terça-feira, 13 de dezembro de 2016

BRASIL É BRAZIU S.A. - POR LUIZ SAUL





No futuro, a quadra política atual do Brasil será vista como os tempos da coação, da mendacidade, da suspeição e principalmente do cinismo. Sem ligação com os fatos ou circunstâncias, o brasiliense ordeiro e consciencioso ruminará o constrangimento de haver sido a sua cidade transformada por “estrangeiros” em lupanar político sediado justamente no logradouro por hipótese mais importante do país, a Esplanada. 


Registrará a História a mais aparente e suspeitosa congregação do cinismo no episódio das relações infames entre membros da classe política e uns tantos magistrados em contexto de desatendimento à Constituição, para, depois de deferidos os caprichos, o réu exclamar que “decisão judicial é para ser cumprida”, enquanto os tribunais (para generalizar) mantinham cara de paisagem com a credibilidade ao ralo. 

Dificilmente os dados históricos serão tão condescendentes com os personagens atuais como o foram com os anteriores do tipo Pedro Álvares Cabral, Tiradentes, os dois Pedros, os marechais alagoanos e tantas outras ficções empurradas goela abaixo na construção da narrativa mitológica e criativa do “heroísmo nacional” para a composição do acervo historial. 

Nesse aspecto, por insano que se afigure, parece possível avaliar que o aparato da internet e das tecnologias subjacentes vêm contribuindo para a formação de nova teoria da libertação do conhecimento por intermédio da qual a sociedade tem à disposição dados históricos contemporâneos em condições de impedir ser escravizada pela mitologia conveniente do Estado.

Com efeito, por mais que tentem esconder as devassidões de hoje, a malha das redes sociais muitas vezes sem filtro destampa as evidências ou as confirmações de crimes, democratizando-as quase como uma vulgaridade de um olhar corriqueiro, ainda que com o risco da produção de injustiças.

Agora mesmo está se alastrando o noticiário acerca das delações do conjunto de representantes da Odebrecht cujo conteúdo e alcance dos agentes envolvidos sugere que a mais perfeita terra arrasada e que o Brasil político acabou, morreu. Embora todos continuem nos cargos respectivos com cara de paisagem e sorrisos de mordacidade, provavelmente acreditando nos currais, é fato objetivo de que todos perderam as condições morais de encarar o país ao tipo olhos nos olhos. Ainda assim, é melhor esperar, porque Brasil é braziu S.A. 

É claro também que esse risco aumenta ainda mais quando e se a tecnologia é postada a serviço da impostura e da mesquinhez de oportunistas na edificação de testemunhos falsos ou falsificados em detrimento da inocência ou para a consecução de interesses escusos e traiçoeiros para vulnerar reputações. 

Os momentos de agora, por exemplo, em que os vazamentos de investigações têm sido publicados à larga, não importando o lado em que está o alvo, são propícios à exposição da bandidagem, mas também podem servir como instrumento de vingança mediante a construção de notícias falsas com o fito de desacreditar adversários ou inimigos.

E isso se dá em contexto que, ao contrário do que se acreditava, as instituições já não estão mais funcionando em uma linha de confiabilidade. Hoje já não se sabe quem está comandando os cordões dos bonecos do teatro de mamulengo da Justiça. 
Não estaremos aqui para assistir ao julgamento pela História.



Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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