora também o grande número de armas apreendidas pelas forças policias, muitas vezes de sitiantes e pequenos comerciantes que sem outra opção as possuíam de forma ilegal para sua proteção. O desarmamento foi um sucesso ao desarmar o cidadão, mas como vemos pelos números de guerra civil, não passou nem perto de impedir que criminosos continuassem se armando. O desarmamento foi um fracasso e ponto final.

Outro paradigma quebrado é a velha questão apresentada por muitos sociólogos de que o desenvolvimento econômico e a melhor distribuição de renda são fatores primordiais para redução da criminalidade. Oras, se isso fosse verdade, com a expansão de polos econômicos, melhor distribuição de renda e do crescimento do poder aquisitivo nos últimos anos, a região nordestina, mais uma vez destaque também nesse quesito, teria uma obrigatória redução em suas taxas criminais. Não aconteceu. Muito pelo contrário!

Derrotada a tese de esquerda que o crime é fruto da desigualdade social, uma tese preconceituosa que acusa os mais pobres de serem os responsáveis pelo cometimento de crimes.

Como bem define o psiquiatra e escritor britânico Theodore Dalrymple, a raiz da criminalidade não está na pobreza material e sim na miséria moral, na certeza da impunidade e no discurso de que o bandido, aquele que puxa o gatilho ou empurra a faca não é responsável única e exclusivamente pelos seus atos.

Que dentro dessa catástrofe nordestina, imbuídos com uma coisa chamada honestidade intelectual, nossos governantes possam aprender com essa triste lição e mudar de uma vez por todas o foco da nossa (in) segurança pública.




*Bene Barbosa é especialista em Segurança Pública, presidente do Movimento Viva Brasil e coautor do livro “Mentiram Para Mim Sobre o Desarmamento”. 

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