quinta-feira, 8 de setembro de 2016

NÃO HÁ O QUE DISCUTIR, POIS NÃO? - POR LUIZ SAUL



Então, vejamos:
Uma parte da massa inconformada grita Fora Temer, mas não brada Volta dilma. Dessa forma, falece o tema de novas eleições. Apesar da manobra de meio punir meio livrar aquela ex-presidente, o impeachment foi considerado constitucional e tido como página virada, inclusive pelo Procurador Geral Rodrigo Janot, que, em tese, poderia levantar as queixas de irregularidade. Assim, não há o que discutir, pois não? 

Mas, fica desde logo compreendido que qualquer nova discussão exclui a personagem daquela ex-presidente que, vez em quando, se fantasiava de sofá. Ela foi tão abandonada quanto abandonou o cachorro Nego, herança do Dirceu. A questão que possivelmente lhe restará será a de justificar ao TCU alguns itens incluídos nos seus caminhões de mudança, a exemplo do que se obrigará também o seu mentor que optou por depositar os “presentes” em um cofre bancário enquanto o sítio que não lhe pertence estava em obras. 

A circunstância do estabelecimento de nova administração não significa necessariamente a fundação de um modelo especialmente diferenciado porque, afinal, o presidento e os circunstantes políticos da sua ala se compõem na mesma máquina alimentada por um tipo excrescente de combustível. Daí que a agenda dos acontecimentos caminhará na busca da harmonização dos interesses, os quais raramente labutam em favor do país.
 
O que vem por aí, dentre tantas possibilidades fundamentalistas, já se anuncia nas palavras daquele deputado que, talvez sem compreender exatamente o significado do termo democracia, ou exagerar na interpretação do que é um golpe, sugere que não se vote nenhuma proposta da turma do Temer, que se trave todas as pautas, independentemente do assunto ou do benefício que possa, ou não, produzir. 

Acrescente-se ainda, para reforçar o inferno astral do presidento, o fato que a discussão de toda e qualquer proposta de sua autoria e que seja acaso encaminhada antes do mês de outubro será contaminada pelo andamento da campanha eleitoral dos municípios, independentemente do tamanho de cada qual, em situação acaso bizarra, de vez que, dependendo da coligação local, os seus aliados poderão voltar contra às suas propostas de cunho nacional. 

Na verdade, a antiga trupe palaciana não resignada tem lá seus motivos para atacar defendendo-se. Em primeiro lugar, perdeu a caneta e também o protagonismo do seu antigo animador de picadeiro, o Lula; depois algumas torneiras financeiras que se mantiveram abertas por longos 13 anos se encontram minguando, como é o caso do financiamento aos Movimentos isso e aquilo que constituíam os “exércitos” do sectarismo a serviço da propaganda do medo e do continuísmo. Seus membros terão que reativar as carteiras profissionais e o MST não poderá mais atuar na a escolha dos beneficiários da distribuição de lotes agrícolas.

As esperanças de conciliação com a paz social e política residem no “novo” STF, doravante sob a presidência da ministra Carmem Lúcia, em substituição a Lewandovski, a qual, em um dos seus primeiros pronunciamentos anunciou que "O STF é um só, o Judiciário do Brasil tem que voltar a ser um só, hoje tem sido vários, e acho que juntos somos muito mais." A frase é, por si só, emblemática para afastar a ideia que andou transitando a respeito de parcialidade da corte, ou de parte dela.

Não é sem motivos que o tal do MBL, um desses movimentos sociais que surgem na esteira do descontrole institucional, protocolou um insólito e invulgar pedido de impeachment do ex-presidente do STF, por sua atuação como presidente do plenário no processo de afastamento daquela ex-presidente.


Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF
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