quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

FEMINIZAÇÃO DA ESQUERDA E A MASCULINIZAÇÃO DA DIREITA: O YIN E O YANG DA AÇÃO POLÍTICA E IDEOLÓGICA - RUY PATU



A esquerda, com a morte de Fidel, perdeu um ícone que simbolizava o ímpeto machista e revolucionário de suas ideias.


A prevalência de ações mais ousadas e da força bruta na resolução dos problemas estruturais do sistema econômico e social, causados pela classe capitalista exploradora, deu espaço a políticas de temática mais ampla e periférica.

A velha postura ativa e reformista deu lugar a um comportamento mais passivo, flexível e democrático, o que importaria na conformação político-partidária da esquerda revolucionária ao sistema político de cada país para concorrer às eleições sob as mesmas regras de direito editadas pelo Estado burguês.

A nova esquerda pende para uma estratégia mais contestadora do que ofensiva diante do agir dos governos e da ação dos partidos de direita, especialmente na defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, bem como na proteção da mulher e de grupos sociais discriminados pela cultura do machismo (LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transsexuais, por exemplo).

Na economia, uma vez no poder, a prioridade é desenvolver projetos nas áreas de atendimento às necessidades básicas da população (saúde, educação e assistência social); e não nas atividades de infraestrutura, segurança e de produção de bens de consumo e rendas.

A esquerda, embora conserve ainda um forte elo teórico ao marxismo-leninismo, com apego ao princípio do igualitarismo econômico, mudou para concepções mais ecléticas e uma ação política baseada na não-violência, sob a influência de Gandhi e de intelectuais como Gramsci, Foucault, Galbraith e Sartre, integrantes da chamada nova esquerda, os quais deram sustentáculo ao surgimento de partidos sócio-democráticas, socialistas e ambientalistas.

Até as bandeiras, antes tingidas por um vermelho vivo, sangue, passaram a ser brancas, verdes ou coloridas. A foice e o martelo comunistas deram lugar a rosas vermelhas e outros símbolos mais suaves contrários à violência.

Há, cada vez mais, a consolidação do princípio feminino ou, como se diz na filosofia taoista, do "Yin", na teoria e na prática política da nova esquerda.


A direta, por sua vez, adotando uma postura mais pragmática do que ideológica - que se identifica mais ao gosto e ao perfil cultural da maioria do eleitorado, independentemente de classe social - tem-se se mantido por um discurso mais duro e machista, inclusive não dispensando o uso da força contra minorias indesejadas no país ou até intervenção militar contra nações hostis ou no combate à criminalidade interna.

O discurso em tom grave, inflamado e afirmativo é a principal característica do pronunciamento em público de seus líderes. Mãos em punho, tratam os seus opositores com desdém e reclamam de suas políticas econômicas e sociais excessivamente pródigas, pouco liberais e assistencialistas.

A nova esquerda destaca-se pelo conteúdo ideológico humanista, multicultural e igualitarista, com forte apelo ao sentimentalismo, podendo deturpar-se para o populismo utópico; enquanto a nova direita destaca-se pelo conteúdo ideológico economicista-liberal, culturalmente conservador, com forte apelo ao racionalismo, podendo distorcer-se para o populismo nacionalista.

Na teoria e na prática da direita, ao contrário do que vem ocorrendo com a esquerda, há uma reafirmação da influência do princípio masculino ou do "Yang".



Por: Dr. Ruy Trezena Patu Jr.
        Jurista

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