A degradação das Forças Armadas vem acontecendo há bastante tempo; pelo menos, desde a época do governo de Fernando Henrique Cardoso. De lá para cá a situação só piorou. Não falo apenas das questões remuneratórias dos militares (assunto já abordado no artigo “MP 2215: Provisória ou Permanente?”, disponível na internet), mas sobretudo do sucateamento dos recursos materiais. Porém, no governo Dilma, a crise se acentuou, notadamente devido à maculação da imagem dos militares, via Comissão Nacional da Verdade, forjando-se uma nova história, com forte viés ideológico, diga-se de passagem. Não vou nem falar das famigeradas indenizações e "bolsas ditaduras" para não polemizar e fugir do assunto principal.
Pois bem, no dia 23 de abril o Plenário da Câmara aprovou, por duzentos e setenta votos a um, o Projeto de Lei Complementar 276/02 que permite à presidente da República delegar ao ministro da Defesa a concessão e permissão para o trânsito e permanência temporária de forças estrangeiras no Brasil, sem autorização do Congresso Nacional – o único voto contrário, logicamente, foi o do deputado Jair Bolsonaro. Talvez, ele tenha enxergado o que, de fato, está por detrás dessa manobra. Posso até imaginar...
Ora, um país que não tem um exército forte corre sérios riscos, no tocante à soberania nacional. E queira Deus que não precisemos de nossas Forças Armadas para nos defender de um ataque externo. Subestimar que isso possa vir a ser necessário na atualidade é ser muito ingênuo. O engraçado é que certos políticos seguem a risca a cartilha de Maquiavel, mas, por outro lado, se esquecem do que ocorre com “reinos” que se fiam em exércitos de terceiros, e não no seu próprio. Aliás, o escritor florentino já dizia: “Nenhum príncipe pode ter segurança sem seu próprio exército, pois, sem ele, dependerá inteiramente da sorte, sem meios confiáveis de defesa, quando surgirem dificuldades”. Portanto, a meu ver, além de ser desmoralizante, a presença de forças estrangeiras em nosso território é desnecessária e perigosa. Que tal, meus caros políticos, relerem “O Príncipe”?
Mas vamos ao tema, eu havia prometido a mim mesmo que deixaria de fazer crônicas e artigos de cunho político, a fim de me dedicar à escrita de um romance ficcional que eu começara a escrever no início deste ano. No entanto, ontem, almoçava com uns amigos, e alguém comentou que o deputado do PT Renato Simões, ao discursar no plenário da Câmara, disse que fora inaugurado na Escola Preparatória de Cadetes do Exército um teatro com o nome do marechal Castelo Branco. Não bastasse solicitar a troca do nome do teatro, entrara também com um projeto de lei para que aquela organização militar passasse a se chamar Escola Preparatória de Cadetes do Exército Cônego Milton Santana, em homenagem ao dissidente do regime militar.
Diante dessa aberração, um dos que estava à mesa bradou: “Que petulância! Das duas uma: ou os militares reconhecem que o outro lado está com a razão, ou são uns covardes de marca maior. Ora, por que não se defendem?”... De chofre, disse-lhe: não reconhecem, nem são covardes. E levei um bom tempo explicando-lhe, dentre outras coisas, que a hierarquia e a disciplina são os pilares das Forças Armadas; daí, talvez, o porquê de os militares se calarem. Não sei se o convenci. Creio que não. Porque também acho que o silêncio não é uma estratégia adequada.
Mas, e aí, tive ou não tive um bom motivo para descumprir a promessa?
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