sábado, 26 de novembro de 2016

ENTÃO, TÁ ENTÃO - POR LUIZ SAUL



Veja bem, torcida brasileira, a sua, a nossa importância é apenas um detalhe no contexto da relatividade das relações entre lideranças e liderados. É verdade que esta é uma reflexão insignificante na medida em que, no Brasil, não se têm nem lideranças nem liderados. Vivemos apenas uma certa itinerância de abandono, senão vejamos.

Vai que os representantes do Ministério Público Federal, tomados de uma jovialidade entusiasmada e cansados do desapreço secular com a sociedade, reuniram mais de 2 milhões de assinaturas de cidadãos exauridos de esperança, com as quais municiaram a proposta das tais 10 Medidas Contra a Corrupção. 

A partir de então, na trepidação dos alicerces morais e oportunistas, inauguram-se as manobras, as negociatas e a traficância no mercadão das autoproteções sem muitas dissimulações. Não se sabe aonde começa mas, tem o Rodrigo Maia com a sua pretensão de ser reconduzido à presidência da Casa, em fevereiro, em troca do que aprova e permite avançar a proposta de anistia do Caixa 2, com aval do Renan Calheiros, que, por sua vez, embutirá a anistia ao Caixa 1, tudo em discussão/aprovação relâmpago.

Por seu lado, a enorme maioria dos congressistas envolvidos nas malhas das investigações, simularão discursos de reprovação às anistias, mas com as entranhas vibrando ante a certeza da emenda de bancada, de autoria inominada, para a promoção do perdão de cada qual.

O próprio relator Onix Lorenzoni, recebido com vaias dos colegas, no plenário, por, em tese, não se deixar embalar pelos cantos nem ceder aos chulos perdões, poderá ver ruir a imagem quixotesca de herói nacional que vinha combatendo solitariamente os moinhos do corporativismo. Mesmo não sendo um parlamentar propriamente notável, caminhava para o sucesso semelhante ao de Dante de Oliveira, patrono da emenda das Diretas Já, em 1984, seu único mas consagrável feito. Sem embargo, é certo que o Onix construiu os argumentos para a reeleição. 

Lá em Curitiba, esperneiam os investigadores, com o dever cumprido, mas com a sombra da frustração em seus encalços se malograrem as propostas. Aliás, segundo o Blog ColunaEsplanada, o Planalto estaria desmobilizando a equipe da Polícia Federal que vinha atuando nas investigações. Não se trata de uma notícia confirmada, mas faz sentido.
 
Batendo cabeças com o case Geddel no colo e no calo, o Palácio assiste ao drama com o respectivo na mão, sem saber se Calero gravou, ou não, as discussões com presidento herdeiro, o Rousseff, e com outros auxiliares interessados em abafar o caso e reduzir a irritação do gordo. É o refém com medo do carcereiro. 

Apesar de tudo, procura transmitir imagem de pretenso observador como se verdade fosse. Mas, trata-se de um gesto inútil, uma vez que, diante da repercussão do depoimento do ex-ministro Calero à Polícia Federal, e também do impacto das manifestações públicas a respeito do comprovado assédio, está constando que o Suíno entregará a sua carta de demissão para também se transformar em ex-ministro, ao estilo já vai tarde. Continuará nos porões da conspiração, e, quando a coisa esfriar, o Rousseff o trará de volta para a corte.

Mas, voltando ao assunto, fica cristalino que a vontade do povo, daquelas mais de duas milhões de assinaturas para a instituição do combate à corrupção não passa de uma miragem, como já afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, de que, independentemente das propostas, o plenário é livre para deliberar segundo os próprios convencimentos.
Então, tá então.


Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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