quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

AS "TENEBROSAS TRANSAÇÕES" DE UM ANO PRE - ELEITORAL : 2017 - POR LUIZ SAIL



Fica assim combinado: uma decisão meia sola (talvez ¼ de sola) que, sem medidas complementares, resultará fugidia e ineficaz. A breve vantagem de agora enseja apenas o limite do crescimento dos gastos públicos, e isso não é pouco, na medida em que desmonta a irresponsabilidade ancestral com o erário. Olhando para a futura subsistência previdenciária da descendência, a outra reforma parece obrigatória para quem olha para o país com discernimento. 

Vale lembrar que a mesma limitação dos gastos agora aprovada fora proposta, com pequenas variações, pela equipe econômica daquela ex-presidente, que, na oportunidade, considerou “rudimentar” a proposição do Palocci. De fato, esse tipo de responsabilidade parecia incabível no raciocínio sinuoso de uma governante retrogada, palerma e submissa a teóricos da continuidade de um projeto de poder de longa duração com base em filosofia populista e em retalhos de decisões ocasionais de apagamento de fogo segundo o tamanho do incêndio. Aí então, descobriu-se que os bombeiros eram viciados e que faltou água.

Ressalvada a necessidade da introdução de muitos aperfeiçoamentos, a dureza das medidas propostas com indiscutíveis sinais de aflições à sociedade, têm o condão de uma arrumação da casa que já tardava. Mas, em igual contexto, não guardam caráter de permanência. Basta notar que, acaso se estabeleça algum tipo de normalidade (ou mesmo que isso não aconteça), futuros governantes poderão flexibilizar o modelo ora proposto. A questão dos 20 anos de controle de gastos constitui um parâmetro transitório, e não mais que isso, especialmente estando no Brasil.

Mas, olhem aqui! Como proposta, a Reforma da Previdência não pode nem deve ser aprovada. Tem de passar antes pelos filtros da sensatez. 

O que pegará é que, sendo pré-eleitoral, o ano 17 conviverá com as “tenebrosas transações” referidas pelo Chico. Em sua imutável e incessante obscenidade, a maioria dos atuais “representantes do povo” dificilmente laborará em favor da normalização estrutural do país mediante a aprovação das necessárias reformas. De olho em reeleições e/ou outras recompensas, poderão ajoelhar-se às vozes das ruas que estará aparelhada pelo esquerdismo fracassado e responsável pela penúria de hoje. 

De notar que já há sinais claros desse aparelhamento terrorista quando os movimentos satélites dos anos de desmando voltaram à depredação dos bens públicos e privados, além do enfrentamento violento às forças do Estado, especialmente em Brasília e em São Paulo. O ressentimento não acaba e a ordem é impor a desordem. São os “meninos” que a bancada da chupeta afirma que estão sendo massacrados lá fora.

Paralelamente, além da impopularidade que o Michel Rousseff parece ter feito questão de construir, o Brasil ainda convive com a guerra de guerrilhas entre Legislativo e Judiciário, vale dizer os parlamentares envolvidos em irregularidades e comandado pelo senador Renan Calheiros contra os operadores da força tarefa da Operação Lava Jato. Não são as instituições em guerra. Apenas partes delas, sendo que, de sua parte, o Planalto dá sempre um empurrãozinho dissimulado no aprofundamento do entrevero na tentativa de blindar o chefe. Mas, a tendência é a de recrudescimento e de radicalização, com o Palácio se associando ao Congresso na briga cachorro grande protagonizada por cães de pequeno porte. 

 Ainda agora, a proteção oferecida pela docilidade do STF que permitiu ao Renan Calheiros continuar o exercício de um mandato de conteúdo restrito de presidente do Senado não se revelou suficiente para reduzir a sua animosidade. Tão logo a denúncia do antigo diretor da Odebrecht foi propositadamente vazado, o coronel alagoano ressuscitou a hipótese da votação do Projeto de Abuso do Poder. 

Pior que isso, tem, segundo consta, ministro do STF instigando anular a delação em face de divulgação indevida. Na hipótese, resultaria implícito que qualquer vazamento de qualquer depoimento futuro determinaria a sua anulação. Nesse caso, eu nem preciso ser inteligente para antecipar o resultado de todas as denúncias. É só organizar.

Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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