Mesmo sabendo que Fernando Lira agonizava no seu leito de morte, o Brasil e Pernambuco queriam-no vivo!
A morte de FERNANDO LIRA, na quinta-feira (14/02/2013) no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas, em São Paulo, deixou o País mais pobre, particularmente Pernambuco, pelo que ele representou para a democracia e a liberdade. Foi um baluarte na luta pela redemocratização da vida nacional. Soube enfrentar com altivez e coragem os que se arvoravam em perseguir aqueles que lutavam por um Brasil mais justo e igualitário.
Conheci Fernando Lira na luta contra a ditadura, nela o AI-5, o decreto 477 e outros males praticados pela direita brasileira (como a tortura), espécies essas que aprisionaram sonhos, castraram vocações e mataram jovens estudantes ou não que levantaram a bandeira contra a repressão militar. A sensatez de Fernando Lira aliada à sua bravura cívica o tornou um Homem indispensável na luta contra o golpe de Estado de 1964, mais tarde na redemocratização do País.
Aqui em Pesqueira e em outros recantos de Pernambuco participamos de vários atos ao lado de Fernando Lira, entre outros, como na campanha pelas Diretas Já (1984). Sua morte nos deixa triste, mas não cabisbaixos, pois uma coisa ele nunca se permitiu: baixar a cabeça, fraquejar, esconder-se, negar-se. Dizia sempre o que lhe vinha à mente, empolgando a todos que o ouviam, e que de certa forma seguia os seus ensinamentos. Fernando Lira foi escola.
Fernando Lira deixou enormes lições de civismo, de amor à pátria. Demonstrou isso tantas vezes em praça pública, na luta pela Anistia, pelas Diretas Já. Foi o interlocutor primeiro na costura política da candidatura do Dr. Tancredo Neves à presidência da República, o que lhe valeu o convite para assumir o Ministério da Justiça. Como Ministro da Justiça seu ato mais importante foi determinar o fim da censura no Brasil, rescaldo da ditadura militar. Em 1989 foi candidato à vice-presidente na chapa de Leonel Brizola, outro símbolo de resistência e brasilidade.
Em Pernambuco foi deputado estadual (1966), depois passou a representar o povo pernambucano na Câmara Federal, nos seus sete mandatos consecutivos (1971 a 1999). Apoiou a candidatura de Marcos Freire para o Senado (1974) e depois para o governo de Pernambuco (1982), mais tarde nas campanhas do velho Arraes de volta ao Palácio do Campo das Princesas, foi peça chave. Visionário, foi o mentor da candidatura de Eduardo Campos para governador do Estado (2006) e de sua reeleição (2010).
No campo dos acontecimentos políticos, Fernando Lira sempre teve uma visão do amanhã. Sabia das coisas! Lia jornais do país inteiro, conhecia a política nacional como ninguém.
Fernando Lira foi um dos fundadores do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e fincou o pé criando o grupo dos autênticos incorporado por deputados e senadores do velho MDB, para o enfrentamento a ditadura militar, instalada no país em 1964.
A história de vida de Fernando Lira se confunde com a história recente do Brasil. Se ao Dr. Ulisses Guimarães lhe foi dado o título de senhor Constituinte, Fernando será sempre o Senhor Democracia e Liberdade.
Sua voz, de forte entonação, levava às multidões o sentimento de grandeza de ser brasileiro, exaltando sempre a pernambucanidade.
Como deputado federal honrou os seus mandatos, e da tribuna daquela Casa Legislativa vez chegar a sua voz ao Brasil inteiro. Era um parlamentar respeitado, pela sua conduta correta e sempre coerente com o que acreditava.
Quando tive a oportunidade de trabalhar no gabinete do deputado João Lira Filho na Assembléia Legislativa de Pernambuco (legislatura de 1983/1986), notei o quanto o mestre João amava e admirava o filho Fernando, e numa situação extraordinária senti que um se orgulhava do outro. Fernando Lira, como deputado ou ministro da Justiça, estando em Brasília, telefonava quase todos os dias para falar com o pai. Fernando tinha tempo para a Nação, para o Pai e para a Família. É outra lição fica aos políticos dessa nova geração!
A NOITE DE SÃO BARTOLOMEU
A NOITE DE SÃO BARTOLOMEU
O
velho João, homem sensato, de forte personalidade e de caráter ilibado,
respeitadíssimo no meio político, certeza vez, foi lançado candidato à
presidência do legislativo pernambucano. De Fernando Lira ouvi dizer ao
pai: “cuidado com a noite de São Bartolomeu”. Não deu
outra, o jogo sujo e a traição veio na bucha, quando até mesmo um
deputado foi “sequestrado” para não comparecer ao pleito, tirando o voto
que dava a vitória ao Mestre João Lira.
O
dia 14 de fevereiro de 2013 vai ficar marcado para sempre no coração
dos pernambucanos, dos brasileiros, enfim. Além de sua história de
lutas, que honrou Pernambuco e o Brasil deixou o livro “Daquilo que Eu
Sei”, um relato autêntico sobre a eleição do Dr. Tancredo Neves e a
transição democrática após a ditadura militar.
Fernando
Lira era Grande! Grande pelos seus gestos, pela sua luta, pelos seus
ensinamentos, pela sua correção, coragem lealdade, brasilidade e
pernambucanidade!
Canetadas,
pelo seu autor, não poderia deixar de prestar a sua homenagem a esse
grande pernambucano e extraordinário brasileiro, lembrando Fernando
Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena!”.
Fonte: (Jurandir Carmelo) pesqueirense, jornalista e advogado.
Semana passada, aqui neste espaço deste conceituado jornal, tivemos diversas opiniões de insatisfação dos cidadãos e eleitores com o resultado das eleições do Senado e da Câmara Federal. Não observei nenhum tipo de apoio aos dois políticos corruptos que colocam nos cargos sem o menor compromisso e por conseguinte pagam seus altos salários.Muito diferente do Deputado Federal Fernando Lyra, que se foi, deixando saudades.
ResponderExcluirA memória de Pernambuco está de luto, o ex-ministro Fernando Lyra, um dos principais nomes da redemocratização do País, morreu aos 74 anos, deixando uma coluna insuperável.
ExcluirHá um mês José Genoino foi empossado na Câmara. O parlamentar foi condenado no julgamento do mensalão por corrupção ativa e formação de quadrilha. Hoje, denunciado pela PGR de desviar dinheiro e falsificar documentos, Renan Calheiros fala em ética e é eleito novamente presidente da Casa.Dois momentos importantes do processo político brasileiro apontam para a falência total da ética na conduta da maioria dos parlamentares com assento nas duas casas.
ResponderExcluirA pergunta é: a quem serve o conteúdo deste repulsivo e parcial editorial?
ResponderExcluirFernando Lyra
Excluir* 8 de outubro de 1938
+ 14 de fevereiro de 2013
Grande parlamentar. Valeu jornalista e advogado Jurandir Carmelo, pela justa homenagem.
O recém-falecido Fernando Lira, ex-ministro da Justiça escolhido por Tancredo Neves foi um dos fundadores do PMDB.Lira foi muito perseguido pela ditadura militar e lutou pela democracia "de verdade" e não como alguns políticos em evidência atualmente.Ele foi o autor da frase muito famosa sobre José Sarney e que é válida até nos anos atuais: "Sarney é a vanguarda do atraso". Uma perda lastimável para a política brasileira e pernambucana.
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