quarta-feira, 24 de maio de 2017

A CULPA É NOSSA, POIS NÃO? - POR LUIZ SAUL





Senado Federal, a Turma da Chupeta, Arruaceiros e Oportunistas

Desrespeitosos entre si, os inquilinos das casas da mãe joana localizadas na Esplanada cada vez mais merecem menos os mandatos que lhes oferecemos, e continuam reduzindo o decoro parlamentar a substrato de pó de josta. Aliás, melhor retirar deles o termo “parlamentar” que significa debater, negociar, etc. O negócio por ali é tiro, porrada e bomba, como aconteceu ontem na sessão pastelão de uma das comissões do Senado, que já foi uma casa nobre. 


Cientes da morte da solenidade que na maioria do tempo imperou para refrear ímpetos marginais, muitos dos “representantes” do povo assumiram a condição de animadores profissionais de torcida e incitadores de violência a cada episódio em que a sua voluntariedade é contraditada. Para conferir, basta que o cidadão tenha estômago para assistir as TVs Câmara e Senado, ou até a TV Justiça, nas quais a urbanidade é sumariamente violentada. Na outra ponta, ainda que disponham de mecanismo para tal, falece aos “corregedores” suficiente autoridade moral para brecar a desordem, uma vez que muitos deles são também desordeiros. A culpa é nossa, pois não?

É verdade que nem parece assim uma grande novidade porque, noutros tempos, além dos conchavos para a locupletação corrente, já houve de tudo um pouco desde sexo em escrivaninhas e adultério, passando por racismo explícito, homofobia, até assassinato para quem se lembra. Mas, faz de contas que eram outros tempos.

Tudo relativamente normal em um país em que se mente, rouba e abandona a sociedade com o mesmo caradurismo com que se vai ao parque de diversão com os filhos. Parece até que o raciocínio é estanque em que se separa o criminoso do chefe de família, porque uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa. Tome-se, por exemplo, a afirmação, em Juízo, daquele alcoolista de que não conhecia o Renato Duque, para depois ver-se ambos abraçados e sorridentes em uma foto social de crédito e datas incontestáveis, talvez zombando do zé povinho, numa época em que, sem barba ou bigode, se recuperava de doença maligna. Portanto, a foto é de um momento definido e a prova da mentira é provada.

A contradição é mais uma impureza moral que se somará a tantas para a oportuna prestação de contas, mas que nem assim retira a venda dos sectários ou modera a construção de falsos argumentos para a reconquista do poder, e, portanto, da retomada dos procedimentos que abriram e consolidaram a trilha da crise. Teoricamente contra fatos não há argumentos, mas eles têm argumentos. A questão estará em que os interpretará.
No atual vácuo de poder e de moral instalado na nação tudo é possível acontecer, inclusive a volta do alcoolista. Mas, esse vazio também oferece espaço para outros oportunistas em busca de cadeiras, cargos ou da simples reconstrução biográfica. Tome-se, por exemplo, o Renan, que andava um tanto jururu, mais pensando na reeleição dele e do filho nas Alagoas, e que já anda pisoteando o cadáver do Temer, sugerindo o seu afastamento (o que é correto), mas indicando sub-repticiamente nomes do seu alinhamento, como é o caso do Nelson Jobim, ex-advogado de empreiteira, e, ao que se sabe, crítico da Operação Lava Jato. Coisa de profissional que jamais dá um ponto sem nó.



Por - Luiz Saul Pereira
         Brasilia - DF

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Caro leitor, seja educado em seu comentário. O Blog Opinião reserva-se o direito de não publicar comentários de conteúdo difamatório e ofensivo, como também os que contenham palavras de baixo calão. Solicitamos a gentileza de colocarem o nome e sobrenome mesmo quando escolherem a opção anônimo. Pedimos respeito pela opinião alheia, mesmo que não concordemos com tudo que se diz.
Agradecemos a sua participação!

NOSSOS LEITORES PELO MUNDO!