Dez dias separaram a dúvida da certeza ou descarte de uma suspeita
de febre amarela. Diante de um paciente com sintomas aparentes da
doença, começa uma verdadeira corrida pelo diagnóstico, que inclui
investigação clínica e epidemiológica. Um longo caminho é traçado caso a
caso. Em Minas Gerais, a Secretaria de Estado de Saúde (SES), que na
sexta-feira decretou estado de emergência em saúde pública nas regionais
de Belo Horizonte, Itabira e Ponte Nova, confirma 22 pacientes com a
enfermidade, dado do último boletim epidemiológico, de terça-feira
passada. Desses, 15 morreram – letalidade de 68%. Confirmações de
diagnósticos positivos para a doença vêm sendo feitos por prefeituras de
cidades diversas, indicando que os números oficiais estão em ritmo de
crescimento. Entre os 15 óbitos contatos no último boletim não consta
ainda, por exemplo, o do músico belo-horizontino Flávio Henrique Alves
de Oliveira, presidente da Empresa Mineira de Comunicação.
Quarenta
casos continuavam em investigação na sexta-feira nos municípios de
Barra Longa (1), Belo Horizonte (4), Brumadinho (4), Caeté (2), Carmo da
Mata (1), Carmo do Parnaíba (1), Estrela do Indaiá (1), Itatiaiuçu (1),
Itaúna (2), Juiz de Fora (1), Mariana (9), Nova Lima (3), Piranga (1),
Poço Fundo (1), Ponte Nova (1), Porto Firme (3), Rio Acima (1), Sabará
(2), Santa Bárbara (2), Santa Luzia (1), Santa Rita de Minas (1), São
Gonçalo do Rio Abaixo (1), Teófilo Otoni (1) e Viçosa (1). Foram
descartados 40 casos suspeitos desde o início de janeiro.
Cada
um deles passa pelo mesmo processo. O primeiro passo, de acordo com a
SES, é a notificação compulsória aos órgãos públicos de saúde,
independentemente de a pessoa ter sido atendida na rede pública ou
particular. Ela é seguida do levantamento de informações essenciais,
como notificação do caso, histórico de deslocamento, status de
vacinação, mortandade de macacos na área e cobertura vacinal no
município. Ao mesmo tempo, é colhida amostra biológica do paciente, que é
avaliado pela unidade de saúde em relação a sua evolução, clínica e
tratamento a ser dispensado, verificando a gravidade do caso.
A
amostra é cadastrada pelo município num sistema específico para esses
casos e encaminhada para a Fundação Ezequiel Dias (Funed). Material
coletado até o quinto dia após o início dos sintomas é encaminhado para o
laboratório de biologia molecular para realização de exame em tempo
real para pesquisa do material genético do vírus. Amostras coletadas
depois do sexto dia são encaminhadas para o laboratório que pesquisa
anticorpos produzidos depois da exposição ao vírus. A análise de
pacientes de hospitais privados também é feita na Funed.
Já
as vísceras de macacos encontrados mortos são levadas para o
laboratório de isolamento viral, onde a amostra é inoculada em cultura
de células com o objetivo de isolar o agente patogênico, de acordo com a
SES. Depois dos ensaios, os resultados são inseridos e liberados em
sistema específico e ficam disponíveis para a unidade de saúde
requisitante e a Vigilância Epidemiológica do município e da SES. “Por
ser uma doença de notificação compulsória, a Vigilância Epidemiológica
da SES-MG é comunicada por e-mail pela Funed. O tempo de espera pelo
resultado varia de acordo com o tempo necessário para cada
técnica/metodologia utilizada de acordo com o intervalo da data da
coleta da amostra e o início de sintomas do paciente”, explica a
secretaria. O prazo entre o recebimento da amostra pelo laboratório e a
liberação do resultado, no caso de amostras humanas, é de até 10 dias.
No caso dos macacos, o prazo é de até 30 dias.
Apuração
A investigação epidemiológica de um caso suspeito é feita por meio de levantamento de dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos vinculados àquele paciente. “As informações podem ser obtidas em fichas de notificação de bancos oficiais, roteiros específicos de investigação que englobam perguntas específicas para aquele agravo, coleta de amostras biológicas, assim como através da consulta de sistemas oficiais de outros setores, como por exemplo, dados da assistência e laboratoriais”, diz.
É essencial ainda a visita
técnica in loco para verificação das informações e busca de eventuais
outros casos suspeitos. Para definição de um local provável de infecção
são levados em conta vários outros fatores, como período de incubação,
histórico de deslocamento e circulação viral na localidade. O período de
incubação da febre amarela varia de três a seis dias entre a picada
pelo mosquito contaminado e o aparecimento dos sintomas.
É
por meio dessas informações que é possível saber se o paciente foi
infectado em determinada cidade. Caso de Belo Horizonte, que teve uma
morte confirmada, mas de morador que esteve num sítio em Brumadinho, na
região metropolitana. Na quinta-feira passada, o músico, compositor e
presidente da Empresa Mineira de Comunicação, à qual estão vinculadas a
Rede Minas e a Rádio Inconfidência, Flávio Henrique Alves de Oliveira,
de 49 anos, foi mais uma vítima da doença. Ele teve diagnóstico
confirmado para a doença, mas o óbito ainda não consta na lista oficial
da secretaria de estado. A suspeita é de que ele tenha sido contaminado
também em Brumadinho.
A Prefeitura de Sabará,
também na Grande BH, confirmou o primeiro caso da cidade, na
sexta-feira. O paciente, de 74, estava internado na Santa Casa da
capital. A Funed está fazendo as análises do material de outro morador
do município, de 58, que pode estar com febre amarela. Também na sexta, a
Prefeitura de Porto Firme, na Zona da Mata, confirmou morte de um
paciente pela doença.
O caminho da febre amarela
A notificação de suspeita da febre amarela é compulsória
>
Diante de caso suspeito em humanos é iniciada a investigação
específica, com levantamento de informações essenciais, como notificação
do caso, histórico de deslocamento, status de vacinação, mortandade de
macacos na área e cobertura vacinal no município. Ao mesmo tempo, é
coletada amostra biológica do paciente, que é avaliado pela unidade de
atendimento em relação a sua evolução, clínica e tratamento
a ser dispensado ao mesmo (status de gravidade).
>
A amosta biológica é cadastrada pelo município em sistema específico
para esses casos e encaminhada para a Fundação Ezequiel Dias (Funed).
> O diagnóstico laboratorial é feito com técnicas recomendadas pelo Ministério da Saúde.
>
Amostras coletadas até o 5º dia depois do início dos sintomas são
encaminhadas para o laboratório de biologia molecular para realização de
exame em tempo real para pesquisa do material genético do vírus.
Amostras coletadas após o 6º dia são levadas para laboratório para
pesquisa de anticorpos produzidos depois da exposição ao vírus.
>
Vísceras de macacos são encaminhadas para o laboratório de isolamento
viral, onde a amostra é inoculada em cultura de células com o objetivo
de isolar o agente patogênico.
> O tempo de
espera do resultado varia de acordo com cada técnica/metodologia usada,
com o intervalo da data da coleta da amostra e o início de sintomas do
paciente. O prazo entre o recebimento da amostra e a liberação do
resultado, no caso de amostras humanas, é de até 10 dias. No dos
macacos, é de até 30 dias.
Fonte: Diário de Pernambuco
Fonte: Diário de Pernambuco
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Caro leitor, seja educado em seu comentário. O Blog Opinião reserva-se o direito de não publicar comentários de conteúdo difamatório e ofensivo, como também os que contenham palavras de baixo calão. Solicitamos a gentileza de colocarem o nome e sobrenome mesmo quando escolherem a opção anônimo. Pedimos respeito pela opinião alheia, mesmo que não concordemos com tudo que se diz.
Agradecemos a sua participação!