O cansaço das sociedades de muitos países em relação ao modelo de funcionamento das representações políticas fundadas no mesmismo e em rotina da inconsequência estimula a emersão de outsiders sem histórico político, mas com formato de alternativa de renovação.
Foi assim na Argentina, com Maurício Macri; também com Donald Trump, nos EUA; está sendo com Emmanuel Macron, na França, com rápida passagem pelo Ministério da Economia do país e que enfrentará a ultranacionalista Marie Le Pen, no segundo turno. Houve também tentativas na Holanda e na Áustria.
No Brasil, estamos tendo o exemplo do João Dória – o super gari – que, no vácuo da desconstrução moral política nacional, parece estar emergindo para queimar etapas, saindo da iniciativa privada e de uma prefeitura importante para ocupar o espaço de candidato à Presidência da República, na medida em que os morubixabas do seu partido ou das coligações aparentam, segundo as notícias, profundo comprometimento com a varrição da Operação Lava Jato e das demais similares. Sequer se pode dizer que a sua gestão o está credenciando. O caso é mesmo de deserto de valores. Tem-se feito de desentendido mas já implodiu o seu inventor.
Mesmo concedendo fração de crédito a meteoros que tais, será indispensável escaldar o gato, e sustar exotismo do tipo Luciano Huck como candidato a Presidente, como foi aventado. No caso, a sua mulher, Angélica, já disse que não quer ser primeira dama. Menos mal. Mas, a sociedade não pode esquecer outras canoas furada como o Collor de Mello que, apesar de presidente do CSA, governador, presidente do país, e agora senador, não se tornou uma acepção política até hoje.
A questão é quando se olha para as outras virtuais alternativas como o Ciro que interpreta a revolta da sociedade contra a corrupção como uma passionalização e uma exacerbação moralista; tem o Bolsonaro atirando primeiro e perguntando depois; atingidos a meia nau pelo noticiário das investigações de tantas operações policiais, restam adernando e sem aparência de sobrevivência os Aécio, Alckmin e Serra, que já foram percebidos como estrelas, e agora, campeões da rejeição; tem também a embusteira travestida de ambientalista com mania de vagalume que acende a apaga segundo o noticiário.
Ainda se conjetura por aí algumas improbabilidades, como, por exemplo, o Joaquim Barbosa, notório ministro que deu curso à ação do mensalão e iniciou a lavagem moral que pode limpar pelo menos em parte a nação da bandidagem; e tem ainda o Sérgio Moro que parece dispensar comentários. O problema é que, em tese, se tratam de personagens de vocações diferentes apropriadas para uma atividade e não pra outra. O Joaquim, por exemplo, não pode receber um chicote e lhe falta diplomacia. Já o Moro, não se pode descobrir um santo para cobrir outro.
E, por fim, tem o aspirante Lula que, neste momento, reúne todas as condições para se lançar candidato, mas que, também, pode ser condenado em primeira instância e confirmado em segunda, para tornar-se líder de presídio.
Quer dizer, estamos mal na parada, não?
Brasília - DF
O senhor Luiz Saul Pereira é também um dos ótimos articulistas deste jornal
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