segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

PATRIMÔNIO VIVO DE PERNAMBUCO - "A VIDA DE LIA É UMA CIRANDA"...

Patrimônio Vivo de Pernambuco - Lia de Itamaracá
 
Para Lia de Itamaracá, cirandar é verbo que se conjuga em coletivo; o mar e a areia são as pontes que lhe unem ao sagrado e a viagens antes nunca imaginadas. Alta, negra e elegante, a mulher que sempre sonhou em cantar (“O povo perguntava por que eu não quis cantar música de Nelson Gonçalves e Ângela Maria. Mas eu nasci pra ciranda. Cada qual com o seu qual”, lembra) se transformou em uma figura lendária na cultura brasileira. Neste domingo (12), com os pés na areia, vestido brilhoso, brincos e colares, e ostentando com orgulho o título de Rainha da Ciranda, Maria Madalena Correia do Nascimento (“Lia vem de Maria. Foi o apelido que me deram quando eu era menina.”) celebra seus 70 anos de vida, carregando consigo o que considera os maiores presentes: vitórias e amizades. A festa, no domingo, foi na beira-mar da Praia de Jaguaribe, em Itamaracá
 
Lia nasceu e cresceu em Itamaracá. Foi criada por uma família adotiva, e logo na infância se apaixonou pelos folguedos populares. Adorava assistir aos pastoris e reisados, quando decidiu, aos 12 anos, fugir à regra e ser a primeira ��" e única ��" artista da casa. Nos anos 1960, período de efervescência do Movimento de Cultura Popular, Lia viu o auge da ciranda e virou um dos nomes recorrentes do ritmo praieiro. Em 1978, a cirandeira gravou seu primeiro LP, Rainha da Ciranda, entrando no ostracismo logo depois e ficando mais de 20 anos como merendeira numa escola pública da ilha.
 
 
 
Só nos anos 1990 é que Lia voltou à cena, graças ao empenho de regaste artístico do escritor Ariano Suassuna, à época secretário de Cultura do Estado, e do Movimento Mangue. Desde então, Lia se mantém ativa, e gravou dois CDs: Eu sou Lia (2002) e Ciranda de todos os ritmos (2008), chegando a viajar por todo o Brasil e também no exterior. “Eu vivia num mato sem cachorro. Mas já conheci o mundo, graças a Deus e graças à minha luta. Mas Itamaracá já me virou as costas”, diz. Nomeada Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2005, a cantora projeta, agora, gravar seu primeiro DVD.
 
Em 70 anos de vida e 58 de carreira, Lia considera ter sido as amizades suas grandes forças para conseguir o sucesso. Na sua colorida casa, em Jaguaribe, ele empilha lembranças e as relembra numa conversa ��" sempre é assim ��" bem humorada. Foi com o sorriso que ela conquistou o carinho de muita gente, como é o caso do percussionista Naná Vasconcelos, que define a cantora como uma “explosão de cores, mas sempre sóbria e elegante”. Naná se lembra bem das primeiras vezes em que ouviu Lia cantar. Junto com a cantora Teca Calazans (a quem a Rainha da Ciranda atribui a autoria do clássico Quem me deu foi Lia), ele frequentava as rodas de ciranda para pesquisar a música e se encantou pelo trabalho dela. “Nos anos 60 e 70, depois do teatro, nossa diversão era ir para a ciranda. Teca adorava e cantava nos shows. Chegou a gravar, inclusive. Ela e o Quinteto Violado”, lembra o percussionista. “Lia é a ciranda viva. É simples, mas tem uma lírica poética maravilhosa, com profundidade. Ela é sinônimo de resistência, e guarda uma africanidade muito forte.”
 
Se na música ela é reconhecida por seu estilo particular ��" Lia já foi chamada de “diva da música negra” pelo New York Times, e é convidada de honra em todos os shows de Marisa Monte no Recife ��" a cirandeira da Ilha de Itamaracá é também querida pelo carinho com os amigos nos bastidores. “Quero que Lia viva muito, muito”, diz a cirandeira, em terceira pessoa.
 
 
 
 
 
Fonte: NE 10 PE

4 comentários:

  1. ESSA CIRANDA QUEM ME DEU FOI LIA QUE MORA NA ILHA DE ITAMARACÁ....

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  2. Cuidado tenha dona Lia de Itamaracá, porque os patrimônios vivos de Pernambuco estão ultimamente embarcando para a terra de pé junto. kkkkkk

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  3. Quando os patrimônios vivos de Triunfo também serão reconhecidos? Atualmente nem mesmo depois da morte recebem qualquer destaque. Lugar ingrato arretado.

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