– Fiquei estupefato – disse o doutor Saraiva – ao assistir, na internet, dois vídeos tratando das urnas eletrônicas utilizadas nas eleições em nosso país. No primeiro vídeo, o professor Diego Aranha, da Universidade de Brasília, relata as fragilidades das urnas quanto à possibilidade de fraudes; no outro, mais antigo, o ex-deputado Fernando Chiarelli faz uma denúncia, ele diz, entre outras coisas, que “a urna eletrônica é uma farsa pra eleger quem eles querem eleger...”.
– Mas, professor Saraiva, o resultado das eleições tem se demonstrado compatível com o apontado nas pesquisas.
– Pois é, meu jovem, particularmente, também não confio muito nessas pesquisas, em que pese basearem-se na estatística. Tanto é assim que, surpreso com a rápida recuperação da popularidade da presidente, de junho para cá (quando estava em queda), e por mera curiosidade, decidi eu mesmo fazer uma pesquisa. Como é que pode Dilma Rousseff ter mais de 40% das intenções de voto, depois de tudo que vem ocorrendo no Brasil?
O país parece estar com os valores invertidos, e se confunde democracia com bagunça – o vandalismo impera, a polícia é hostilizada, a impunidade reina, a saúde está precária, e a educação, lastimável; quem pregava a liberdade de se expressar hoje defende a censura, os direitos humanos dão a impressão de só enxergarem o lado dos bandidos, a sensação que se tem é que está tudo pelo avesso e de que há um mar de mentiras e de manipulações. E não se esqueça dos embargos infringentes!
Pois bem, numa terça-feira de outubro fui ao centro da cidade, num local onde passa uma diversidade de gente; a tarde ensolarada voou, e, até o crepúsculo, entrevistei os transeuntes perguntando-lhes em quem votariam para presidente (a entrevista oferecia as seguintes opções: Dilma, Eduardo Campos, Aécio Neves, nenhum deles ou ainda não decidiu). Embora a pesquisa tenha se restringido a Recife, pensava que o resultado não seria muito diferente do nacional, já que a capital pernambucana não deixa de ser uma cidade cosmopolita.
No entanto, para minha surpresa, se depender dos pernambucanos, Eduardo Campos será o presidente em 2015, ele obteve – pasme! – 41% das intenções, seguido de Dilma, com 20% e de Aécio, com 12%. Mas note, meu dedicado aluno, que 27% dos entrevistados ainda não se decidiram, ou seja, se considerarmos a hipótese de que o percentual de indecisos também é semelhante nos demais locais, Eduardo tem, sim, grande chance de reverter o quadro a nível nacional.
Porém, para que isso aconteça, acredito que seja necessário o PSB deixar de ser signatário de Foro de São Paulo, romper de vez com essa ideia retrógrada de transformar a América Latina num bloco bolivariano, nos moldes da antiga União Soviética – afinal, sejamos razoáveis: será que o povo brasileiro deseja viver num regime semelhante ao de Cuba? –; é tudo ou nada, ou ele deixa de eufemismo e ataca pra valer o Foro ou quem fizer isso poderá matar dois coelhos com uma cajadada só – o PT e o PSB –, pois não se pode negar que o brasileiro, de uma maneira geral, tem bastante receio do comunismo. Além disso, se o PSB não bater forte no PT, estará dizendo, tacitamente, que tudo não passa de uma manobra para que o poder fique nas mãos de um partido integrante do Foro de São Paulo; estariam, por assim dizer, separados aos olhos da plateia, mas unidos estrategicamente.
Ah! Um último conselho: essas pesquisas, a meu ver, só servem para influenciar o eleitor, esqueça-as e vote consciente.
O jovem agradeceu ao professor e saiu pensativo.
Muito inteligente a matéria do senhor Ednaldo Bezerra. De acordo com o meu inteiro pensamento.
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