SENTIMENTOS OPOSTOS ALEGRIA E TRISTEZA - POR ANTÔNIO MARCOS FLORENTINO LIMA

Alegria e tristeza, sentimentos opostos vivenciados por mim neste carnaval. Recentemente postei no Blog a satisfação de um sonho realizado...

Chegar aos 60 anos de idade em plena forma física, jogando futebool aos Sábados e Domingos, gozando de todas as faculdades mentais, desenvolvendo suas atividades laborais a todo vapor, convenhamos, é um privilégio de poucos.

Meus objetivos estão sendo conquis...tados paulatinamente, chego aos 60 anos graduado em Direito, com meu filho aos 18 anos ingressando na faculdade de Direito, meu apartamento comprado e minha empresa completando 23 anos de atividade, e de quebra com meu livro sendo escrito em literatura de cordel atingindo os 800 versos relatando tudo sobre minha vida pessoal, profissional e amorosa.

E se tudo isso não bastasse para completar a plenitude da minha felicidade aos 60 anos, superei todas as minhas expectativas me surpreendendo em pleno Domingo de Carnaval saindo de Careta juntamente com alguns membros da velha-guarda, Eu, Carlinhos de dona Lêda, Valdemar Ferraz Junior e João de dona Hosana.

Representamos com muita garra a cultura de Triunfo, desfilamos pelas ruas, tiramos fotos com todos os turistas que nos solicitaram, de forma que não tivessem frustradas suas expectativas. Encerramos o nosso desfile com o sentimento do dever cumprido.

Nunca imaginei que aos 60 anos eu voltaria a sentir as emoções que fizeram parte da minha infância e adolescência vivida em Triunfo de 1954 até 1969, período que me remete às lembranças de quando eu saia de Careta juntamente com meus amigos, Zé de dona Expedita, Antonio de dona Expedita, Robertinho de dona Expedita ainda muito novinho, Paulo Roberto Florentino, Teco de Agamenon, Durval de Augusto, Manoel de dona Josefa, Zé de Miguel, Danda de Fanco, Ratinho de Raimundinho, e tantos outros amigos de infância.

Eram momentos de muita felicidade, sairmos pelos sítios roubando frutos nos pés, entrando nas casas pedindo comida e dinheiro, sempre respeitando a privacidade daqueles que nos acolhiam, e desfilando por todas as ruas de Triunfo sem restrições e sem recebermos qualquer tipo de pagamento de entidades públicas nem privadas. Éramos foliões independentes, donos da nossa própria vontade, patrocinadores das nossas fantasias.

Não eram fantasias estilizadas como as de hoje, mas representavam a verdadeira identidade dos Caretas da época do seu surgimento. Sair de careta na nossa época não significava apenas uma diversão de momo, mas sim, a divulgação e a perpetuação de uma cultura secular que muito nos enchia de orgulho e prazer e que até hoje é uma marca de exclusividade dos Triunfenses.

Na época dos Caretas de calças velhas, rasgadas e remendadas, chapéu de palha, chocalhos e rei de corda de croatá, não desfilavam pelas ruas apenas alguns poucos mascarados que se contavam nos dedos das mãos, ao contrário, saiam pelas ruas centenas de mascarados anônimos durante os quatro dias de carnaval gratuitamente.

Com o advento das fantasias estilizadas e ricas em adereços, regalia de poucos elementos mais abastados, temos presenciado uma mudança de comportamento entre os atores que divulgam esta cultura secular (os caretas) mudança esta, que vem causando um prejuízo imensurável em nível de divulgação e manutenção dessa cultura que é só nossa.

Percebe-se claramente, que desde o momento em que o poder público passou a ter ingerência diretamente nas exibições da figura dos caretas, contratando-os para apresentações em eventos públicos e privados, eventos de interesse meramente políticos, com o objetivo de maquiar a imagem desastrosa da administração pública, cada vez mais, presenciamos uma redução exacerbada por parte da sociedade Triunfense, e a falta de interesse das pessoas em desfilarem de Careta, até mesmo daqueles que rotineiramente se apresentavam nas festas de momo. 

A influência danosa por parte dos políticos que comandam a nossa cidade levou a grande maioria dos caretas a desenvolverem e incorporarem à sua personalidade um comportamento inerente à figura dos políticos, ou seja, Caretas Mercenários, aqueles que só desfilam mediante pagamento de cachê, e aqueles que não se submetem aos caprichos desses políticos, ficam a margem das festividades.

A continuar com esta prática, a figura dos Caretas tende a sucumbir com o passar dos tempos e não vai demorar muito tempo não, é preciso que os verdadeiros Triunfenses acordem para esta nova realidade, e tentem resgatar e incentivar os seus filhos à prática dessa cultura tão importante para nossa cidade e para os Triunfenses.

Quero dar minha parcela de contribuição para as mudanças que nossa cidade necessita, criticando construtivamente as ações dos gestores atuais e futuros, contribuindo com idéias inovadoras na perspectiva de que avanços significativos sejam efetivamente conquistados, e que nossa cidade possa vislumbrar um futuro de prosperidade, fazendo com que os seus filhos sintam orgulho e a defendam com galhardia das garras dos malfeitores e dos políticos forasteiros.

Não deixem que os políticos mercenários decidam de forma equivocada o futuro da sociedade Triunfense, e submetam os Triunfenses aos seus caprichos.