Agora já não há mais cautela que resista a acontecimentos que, verdadeiros ou não na sua integralidade, ao nivelarem aspectos da imoralidade dos atuais com a dos anteriores ocupantes do Palácio, remetem, em tese, à vacância da cadeira número um. Se verdadeiro o batom na cueca implodirá o Temer e o Aécio, na vertente política, poderá também dinamitar as pontes da JBS em relação ao um Mercado que costuma fingir moralidade.
Da forma como o político brasileiro costuma julgar-se criativo e acima dos cânones da legalidade, será natural que os denunciados tentem parir narrativas de inocência, de falta de provas e de mentira de delatores em busca da benemerência das leis. Mas, há sinais de que os reis, tal qual a Lady Godiva, estão desfilando nus em cavalos brancos pelas ruas da República.
Tão criativos quanto oportunistas, é de se esperar que no próximo amanhecer se ensaie o desembarque da chamada base aliada do Planalto, como já aconteceu com aquela mulher e já vinha rodando outros candidatos a protagonismo. Mas, será importante estarmos atentos porque nesses primeiros momentos do “enriquecimento” da crise, já se comentou sobre uma possível renúncia do presidente herdeiro, o que, s.m.j., parece improvável face à singular circunstância e realidade de que não pode abdicar do foro privilegiado e cair fatalmente nas garras da Primeira Instância. Por isso, morrerá duro, mas não perderá a pose. Mas, será importante perceber que com as novas descobertas o caminho para a recusa da chapa dilma/Temer, no STF, pode haver mudado o perfil que parecia favorável ao Michel.
A lamentar mesmo, apenas o fato de que o possível desfazimento da base aliada tenderá a frustrar o encaminhamento das múltiplas reformas que poderiam oferecer um mínimo de segurança futura tanto nas relações da trabalhista quanto principalmente na proteção atuária da Previdência. Uma pena, menos pelo Temer, mas pela sua ambição de implementá-las. A sandice pirotécnica estará nas ruas em toda a sua estultice sectária para uma comemoração tola e sem a percepção da rota do fracasso, quando os proventos dos aposentados poderão estar prejudicados na proporção do fim dos recursos em alguma posteridade.
No momento de uma semana em que após anos a economia deu os primeiros e modestos sinais de recuperação, inclusive em relação à capacidade da retomada dos empregos, os flagrantes desta noite obscurecem de vez a representatividade política nacional e sugerem a expulsão, não de um, mas de todos os “nossos” representantes.
Infelizmente, porém, não será possível pretender a antecipação das eleições do ano 18, uma vez que a Constituição não permite. Ademais, de pouco adiantaria, se nós, os incautos, elegêssemos os mesmos. Mas, os petistas bradarão por essa solução, em comportamento natural de quem já atropelou tantas vezes a tal da Carta Magna.
Então, acaso saia o Temer, vamos de Rodrigo Maia por uns dias, e depois, sabe-se lá quem.
Por Luiz Saul Pereira
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