segunda-feira, 3 de abril de 2017

SEGUE UM VALE DE BARBAS DE MOLHO... POR LUIZ SAUL



Na volta, a impressão de mais lenha na fogueira patrocinada pela metodologia obscena dos de sempre, e que, na sequência ou intermitência das revelações, torna impossível hierarquizar a agudez das crises.


Chama à atenção, no entanto, o case Rio de Janeiro, onde não bastasse a detenção do casal Adriana/Sérgio, emblemático símbolo da tese da governança estadual, a eles se juntam 5 dos 7 Conselheiros do Tribunal de Contas daquele Estado, igualmente recolhidos aos costumes, por decorrência da delação premiada de outro (o 6° Conselheiro que se encontra licenciado), valendo assim dizer que apenas um membro daquela corte não esteve a serviço das diversas organizações criminosas reinantes. 

A aparente novidade do aparecimento dos conselheiros transparece em primeiro lugar a temeridade da designação política para o provimento de cargos da espécie nesses órgãos de avaliação; e, em segundo lugar, alimenta a hipótese da jurista Eliana Calmon, ex Corregedora Nacional de Justiça, quanto à infiltração de uma minoria do que chamou de bandidos de toga, no Judiciário, ao tempo em que reafirma a necessidade do aprofundamento das apurações da Operação Lava Jato no segmento.

Aí então, não mais que de repente, começa a constar que o ex-governador Sérgio Cabral, possivelmente o criminoso mais ciente das profundas e inevitáveis condenações decorrentes de tantos processos de afronta às leis no exercício do cargo, estaria aderindo ao instituto da delação premiada para a mitigação das penas. Como se sabe, não há heróis nesse meio, e o êxito desse tipo de denúncia como instrumento de redução de pena, pende do conteúdo incriminador que o bandido oferece sobre outro(s) bandido(s). 

E, no caso, segundo os boatos, o Cabral estaria oferecendo uma lista explosiva capaz de implodir o que resta das estruturas do Estado do Rio de Janeiro, contendo algo próximo de 100 personagens incluindo juízes, desembargadores e membros do Ministério Público. Cumpre apenas ressaltar que os rumores (mexeriqueiros ou verdadeiros) não citam relações objetivas de nexo entre crime específico e personagem individual. No entanto, ainda que impalpável pelo público do lado de cá, pode ser que do lado de lá o zunzum esteja provocando AVC, até porque o eventual aprofundamento das investigações levará fatalmente à superação da barreira da centena de criminosos. 

 Em qualquer hipótese, a deprimente perspectiva do cenário deixa a nu a avidez criminosa de governantes e auxiliares acumpliciados com segmentos da iniciativa privada para o assalto que levou um Estado outrora rico, graças dentre outros fatores, aos royalties da Petrobrás ao absoluto colapso que hoje se verifica.

De notar que as investigações já tangenciaram mas ainda não se detiveram nas realizações da Copa do Mundo e da Olimpíada, especialmente no aspectos das edificações dos aparelhos olímpicos e na “modernização” do Maracanã. Mas, já é possível concluir que o chamado legado, se houve, jamais poderá ser comparado proporcionalmente aos custos. 

Vai então que, da sua remota janela de observação, o leigo começa a matutar sobre a ingenuidade de concluir que o esquema fluminense seria um “privilégio” do Estado do Rio de Janeiro, ou se os procedimentos estariam replicados moderada ou intensamente em outras Unidades da Federação. 

O tempo dirá. Segue um vale barbas de molho.



Por: Luiz Saul Pereira
        Brasília - DF

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