terça-feira, 20 de maio de 2014

EXPLORAÇÃO TRABALISTA ATINGE MAIS AS MULHERES

 
Genebra, 20 mai (EFE).- O trabalho forçado rende lucros anuais ilegais de US$ 150 bilhões, afirma um estudo divulgado nesta segunda-feira pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que revela que mais da metade das vítimas são mulheres.O relatório se baseia em dados primários, não em estimativas e, pela primeira vez demonstra a correlação entre trabalho forçado e pobreza.
 
 
O trabalho forçado tem como base um elemento de coação, ou seja, exercer uma atividade sem consentimento prévio e sem a possibilidade de deixar de realizá-la.Segundo as estimativas mundiais da OIT, ao redor de 55% das vítimas são mulheres, já que em atividades como a exploração sexual comercial e o trabalho doméstico a grande maioria das vítimas são mulheres e meninas.
 
 
Além disso, outra das conclusões da OIT é que 44% das vítimas são migrantes, internos ou externos.Os novos números se baseiam nos dados da OIT divulgados em 2012 que estimavam o número de vítimas do trabalho forçado, do tráfico humano e da escravidão moderna em 21 milhões.
 
 
A grande maioria, 90%, se dá na economia privada, em contraposição à exploração exercida pelo Estado (trabalho carcerário não regulamento, recrutamento forçado de crianças no Exército, etc.).Os lucros gerados pelo trabalho forçado são ilegais por definição, lembra o estudo, que indica que esse tipo de atividade rende US$ 150 bilhões por ano.
 
 
Do total estimado, dois terços - US$ 99 bilhões -, vêm da exploração sexual comercial, enquanto US$ 51 bilhões da exploração forçada com fins econômicos, o que abrange o trabalho doméstico, a agricultura e outras atividades econômicas.Destes, o lucro gerado pelo trabalho forçado na agricultura, incluindo a silvicultura e a pesca, é estimado em US$ 9 bilhões por ano.
 
 
Esses números foram calculados em função da diferença entre o valor agregado correspondente ao trabalho e os salários efetivamente pagos às vítimas do trabalho forçado nesse setor.
 
 
Os lucros gerados na construção, indústria, mineração e outros serviços são estimados em US$ 34 bilhões de dólares por ano.O relatório considera, além disso, que os patrões de trabalhadores domésticos em condições de trabalho forçado economizam cerca de US$ 8 bilhões por ano com o não pagamento ou com um salário inferior ao devido.
 
 
Essas economias foram calculadas de acordo com a diferença entre o salário que o trabalhador doméstico deveria receber e o que realmente é pago às vítimas do trabalho forçado.O estudo indica que é possível estimar que os empregados domésticos em situações de trabalho forçado recebem em média 40% do valor que deveriam.
 
 
A região da Ásia-Pacífico é a que concentra o maior número de vítimas do trabalho forçado, cerca de 12 milhões de pessoas (56% do total), enquanto os países da Europa Central, Sudeste e Oriental (que não são membros da União Europeia) e a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) têm a maior taxa de prevalência com 4,2 vítimas por cada mil habitantes.
 
 
Em relação aos lucros anuais gerados pelo trabalho forçado, US$ 12 bilhões correspondem à América Latina.A principal conclusão do relatório é a correlação entre pobreza e trabalho forçado, pois a população pobre está mais sujeita a esse tipo de relação trabalhista.
 
 
EFECopyright (c) Agencia EFE, S.A. 2014(MSN/Estadão)

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