POR QUE O PT TEM TANTOS ADEPTOS? (OU A REVOLUÇÃO DOS BICHOS)

O IBOPE apontou, já no primeiro turno, a vitória da presidente Dilma em todos os cenários da disputa eleitoral em 2014, caso as eleições acontecesse no momento da pesquisa. Embora eu não acredite muito nessas pesquisas, é bem possível que o resultado possa ser o retrato do mundo real. Por que digo isso? É muito simples. A maior parte da população brasileira tem uma educação precária, mal sabe interpretar um texto ou fazer uma operação matemática mais complicada. Isso, por si só, já propiciaria a manipulação das ideias.

Outro fator que não se pode desconsiderar é que muitos eleitores são favorecidos pelos programas sociais – como o Bolsa Família, por exemplo –, e temem que a mudança de governo possa retirar-lhes esse benefício. Ora, aí você poderá argumentar: “Mas há bastante gente esclarecida que apoia o PT, muitos intelectuais, jornalistas, empresários, artistas.”; sim, é verdade, dou-lhe toda a razão. Porém, todos são direta ou indiretamente beneficiados pelo governo do PT, ou seja, talvez estejam olhando para o próprio umbigo – trabalhadores de empresas estatais temem a privatização, funcionários públicos temem perder os cargos que ocupam, outros temem perder patrocínios concedidos pelo governo, e por aí vai. Enfim, como diria o professor Saraiva, a lógica marxista é essa, beneficia-se a “Nomenklatura” e alguns grupos agregados ao poder; no entanto, a maior parte da população tem o mínimo necessário para sua sobrevivência.

Quem pensa em si próprio está certo? Não sei! Mas a democracia é assim mesmo, um conflito de interesses; e quem não está satisfeito em saber que, muito provavelmente, a presidente será reeleita é melhor ir logo se conformando; porque, pelo resultado das últimas pesquisas, o PT atende os interesses da maioria, e, como bem disse o filósofo francês Joseph de Maistre, “Cada povo tem o governo que merece”. Eu me arriscaria a dizer que o povo é como uma mulher que vive com um homem adúltero e mentiroso, ela é feliz porque desconhece a verdade, porém, se a conhece, ela é igualmente feliz porque ele a satisfaz.

Pois bem, George Orwell, em seu livro “A Revolução dos Bichos”, não poderia ser mais feliz, ao parafrasear a realidade do marxismo, por assim dizer. O enredo é simples, ei-lo: os animais, explorados pelos seres humanos, fazem uma revolução e expulsam o proprietário da fazenda. Os porcos, mais inteligentes do que os outros animais, assumem o controle do movimento e redigem sete mandamentos: 1. Qualquer coisa que ande sobre duas pernas é inimigo; 2. Qualquer coisa que ande sobre quatro pernas, ou tenha asas, é amigo; 3. Nenhum animal usará roupas; 4. Nenhum animal dormirá em cama; 5. Nenhum animal beberá álcool; 6. Nenhum animal matará outro animal; 7. Todos os animais são iguais. Para facilitar o entendimento, os porcos resumem os mandamentos na máxima "Quatro pernas bom, duas pernas ruim”.

Com o passar do tempo os porcos sentindo-se poderosos e dada a facilidade de manipular os demais bichos, começam a frequentar a casa-sede e infringir alguns mandamentos. Assim, para satisfazer os próprios interesses, alteram do quarto ao sétimo mandamento, acrescentando-lhes algumas palavras (4. Nenhum animal dormirá em cama com lençóis; 5. Nenhum animal beberá álcool em excesso; 6. Nenhum animal matará outro animal sem motivo; 7. Todos os animais são iguais mas alguns são mais iguais que os outros.). No final da história, os porcos já estavam até com feições humanas e andando eretos; aí, decretam: “Quatro pernas bom, duas pernas melhor!”.

Mas o objetivo aqui não é redigir uma resenha, e sim dizer que nunca um livro de ficção, aparentemente infantil, retratou, de forma tão esplêndida, o que de fato ocorre no socialismo. Contudo, como se trata de uma obra de ficção, qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Ednaldo Bezerra - escritor